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Dia nacional da educação: Desafios e caminhos possiveis.

Por Thiago Abel com Blog professor Abel. 29/04/2022 10h10 - Atualizado em 29/04/2022 10h10
Por Thiago Abel com Blog professor Abel. 29/04/2022 10h10 Atualizado em 29/04/2022 10h10
Dia nacional da educação: Desafios e caminhos possiveis.
Dia nacional da educação. - Foto: Criação própria.

O dia 28 de abril é marcado como o dia mundial da educação e essa data exige uma pausa para refletirmos sobre os rumos que queremos para esse setor. Quais desafios temos pela frente, quantos problemas temos para resolver e qual o papel da escola nesse novo formato de sociedade que a pandemia nos impôs. Aqui seguem três pontos que considero cruciais.


1. Desigualdade e distância entre redes de ensino.


A desigualdade social aprofundada pela pandemia aumentou ainda mais a distância entre escolas públicas e privadas, as oportunidades que já eram escassas ficam ainda mais raras diante das carências (sobretudo financeiras) que muitos estudantes enfrentaram e enfrentam. Outro aspecto é saúde mental dos jovens em idade escolar que preocupa cada dia mais. As crises de ansiedade são cada vez mais rotineiras pelos corredores das unidades de ensino e muitas vezes nem a família, nem a escola possui as ferramentas necessárias para resolver essas demandas. O medo de errar, de fazer uma escolha ruim de profissão, decepcionar os pais, decidir sobre suas expectativas e as alheias, a reprodução de modelos sociais vigentes que são muitas vezes negativos e prejudicam até quem os reproduz são desafios que esses meninos e meninas precisam lidar diariamente. 


2. O impacto nos profissionais:


Os profissionais não escaparam ilesos. Em muitas instituições houve a redução de salários, o que acabou fazendo com que muitos orçamentos familiares ficassem ainda mais apertados, além daqueles que foram afetados pela redução de carga horária, uma soma de fatores que deságua na precarização da mão de obra. Profissionais que se submetem a trabalhar em empresas que não arcam com suas obrigações contratuais e não pagam salários minimamente dignos para seus colaboradores. Por outro lado, a falta de empatia de muitos gestores, pais e até alunos tornam os profissionais quase que máquinas, desprovidas de qualquer aspecto humano (medo, angústia, depressão, ansiedade). O professor não pode adoecer, se atrasar, estar cansado, desmotivado, triste, com problemas ou simplesmente em um dia ruim, ele deve ser integralmente forte pronto para encarar qualquer adversidade e seguir sua jornada “deixando todas as suas angústias do lado de fora da escola” como se isso fosse possível.


3: A radicalização dos discursos:


Os radicalismos ideológicos entraram pelo portão da escola e de lá insistem em não sair. A homofobia, o machismo, a misoginia, o racismo e uma horda de discursos de ódio (geralmente endossados por figuras políticas) fincaram presença na escola muitas vezes disfarçados de liberdade de expressão. Causa mais angústia o fato do professor nem sempre poder coibir algumas práticas ou mesmo orientar a luz da ciência, sob pena de ser uma má influência que está ali para doutrinar e não ensinar seus alunos e alunas.


E agora? Que escola queremos e que escola precisamos para encarar esses pontos de frente e partir de vez para a solução?

Sem dúvidas a ação do estado se ressignifica e ganha ainda mais importância. Projetos como os que garantiram a distribuição gratuita de kits de higiene intima para alunas na rede pública trazem novo alento e impactaram positivamente com aumento da frequência dessas meninas em sala.


A valorização de todo corpo docente é outra via que podemos apostar. Salários melhores, pagos em dia, condições de trabalho, qualificação profissional, investimento em educação financeira e programas de saúde voltados para os profissionais da área ajudariam e muito na qualidade do ensino.


Por fim, a inserção de disciplinas como projeto de vida, educação financeira e empreendedorismo, abrem um espaço de reflexão sobre visão de futuro, acolhimento e de segurança para que os estudantes não se sintam sós em suas angustias. Debates e projetos sobre inclusão, respeito a diversidade, participação política e equidade de gênero buscam fazer da escola um ambiente mais plural e propício ao debate saudável e guiado pela ciência e respeito.


É pra ontem essa mudança, mas infelizmente temos um longo, doloroso e caro processo pela frente. O que dá fôlego é ver que nem tudo está perdido, que a educação ainda é caminho para a mudança de vida de milhões de pessoas em todo o Brasil, e que a imensa maioria dos que tem na educação seu ofício e missão de vida estão engajados e esperançosos por dias melhores.

Professor Thiago Abel

Comunicação por instinto;
Professor de história e atualidades;
Especialista em Psicopedagogia;
De esquerda;
Defensor dos direitos humanos;

Em constante adaptação pra encontrar a melhor versão de mim mesmo.

Blog voltado pras questões atuais que nos afligem. Educação, política, comportamento e tudo mais que me inquietar a opinar.

Sintam-se em casa!

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