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Enem 2020: Incertezas, injustiças e o tal “e daí?”.

Por Thiago Abel. com Thiago Abel. 11/05/2020 19h07
Por Thiago Abel. com Thiago Abel. 11/05/2020 19h07
Enem 2020: Incertezas, injustiças e o tal “e daí?”.
Foto: FOTO: TYRONE SIU/REUTERS
 A partir desse dia 11 de maio de 2020 o Ministério da educação, por meio do Inep, abriu o prazo de inscrição para a participação no Exame Nacional do Ensino Médio – Enem. Prazo que segue até o dia 22 de maio de 2020. A plataforma de inscrição virtual pode ser acessada por computador ou smartphones pelos que desejam ingressar no ensino superior em 2021. Mas, e daí?
A frente do órgão mais importante da educação brasileira, Abraham Weintraub, tem se mostrado insensível e desconectado com a realidade que o país vive em meio a pandemia da Covid-19. Até o dia 11 de maio já são mais de 165 mil casos confirmados com o assustador resultado de 11 mil mortos, isso com fortes indícios de subnotificação da doença que impôs ao mundo inteiro medidas emergenciais.
Em várias redes sociais os jovens do país inteiro levantaram as famosas hashtags pedindo ao governo federal que revisse o calendário do exame diante dos impactos da pandemia nas atividades educacionais nas cinco regiões. Nesse momento, em nenhuma das cidades do país a educação presencial é realidade, a suspensão das mesmas é parte da estratégia de governadores e prefeitos para tentar conter o avanço dos casos e minimizar os danos. De acordo com o IBGE mais de 30% dos lares brasileiros não tem acesso a internet, realidade que inviabiliza de modo significativo a educação a distância, que se tornou uma possibilidade para as atividades pedagógicas. A crise gerada pela pandemia escancara ainda mais a desigualdade social existente em nossa nação, mas, a resposta do ministro é bem semelhante àquela que o presidente Bolsonaro deu ao ser questionado sobre o número de mortos pela covid-19: “e daí?”.
“Estude de casa”, “de qualquer jeito”, “como poder”, essas frases foram usadas na campanha de mídia produzida pelo governo para tentar convencer que acertou ao manter as datas previstas do Enem. Com esse discurso o ministério transfere a responsabilidade que seria dele de gerenciar a crise e encontrar soluções justas e acessíveis, aos estudantes, professores e gestores das escolas.
Ao ser questionado por senadores sobre o tema, o ministro reforça o seu “e daí?” ao afirmar que o Enem não é para corrigir injustiças e que existem pessoas que são mais inteligentes e outras que têm pouca inteligência, demonstrando seu total desconhecimento das complexidades que envolvem o mundo da educação, sobretudo pública, de onde vem em média 80% dos participantes do Enem.
O que podemos esperar do ministério da educação e de seu gestor? Como torcer para dar certo algo que já começa errado? Como acreditar que o Enem digital vai ser um sucesso se até na correção do Enem físico do ano passado houve erros? Como manter em cargo público, pago com o dinheiro do contribuinte um gestor que fecha os olhos para o fosso de desigualdade que insiste em não ser resolvido? Quantos “e daí?”, o povo brasileiro vai ouvir desse governo?

Professor Thiago Abel

Comunicação por instinto;
Professor de história e atualidades;
Especialista em Psicopedagogia;
De esquerda;
Defensor dos direitos humanos;

Em constante adaptação pra encontrar a melhor versão de mim mesmo.

Blog voltado pras questões atuais que nos afligem. Educação, política, comportamento e tudo mais que me inquietar a opinar.

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