Educação, ancestralidade e luta marcam trajetória de alagoanos na busca por igualdade racial
A campanha institucional do mês da Consciência Negra, lançada neste mês pelo Governo de Alagoas, celebra os 330 anos da morte Zumbi dos Palmares com o tema “Zumbi Vive em Nós”. E, para dar voz a quem é resistência, o vídeo contou com a participação de seis personalidades negras alagoanas: Vanda Menezes, Zezito de Araújo, Fátima Viana, Mãe Neide OyáDoxum, Socorro França, Celio Rodrigues/Babá Omitoloji.
Nesta última reportagem (confira a primeira parte https://alagoas.al.gov.br/noticia/conheca-personalidades-pretas-que-participaram-da-campanha-da-consciencia-negra), você pode acompanhar um pouco da história das três últimas personalidades da campanha. Três décadas dedicadas à educação e ao estudo afro-brasileira
O quarto personagem da campanha é Zezito de Araújo, que é professor, historiador e ativista, com graduação e mestrado em História pela Universidade Federal de Alagoas. No vídeo, Zezito conta que nasceu em São Luís do Quitunde, cujo nome Quitunde faz parte da história da população negra que veio organizar aqui o Quilombo dos Palmares, que é do povo Ambundo.
“Minha história começa a partir da década de 80, onde iniciei todo o trabalho do movimento negro aqui de Alagoas. Enquanto na universidade eu trabalhava na perspectiva acadêmica, de pesquisa, de ensino, no movimento negro, nós trabalhávamos a questão do combate ao racismo, através da educação”, conta Zezito.
Sua atuação acadêmica foi marcada pela luta e pela ampliação de parcerias. Ele dedicou quase três décadas à educação, utilizando-a como principal forma de resistência. Mestre em História, na conexão entre ativismo e docência, lecionou disciplinas que dialogam direta e intensamente com a temática afro-brasileira, a exemplo de Antropologia e História da África e Escravismo.
Também tem vasta produção intelectual, publicou artigos e capítulos sobre ações afirmativas, cultura negra, folclore, educação e quilombos, como em ‘O Negro e a construção do Carnaval no Nordeste’ (2003) e ‘Quilombo dos Palmares: negociações e conflito’ (2020). No percurso profissional e de vida, Zezito segue a contínua luta de contribuição, de colaboração e de ativismo.
A partir da aposentadoria, passou a se dedicar à educação básica com atuação na Secretaria de Estado da Educação de Alagoas (Seduc), em formação de profissionais sobre relações étnico-raciais e educação quilombola, conforme a Lei 10.639/2003. Zezito recebeu diversas honrarias e prêmios, como tradução do reconhecimento, com significados de vida: Comenda Ordem do Mérito dos Palmares (2005), Mérito Educativo Alagoano (2009) e Comenda Zumbi dos Palmares (2012).
“Uma criança, um jovem, um adulto e um senhor de Axé”
O Babá Omitoloji Célio Rodrigues é a quinta personalidade. Marcado pela luta e pela liberdade e direitos das práticas religiosas de matriz africana, sua participação no VT institucional reforça também o Quilombo como um espaço a se cultuar.
“Esse espaço é o grande espaço da liberdade para o mundo, não só para Alagoas, mas para o Brasil e para o mundo. Eu digo que eu fui um privilegiado. Eu nasci e me criei dentro do terreiro de Candomblé. Meus avós paternos tinham Candomblé e aí eu fui uma criança de Axé, eu fui um jovem de Axé, eu fui um adulto de Axé e hoje eu sou um senhor de Axé”, conta.
Célio Rodrigues é uma figura de destaque no contexto da ancestralidade e do axé, tendo colaborado com instituições como a Universidade Federal de Alagoas, compactuando com o compromisso da valorização da cultura afro-brasileira e a promoção do respeito e da autoestima dentro da comunidade.
“Nós fundamos o primeiro grupo afro de dança no estado de Alagoas, fundamos o primeiro Afoxé no estado de Alagoas, fundamos a primeira biblioteca dentro de um terreiro de Candomblé, fomos ponto de cultura lá em 2004, o primeiro ponto de cultura dentro de um terreiro de Candomblé. Por todos esses feitos, por tudo que a gente vem batalhando, militando, estruturando e organizando e mostrando para os nossos, puxando os nossos para essa compreensão de ancestralidade”, conta Célio.
Se hoje temos, é por que alguém lutou bravamente
A última personalidade negra que compõe a campanha institucional do Governo de Alagoas é a Maria do Socorro França, que é graduada em enfermagem pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Ela também já atuou na capacitação de gestores municipais de Saúde, componente dos conselhos municipais de Saúde e lideranças representativas quilombolas. Socorro é mulher negra, ativista do movimento negro e político. Hoje ela ocupa o cargo de assessora especial da Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Assistência Social (Seades).
No vídeo, Socorro conta sua trajetória e afirma: “Se hoje temos, alguém lutou para tal. Tudo começa no final dos anos 80, com o movimento negro, a Associação Cultural Zumbi. As cotas, que conquistamos. São vitórias do movimento negro. Eu ainda continuo no ativismo, eu sou a mulher ativista do movimento negro, político também. Meu trabalho é aumentar a autoestima do povo negro para que ele se sinta orgulhoso de serem negros e quilombolas, para que quando eles forem se inscrever no programa, digam que são quilombolas e passem a ter acesso aquelas políticas”, explica Socorro.
Confira os vídeos no youtube do Governo de Alagoas
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