Médica investigada por matar ex-marido em Arapiraca quebra silêncio e afirma que agiu em “legítima defesa”

Por Redação 17/11/2025 07h07
Por Redação 17/11/2025 07h07
Médica investigada por matar ex-marido em Arapiraca quebra silêncio e afirma que agiu em “legítima defesa”
Crime em Arapiraca - Foto: Josival Meneses de Souza/Portal Já é Notícia

A médica investigada pelo assassinato do ex-marido, o também médico Alan Carlos Cavalcante, concedeu uma entrevista a um Portal de Notícias de Maceió, em que apresentou sua versão sobre o crime que chocou Arapiraca no último domingo, 16.

Horas depois da ação registrada por câmeras de segurança em frente à Unidade Básica de Saúde do Sítio Capim, a suspeita afirmou que agiu “em legítima defesa” e que temia ser morta pelo ex-companheiro, de quem possuía medida protetiva.

A Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso e trabalha com a hipótese de que o crime teria sido motivado pela revolta da médica após a absolvição recente de Alan em um processo de estupro de vulnerável envolvendo a filha do casal — denúncia feita por ela em 2024. O episódio ganhou novos contornos após o médico conquistar o direito de visitas semanais, o que, segundo relatos, teria deixado a ex-companheira inconformada.

Na entrevista, a médica revisitou todo o histórico do relacionamento e a denúncia de abuso contra a filha. Ela afirma que decidiu procurar as autoridades após flagrar sinais de sofrimento da criança e ouvir alertas de funcionárias da escola.

Segundo seu relato, a delegada responsável pelo caso de abuso concluiu que havia elementos suficientes para apontar o médico como autor, encaminhando o processo para a 1ª Vara de Arapiraca. A suspeita afirma que o juiz não teria visualizado provas enviadas em links pela defesa e, apesar da oitiva especial da criança, Alan acabou absolvido. A decisão, diz ela, gerou medo, revolta e sensação de injustiça.

A médica também destaca que recebia ameaças do ex-marido e de um primo dele, que estaria foragido. Ela afirma que possuía medida protetiva contra ambos, concedida após episódios de intimidação. Segundo seu depoimento, dias antes do crime, o mesmo primo foi visto próximo ao posto de saúde onde ela trabalha, situação que levou a Patrulha Maria da Penha a ser acionada.

Sobre o dia do homicídio, a suspeita diz que estava a caminho da cabeleireira quando, ao virar uma esquina, viu o carro de Alan estacionado próximo à sua casa, junto com a cunhada. Ela afirma ter acreditado que seria vítima de uma emboscada.

De acordo com seu relato, o medo a levou a descer do carro antes de passar pelo veículo do ex-marido. “Eu achei que ele ia me matar. Ele não podia estar ali. Eu tinha medida protetiva. Ele estava me esperando”, afirmou. A médica diz que se assustou com um “movimento brusco” do ex-marido e disparou várias vezes, sem saber quantos tiros efetuou.

Nas imagens que circulam nas redes sociais, Alan aparece dentro do carro estacionado enquanto uma motociclista — que seria cunhada da suspeita — aguarda do lado de fora. Em seguida, a médica chega em outro veículo, se aproxima, troca algumas palavras e dispara várias vezes contra o ex-marido. O médico ainda tenta dar partida para fugir, mas perde o controle do carro e morre instantes depois.

As câmeras também mostram discussões entre a autora e a irmã da vítima durante a cena.

Após o homicídio, a suspeita fugiu em seu Jeep Compass com medo de ser linchada pela população. Ela afirma que pretendia se apresentar à Delegacia de Homicídios de Maceió acompanhada de seu advogado, mas acabou interceptada pela ROTAM na capital. Segundo a Polícia Militar, ela estava com a arma usada no crime e foi autuada em flagrante.