Seleção jogou nove vezes contra a Bolívia na altitude e só ganhou três

Por Redação com UOL 08/09/2025 19h07
Por Redação com UOL 08/09/2025 19h07
Seleção jogou nove vezes contra a Bolívia na altitude e só ganhou três
Seleção Brasileira - Foto: Assessoria

O Brasil jogará nesta terça-feira (09) numa cidade onde os aviões não aterrissam, estacionam. El Alto receberá pela primeira vez a seleção brasileira. É a cidade onde está localizado o aeroporto que serve à capital, La Paz. Dos seus 4.150 metros de altitude, normalmente as delegações de futebol desciam para jogar a 3.640, no estádio Hernando Siles.

A estreia do Brasil em La Paz aconteceu em 1963, na Copa América. Mas a CBD enviou para a competição um combinado café com leite, jogadores de times mineiros e de pequenas equipes do interior paulista. Marcial, goleiro do Atlético, Massinha, lateral do Cruzeiro, Almir, meia do Taubaté, Ílton Chaves, médio do América-MG. Exceção era Flávio Minuano, centroavante do Internacional, com 19 anos.

Vitória contra a Colômbia, derrotas para Paraguai e Argentina. Na última rodada, o Brasil perdeu para a Bolívia por 5 x 4. Os bolivianos ganharam seu único torneio sul-americano dirigidos pelo técnico brasileiro Danilo Alvim.

A história da seleção brasileira verdadeira em solo boliviano começou em 1979, e tem três vitórias, dois empates e quatro derrotas. Aos poucos, o time foi conhecendo as melhores estratégias para chegar à cidade sem sentir os efeitos da altitude. Demorou.

Em 1979, Zé Sérgio foi substituído por Juary por passar mal, Zico não conseguiu entrar em campo, o zagueiro Oscar contou diversas vezes seu mal estar: "Joguei com muita dor de cabeça", lembra o defensor, titular nas Copas de 1978 e 1982, reserva em 1986. O Brasil perdeu por 2 x 1.

Na visita seguinte, eliminatórias de 1981, Telê Santana e o preparador físico Gilberto Tim elaboraram um plano ousado. Foram subindo aos poucos. Amistoso com empate em Bogotá, 1 x 1 contra a Colômbia, a 2.500 metros de altitude. Dali até Caracas, sem altitude, para estrear nas eliminatórias contra a Venezuela ganhando por 1 x 0.

Dali para Quito, 2.800 metros de altitude, goleada por 6 x 0 num sábado de Carnaval, marcado pelo incêndio no edifício Grande Avenida, em São Paulo. Chegada a La Paz no dia do jogo para ganhar por 2 x 1, direito a golaço de Reinaldo. Ninguém passou mal.

Depois do sorteio dos grupos das Eliminatórias, ainda em 1979, o então técnico da seleção, Cláudio Coutinho, previu que a única dificuldade seria jogar na Bolívia: "Mas até lá já teremos a experiência da Copa América e saberemos qual a melhor estratégia." Perdeu na Copa América, venceu nas Eliminatórias.

Mas o trauma persistiu a ponto de a CBF agir nos bastidores e combinar com a Federação da Bolívia levar para Santa Cruz de la Sierra o jogo das Eliminatórias seguintes, em 1985. Vitória brasileira por 2 x 0. Foi diferente em 1993, primeira derrota do Brasil em fase de classificação para a Copa do Mundo. Taffarel defendeu pênalti de Erwin Sánchez e fez gol contra, colocando para dentro de sua própria meta um chute cruzado de Echeverry. Foi o jogo em que Zetti foi acusado de usar cocaína e absolvido do caso de doping com o argumento de que tomou chá de coca para se proteger dos efeitos da altirude.

A seleção venceu em La Paz a final da Copa América de 1997, contra a Bolívia, chegando horas antes da partida, vindo de Santa Cruz de la Sierra onde disputou as demais partidas da competição. Perdeu em 2001, com Felipão, em 2009, com Dunga, e só voltou a ganhar em 2022, com Tite: 4 x 0. O mais contundente de todos os triunfos.

Daquele grupo, seguem Alisson, Marquinhos, Bruno Guimarães, autor de um gol, Paquetá, de outro, e Richarlison, que marcou duas vezes. Só que, desta vez, o palco não será La Paz. O Municipal de El Alto fica a apenas 12 quilômetros de distância do Hernando Siles, mas tem 510 metros de altitude a mais do que a capital.

A vantagem é que o Brasil chega à última rodada classificado para a Copa. O risco é que a Bolívia precisa vencer para ter chance de ir à repescagem e ainda lutar para estar no Mundial do ano que vem.