Há 31 anos, Brasil encerrava o jejum e se sagrava tetracampeão mundial

O Brasil nunca tivera o título de “País do Futebol” tão contestado como em 1994. Já se somavam 24 anos sem conquistar a Copa do Mundo e a bola que a Seleção Brasileira jogava não encantava como na década passada. Poucos apostavam que aquele time quebraria o incômodo jejum – e a desconfiança foi a força motriz para que a geração comandada por Carlos Alberto Parreira enfim colocasse a tão esperada quarta estrela na camisa amarela mais famosa do mundo.
Em 1994, o esporte no Brasil era mais sinônimo de apreensão do que alegria. O Brasil chegava à Copa do Mundo após se classificar na última rodada e tanto o povo como a imprensa não viam lá tantos motivos para se crer que a Seleção quebraria o jejum de 24 anos sem conquistas mundiais. Para completar, o grande ídolo nacional da época, Ayrton Senna, morrera pouco antes do início do mundial nos Estados Unidos. O posto de ídolo nacional estava dolorosamente vago, mas candidatos improváveis silenciosamente preparavam-se para ocupá-lo.
O comando técnico era de Carlos Alberto Parreira, que tinha como fiel escudeiro Mário Jorge Lobo Zagallo, campeão do mundo como jogador em 1958 e 1962 e treinador em 1970 – e supersticioso notório. Aquela seria a primeira edição de Copa do Mundo disputada fora da América do Sul ou Europa. E logo nos Estados Unidos, país sem grande tradição no esporte bretão. Oportunidade perfeita para formar público e difundir o futebol para novas gerações.
A Seleção Brasileira estreou no dia 20 de junho de 1994 contra a Rússia. O jogo nem havia começado e o goleiro russo Kharin já havia cometido sua primeira falha: disse que não lembrava de Romário, apesar de terem se enfrentado na final olímpica de Seul, vencida pela então União Soviética, mas com o Baixinho descontando para o Brasil. O camisa 11 comentou a declaração e prometeu que após o jogo o russo se lembraria. E cumpriu, como é de seu feitio, marcando o primeiro gol da vitória de 2 a 0 na estreia brasileira. O outro foi de Raí, de pênalti.
Na primeira fase, o Brasil ainda venceu a Seleção de Camarões, por 3 a 0 (gols de Romário, Márcio Santos e Bebeto) e empatou com a Suécia em 1 a 1 (mais um de Romário), classificando-se em 1º no Grupo B e tendo como adversário justamente os donos da casa nas oitavas de final. O que poucos esperavam era o quanto os Estados Unidos dificultariam o jogo, marcado justamente para o dia 4 de julho, quando os americanos celebram o Dia da Independência.
Sob um sol inclemente, Brasil e Estados Unidos entraram em campo em Palo Alto, na California. O jogo já se mostrava tenso desde o início e a zebra começava a se desenhar quando o lateral direito Leonardo acertou uma cotovelada no meio campista Tab Ramos, que puxava sua camisa. O brasileiro levou o vermelho direto e a Seleção ficou com um a menos em campo. Mas neste dia, o artilheiro viraria garçom. Romário recebeu no meio de campo, deixou um marcador para trás e conduziu a bola até a entrada da área, onde achou um espaço e tocou para Bebeto, que ajeitou o corpo e bateu cruzado, no canto direito de Meola. A bola entrou mansamente no pé da trave, batendo na lateral da rede e subindo até o topo. Na comemoração, o camisa 7 se declarou ao Baixinho: “eu te amo”, disse, emocionado. Final de jogo, 1 a 0 para o Brasil.
A Holanda seria o adversário das semifinais. A cidade de Dallas sediou o primeiro confronto de Copa do Mundo entre duas das mais revolucionárias escolas do futebol. E o jogo valeu cada minuto, mesmo os do primeiro tempo, que não teve gols apesar da intensa movimentação dos times. Em compensação, na segunda etapa, choveu emoção. Começando com um contra-ataque fulminante: Aldair interceptou uma bola na defesa e lançou Bebeto na ponta esquerda com precisão. O camisa 7 cruzou na medida para Romário, que ajeitou o corpo para dar um toque sutil com a ponta dos pés e abrir o placar.
A dupla funcionaria novamente minutos depois. Branco tira uma bola da defesa, jogando na direção de Romário, impedido. O camisa 11 não participa do lance e Bebeto aproveita a bola e a desatenção da defesa para invadir a área, driblar o goleiro, marcar o segundo e embalar o neném, uma das comemorações icônicas deste Mundial. Parecia tudo definido, mas a Holanda diminui um minuto depois do gol de Bebeto, com Bergkamp, e igualou com Winter dez minutos depois. Quem definiu a classificação brasileira foi o lateral esquerdo Branco, que cobrou uma falta da intermediária e achou o canto esquerdo do gol. Romário precisou fazer contorcionismo com o corpo para não desviar a bola que buscava a meta.
As semifinais foram uma reedição do único jogo que o Brasil não havia vencido. A Suécia tinha um time forte e o folclórico goleiro Ravelli, que provocou o Brasil debochando da baixa estatura de Romário, dizendo que o pegaria com uma rede de pescar. Mas foi o “peixe” Romário que o fisgou pela boca, marcando o único gol do jogo – de cabeça, entre dois zagueiros bem mais altos.
O Brasil estava na final, apesar de toda desconfiança inicial. E o último capítulo não poderia ser mais apoteótico: frente a frente estavam as duas seleções tricampeãs mundiais, Brasil e Itália, em um duelo que valia a hegemonia do futebol. O respeito mútuo era tanto que a partida terminou em um 0 a 0 eletrizante, mas com cenas memoráveis, como o beijo de Pagliuca na trave após a bola escapar de suas mãos e parar no poste, ou o gol que Romário considera o “mais perdido” de sua carreira, no segundo tempo da prorrogação.
Pela primeira vez, a Copa do Mundo seria decidida nos pênaltis. Baresi iniciou a sequência isolando a bola por cima do gol de Tafarel, um bom presságio. Mas Márcio Santos parou em Pagliuca em seguida. Albertini marcou para a Itália e Romário também converteu o seu. Evani fez e Branco igualou novamente. Na quarta rodada, Taffarel pegou o pênalti de Massaro e o capitão Dunga colocou o Brasil na frente. Baggio foi para a quinta cobrança e fechou a disputa da mesma forma que Baresi começou, mandando para a arquibancada a bola que deu ao Brasil seu quarto título mundial.
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