VÍDEO: Saiba quem é o mini pastor paraibano de 13 anos que está viralizando nas redes sociais

Com 13 anos, Moisés Andrade fala com a firmeza de quem carrega no peito uma missão. Natural de João Pessoa (PB), o menino de sorriso tímido e discurso cheio de entusiasmo diz ter recebido um chamado de Deus quando tinha apenas seis anos de idade. “Deus colocou no meu coração e falou: ‘Moisés, eu te escolhi desde o ventre da sua mãe. Eu te escolhi para adorar e glorificar o meu nome'”, lembra com nitidez o adolescente, que se tornou conhecido nas igrejas pentecostais por suas mensagens curtas, fervorosas e cheias de citações bíblicas.
Moisés nasceu com problemas respiratórios e passou 1 mês e 16 dias internado na UTI. Sua mãe, conta Moisés, diante do risco e do medo de perder o filho recém-nascido, fez um voto com Deus: se ele sobrevivesse, ela o consagraria ao Senhor. Moisés não apenas sobreviveu, como se tornou, anos depois, um jovem pregador e cantor gospel com milhares de seguidores nas redes sociais – no Instagram, ele conta com 460 mil seguidores.
Helena Andrade Silva é mãe solo de Moisés e de mais uma criança. Como a maioria das mães que vive essa realidade no país, Helena precisa se dedicar a dois empregos — às vezes mais, afirma Moisés — e é uma grande incentivadora e referência para o filho. Moisés foi acompanhado na entrevista por seu produtor, já que a mãe estava em um de seus trabalhos, como serviços gerais. A relação com o pai, que tem mais quatro filhos, no entanto, é distante e com pouco envolvimento.
O apoio da família é fundamental. A avó é mencionada como exemplo de fé e oração. Já a mãe e a tia, que o acompanham nas viagens, estão ao seu lado em cada passo. Desde que foi descoberto por Robson Ribeiro, da RN Gospel, Moisés passou a ser agenciado e contou com apoio para mudar de escola e ter acompanhamento mais próximo. Hoje, ele estuda em uma escola particular com mensalidades cobertas pela produtora e afirma com orgulho: “Sou um bom aluno, não converso durante a aula, sento na frente”.
Moisés é torcedor do Náutico e do Barcelona, gosta de andar de bicicleta e jogar bola com os amigos. Ou seja, fora do púlpito da igreja, garante viver normalmente como qualquer criança de sua idade.
Na escola, sua matéria preferida é ciências, enquanto geografia e matemática não o encantam tanto assim. Além de pregador, está investindo na carreira musical. Já lançou a canção “Deixa Ele te guiar” e prepara para maio a nova música, “Escolhido para Adorar”, ambas escritas por seu produtor.
Diz usar uma Bíblia de Estudo para preparar suas mensagens, que duram, em média, nove minutos. Antes da entrevista, contou ter lido Mateus 4 — a tentação de Jesus no deserto. Seu texto bíblico favorito, que recita com facilidade, é o Salmo 91. Entre suas principais referências estão o pastor José Carlos de Lima, conhecido nome da Assembleia de Deus e seu conselheiro espiritual, além dos cantores Jefferson Rufino e Fernandinho.
Os convites para ministrar chegam de várias partes do país, mas a agenda de Moisés é cuidadosamente organizada. Segundo Robson Ribeiro, ele não participa de eventos em épocas de prova e não assume o papel de pregador principal. O produtor reforça: “Não é a mensagem principal, ele ainda não tem um curso de teologia”. O menino, que ainda nunca andou de avião, está animado com a primeira viagem interestadual marcada para setembro, quando vai pregar no interior de Minas Gerais.
As críticas ao fato de crianças pregarem não o abalam. O produtor, com quem caminha junto, rebate: “Deus fez até uma jumenta falar, então por que não uma criança? Por que duvidar da unção das crianças?”.
Quando questionado sobre quem ele é, Moisés não hesita: “Sou um pregador da Palavra de Deus, canto louvores e sou grato a Deus por tudo que Ele fez por mim”. Sobre o futuro, sonha em ser pastor, mas, se isso não acontecer, gostaria de ser advogado. Seu maior desejo? “Ver minha família feliz, comprar uma casa para minha mãe e viajar o mundo pregando”.
Embora a história de Moisés encante e mobilizem multidões, teólogos e estudiosos chamam atenção para os riscos dessa exibição precoce e do lugar simbólico que as crianças ocupam nesse contexto.
Riscos à infância e uso inadequado da religião e da teologia
Para Kenner Terra, pastor batista e doutor em Ciências da Religião, a figura do pregador mirim desperta preocupações importantes.
Ele ressalta que a experiência religiosa sempre teve em seus proclamadores uma fonte significativa de orientação espiritual, mas pondera: “Mesmo que a capacidade do pregador não seja medida por sua idade, é comum que uma criança não tenha a formação necessária para ocupar esse lugar, o que sempre representará um risco, especialmente para a criança que está numa fase que exige cuidados e proteção.”
Kenner chama atenção para o fato de que o fenômeno envolve diferentes faixas etárias, que vão desde crianças de 8 ou 10 anos até adolescentes. “Quanto mais jovem, menor o repertório, o que acaba levando-os à imitação dos adultos. Repetem a voz, a roupa e até os trejeitos”, observa. Segundo ele, esse comportamento pode gerar distorções da própria infância: “Certa vez, ouvi um menino de 8 anos no púlpito, de gravata e terno, falando em adultério e infidelidade conjugal. Isso é no mínimo um tipo de desconfiguração da infância.”
Ele também alerta para os efeitos teológicos e pedagógicos do fenômeno. Ao ocupar um lugar de autoridade no ambiente religioso, mesmo sem maturidade ou base sólida de formação, as crianças acabam reforçando ideias com pouca profundidade teológica ou até com erros interpretativos. “Obviamente, isso não é exclusividade dos pregadores mirins”, pondera Kenner. “Mas acredito que o fenômeno represente certos riscos, alguns deles já percebidos publicamente.”
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