Morre Evanildo Bechara, um dos maiores gramáticos do Brasil, aos 97 anos

Morreu nesta quinta-feira (22), aos 97 anos, o professor, gramático e filólogo Evanildo Bechara. Internado no Hospital Placi, em Botafogo, ele teve falência múltipla dos órgãos. A morte foi confirmada pela Academia Brasileira de Letras (ABL), instituição da qual Bechara fazia parte desde 2001. O velório será nesta sexta-feira (23) no Petit Trianon da ABL, no Centro do Rio.
Nascido em Recife, em 1928, Bechara era uma das mais influentes figuras da gramática, referência para gerações de pesquisadores e professores da área.
Em janeiro, a Nova Fronteira lançou uma edição comemorativa dos 40 anos de "A Moderna gramática portuguesa", um de seus livros mais importantes. Desde 2023, a editora vinha reeditando algumas de suas principais obras, como “Lições de português pela análise sintática”, um clássico manual de análise sintática adorado por professores. Trazendo uma seleção de exercícios que vão do simples ao complexo, ela serve como um manual de aperfeiçoamento na prática de conceitos fundamentais da sintaxe.
Ex-professor titular da UFF e da Uerj, Bechara resumiu a sua contribuição para a gramática e a filologia em sua última entrevista para a imprensa, publicada no GLOBO em dezembro de 2023,:
— Em primeiro lugar, foi a sistematização. Porque havia muita informação separada, mas não havia um trabalho de conjunto. Minha preocupação foi estabelecer um relacionamento entre a pesquisa científica e os resultados dessa pesquisa na orientação dos livros didáticos.
Nos últimos anos, Bechara enfrentava problemas na vista e gradualmente se afastou de suas funções como presidente da Comissão de Lexicologia e Lexicografia da ABL, que, além de compilar novos vocábulos, também produz o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) e o Dicionário da Língua Portuguesa (DLP), disponíveis no site da instituição.
Ainda adolescente, Bechara descobriu a lexeologia, área que estuda tanto o léxico de uma língua quanto o contexto histórico e cultural em que ela é falada. Ao longo de décadas, acompanhou de perto as metamorfoses da língua.
Seu colega de ABL, o filólogo Ricardo Cavaliere lembra de quando deu carona para o mestre e este encucou com os estrangeirismos do aplicativo de navegação Waze instalado no veículo.
— A vozinha do Waze avisou que havia um radar de velocidade “reportado” à frente — lembra Cavaliere. — “Esse ‘reportado’ é uma importação, né?”, notou Bechara. A voz teimava em repetir a palavra, e ele começou a implicar: “Será que ela não vai parar de falar nunca?”
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