Em depoimento à Polícia Federal, Bolsonaro não soube dizer se é cisgênero

Por Redação, com UOL 23/02/2024 08h08 - Atualizado em 23/02/2024 08h08
Por Redação, com UOL 23/02/2024 08h08 Atualizado em 23/02/2024 08h08
Em depoimento à Polícia Federal, Bolsonaro não soube dizer se é cisgênero
Bolsonaro - Foto: Reprodução

Jair Bolsonaro compareceu ontem na Polícia Federal orientado a ficar em silêncio. A única questão que ele se dispôs a esclarecer ficou sem resposta. Questionado se é cis (cisgênero), o ex-presidente falou que não sabe o que isto significa.

Esse tipo de informação é solicitado na hora de preencher a ficha do depoente. O procedimento burocrático é feito antes das perguntas sobre o fato investigado e é acompanhado do recolhimento de dados pessoais.

Ocorre que o ex-presidente não soube dizer se é ou não cis. O termo se refere à pessoa que se identifica com o gênero que lhe foi atribuído no momento do nascimento.

Bolsonaro foi considerado homem ao nascer. Ser cis significa que o ex-presidente se reconhece como um adulto do sexo masculino. É diferente de ser hétero, expressão que classifica quem sente atração sexual por indivíduos do sexo oposto ao seu.

O que Bolsonaro não disse

O ex-presidente foi convocado para responder sobre suspeitas de que teria planejado um golpe. As perguntas foram feitas por policiais federais na sede da corporação, em Brasília.

Bolsonaro exerceu o direito de ficar calado. Paulo Cunha Bueno, seu advogado, justificou essa conduta dizendo que não teve acesso aos elementos colhidos pela investigação e, sem a íntegra da apuração, não pode elaborar a defesa.

O advogado chamou a investigação de "semissecreta". Cunha Bueno deseja acesso à delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e aos vídeos, áudios e mensagens colhidos nos celulares e computadores dos investigados.

Além do ex-presidente, outras 21 pessoas foram chamados a comparecer na PF. A tática de convocar todos ao mesmo tempo é para evitar combinação de respostas.

A lista de depoentes inclui ex-ministros, ex-assessores pessoais e militares de alta patente. Boa parte repetiu Bolsonaro e também ficou em silêncio.

Uma exceção foi o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Ele ficou na sede da PF por cerca de cinco horas. Seu advogado declarou que o cliente está disposto a colaborar com as investigações.

Mas ele descarta delação premiada. Torres foi preso na sequência do 8 de Janeiro. A primeira minuta golpista encontrada pelos investigadores estava na casa dele.

Presidente do PL, Valdemar da Costa Neto também respondeu as perguntas. Ele ficou na sede da PF durante cerca de três horas e meia e saiu sem dar entrevistas.

O silêncio de Bolsonaro diante da PF contrasta com sua atitude fora do âmbito das investigações. O ex-presidente convocou um ato para São Paulo no próximo domingo. No evento, ele pretende se defender das acusações, justamente a oportunidade da qual abriu mão ontem.