Inep reforça fiscalização e vai monitorar redes sociais para coibir vazamentos no 2º dia de prova
Uma semana após acionar a Polícia Federal para investigar a divulgação de imagens da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) antes do horário permitido, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) prepara um reforço na fiscalização no segundo dia de avaliações, realizados neste domingo. O foco será na orientação dos fiscais para, por exemplo, coibir que candidatos entrem com celular no local de prova, além do monitoramento das redes sociais para identificar rapidamente eventuais vazamentos.
Responsável pelo Enem, o Inep destacou que todos os profissionais envolvidos no processo passaram por treinamento para evitar episódios como o do último domingo. As orientações transmitidas nas capacitações são sigilosas. Segundo o órgão, qualquer circulação de imagens de questões da prova antes do horário resultará na abertura de nova investigação pela PF.
— Nós temos uma estrutura de monitoramento ativo e de inteligência, em articulação com a Polícia Federal e com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, que nos permite realizar monitoramento ativo em redes sociais, deep web e dark web de qualquer situação suspeita. Quando algo suspeito é identificado, a Polícia Federal já começa a atuar em diligência para realizar investigação — disse o coordenador de logística da aplicação, Samuel Souza.
No primeiro dia, a prova mobilizou 31,4 mil profissionais de segurança pública de todo o Brasil. Entre eles, servidores de órgãos federais, estaduais e municipais que atuam nas gráficas que emitem a prova, na escolta de malotes, na distribuição, nos locais de armazenamento e na realização do certame.
A atuação envolve também a participação da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Ministério da Defesa e Correios, além de órgãos estaduais, como secretarias de Segurança Pública e polícias Militar e Civil. Segundo o Ministério da Justiça, no segundo dia de aplicação, o efetivo deve ser mantido.
No último domingo, o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que a PF fez duas diligências para identificar a origem da divulgação antecipada dos cadernos do exame. Uma delas em Pernambuco e a outra no Distrito Federal. Segundo ele, o vazamento ocorreu após o fechamento dos portões dos locais das provas e não prejudicou a realização do teste.
A aposta do MEC é que o caso se trata do uso de celular pelos alunos, mas a investigação aberta pela PF ainda não identificou os responsáveis pelas imagens divulgadas. No primeiro dia de exame, 4.293 participantes foram eliminados por motivos como portar equipamento eletrônico, deixar a sala de aplicação antes do horário permitido (15h30), usar impressos durante a prova ou por não atender alguma das orientações dos fiscais.
Na série histórica registrada pelo MEC desde 2015, o número de eliminações no primeiro dia de exames neste ano é menor apenas que as notificações das edições de 2022 (4.682 eliminações) e 2020 (4.379).
Professores de cursinhos preparatórios para o Enem disseram ao GLOBO ser “normal” o recebimento de questões da prova e dos textos motivadores da redação antes das 18h30 — horário em que os candidatos são liberados a sair da sala com o caderno em mãos.
— É comum. Todos os anos o PDF da prova já é liberado algumas horas depois do início. Os candidatos já estão lá dentro, então não há possibilidade que eles tenham contato. Nós já ficamos ansiosos pela liberação para ver a prova mesmo — relatou a professora do curso pré-vestibular Plural, Lícia Quinan.
Neste domingo, os estudantes fazem prova de Ciências da Natureza e suas tecnologias, e de Matemática e suas tecnologias.