Tenente-coronel acusado de torturar policial alagoano até a morte fica livre de punição após prescrição da sentença em MT

Por redação com G1/AL 26/06/2023 20h08
Por redação com G1/AL 26/06/2023 20h08
Tenente-coronel acusado de torturar policial alagoano até a morte fica livre de punição após prescrição da sentença em MT
Abinoão Soares de Oliveira, de 34 anos, morreu afogado durante um treinamento ocorrido em abril de 2010, em Mato Grosso - Foto: Reprodução

Uma nova decisão da Vara Criminal de Cuiabá determina que o tenente-coronel Dulcézio Barros Oliveira não pode mais ser punido no caso da morte do policial alagoano Abinoão Soares de Oliveira. Ele tinha sido condenado por maus-tratos ao policial, em 2010.

Abinoão Soares, de 34 anos, morreu afogado durante um treinamento militar no Lago do Manso, em Cuiabá. [saiba mais abaixo]

Segundo testemunhas, o policial foi afundado na água várias vezes. Ele foi socorrido, mas não resistiu.

O Ministério Público denunciou abusos de oficiais do Bope de Mato Grosso que atuaram no curso de formação de agentes que operam aeronaves.

O tenente-coronel Dulcézio Barros, que era o instrutor do treinamento, foi condenado a seis anos de prisão em regime semiaberto, além da perda de patente e do cargo público. Depois, a pena foi reduzida a dois anos e quatro meses em regime aberto. O g1 não localizou a defesa dele.

O Ministério Público denunciou os réus por tortura seguida de morte, mas o Conselho de Justiça Militar e o Tribunal de Justiça mudaram a qualificação do crime para maus-tratos, e como passou muito tempo, mais de dez anos, a sentença prescreveu. Na prática, o tenente-coronel está livre de punição.

O caso

Abinoão morreu no dia 24 de abril de 2010. Ele tinha viajado de Alagoas a Cuiabá para participar de um treinamento para Tripulante Operacional Multi-Missão, realizado pela então Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MT).

O militar passou mal depois de levar um 'caldo' na lagoa onde foi feita uma atividade de resistência, na MT-351, conhecida como estrada de Manso.

Um ano depois, o Ministério Público Estadual ofereceu denúncia contra 29 policiais militares e pediu a prisão preventiva de sete deles.

Em 2016, a Corregedoria da Polícia Militar em Mato Grosso mandou prender administrativamente 11 policiais, sendo seis oficiais e cinco praças, pela morte do soldado.

Em março de 2017, o estado foi condenado a pagar indenização de R$ 210 mil para a viúva e os dois filhos do policial militar.

Além disso, o estado ainda deverá pagar à família indenização de pensão por morte no valor de R$ 1.818,56 (salário que o PM recebia, à época), valor que será dividido entre a viúva e os filhos. A companheira deverá receber o valor até a data em que o marido completaria 65 anos e os dois filhos, até completarem 24 anos cada um.

Entenda

No dia do treinamento, além de Abinoão, outros três alunos passaram mal após a atividade.

Todos foram socorridos por uma equipe do Corpo de Bombeiros que estava no local para prevenção e foram levados ao Pronto-Socorro de Cuiabá, mas Abinoão não resistiu.

A capacitação tinha como objetivo qualificar os alunos para atuar em aeronaves no atendimento de ocorrências policiais, de resgate, busca e salvamento, combate a incêndio, entre outras ações. Participavam do curso 25 policiais militares e civis, e bombeiros de nove estados da federação, com carga horária de 540 horas/aula, em dois meses e meio de duração.

Abinoão ingressou na corporação alagoana em 2002 e estava cedido para a Força Nacional de Segurança desde 2008. Ele deixou a mulher e três filhos. O evento foi organizado pelo Centro Integrado de Operações Áéreas (Ciopaer).