Quatro morrem em incêndio em prisão com presos políticos e de dupla nacionalidade no Irã

Por redação com G1 16/10/2022 08h08
Por redação com G1 16/10/2022 08h08
Quatro morrem em incêndio em prisão com presos políticos e de dupla nacionalidade no Irã
Incêndio começa em prisão com presos políticos e de dupla nacionalidade no Irã - Foto: REUTERS

Quatro pessoas morreram e 61 ficaram feridas por conta de um incêndio em uma prisão política em Teerã, no Irã, neste sábado (15).

O incêndio aconteceu na prisão de Evin, onde muitos presos políticos e de dupla nacionalidade estão detidos. Testemunhas relataram ter ouvido tiros.

O incêndio acontece em meio a uma onda sem precedentes de protestos que eclodiram por conta da morte de Mahsa Amini, iraniana curda de 22 anos presa por "uso inadequado" do véu islâmico, obrigatório para mulheres no país.

A população tem se manifestado, inclusive, contra o Aiatolá Ali Khamenei, Líder Supremo do Irã.

Segundo um comunicado do judiciário do país, uma oficina na prisão foi incendiada "depois de uma briga entre vários prisioneiros condenados por crimes financeiros e roubo". O corpo de bombeiros de Teerã disse à mídia estatal que a causa do incidente está sob investigação.

"As estradas que levam à prisão de Evin foram fechadas ao trânsito. Há muitas ambulâncias aqui", disse uma testemunha à agência de notícias Reuters. "Ainda assim, podemos ouvir tiros."

Outra testemunha disse que famílias de prisioneiros se reuniram em frente à entrada principal da prisão. "Eu posso ver fogo e fumaça. Muitas forças especiais", afirmou.


Um oficial de segurança disse que a calma havia sido restaurada na prisão, mas uma das testemunhas afirmou que as sirenes das ambulâncias ainda podiam ser ouvidas e a fumaça ainda pairava sobre a prisão. "Pessoas de prédios próximos estão cantando 'Morte a Khamenei' de suas janelas", relatou.

A prisão mantém principalmente detidos que enfrentam acusações de segurança, incluindo iranianos com dupla nacionalidade. A Human Rights Watch acusa as autoridades da penitenciária de ameaçar torturar e de prender as pessoas por tempo indeterminado, além de conduzir longos interrogatórios e de negar assistência médica aos detentos.

"Nenhum prisioneiro de segurança [político] esteve envolvido no confronto de hoje entre prisioneiros, e basicamente a ala para detentos de segurança é separada e longe das alas para ladrões e condenados por crimes financeiros", disse um funcionário não identificado à agência de notícias Tasnim.