Restos mortais de alagoana desaparecida há 8 anos são localizados em Minas Gerais

30/08/2022 16h04 - Atualizado em 30/08/2022 17h05
30/08/2022 16h04 Atualizado em 30/08/2022 17h05
Restos mortais de alagoana desaparecida há 8 anos são localizados em Minas Gerais
Restos mortais da mulher foram identificados pela Polícia Cientifica de Alagoas, após a inserção dos perfis genéticos do filho e da mãe dela no Banco Nacional de Perfis Genéticos - Foto: Ascom POLC

A espera angustiante de uma família sobre a localização da alagoana Mary Valdilene dos Santos Soares, desaparecida em 2014, chegou ao fim esta semana. Os restos mortais da mulher foram identificados pela Polícia Cientifica de Alagoas, após a inserção dos perfis genéticos do filho e da mãe dela no Banco Nacional de Perfis Genéticos, em consonância com a política nacional de buscas de pessoas desaparecidas.

A informação foi confirmada pela perita odontolegista Claudia Ferreira, chefe do núcleo de Identificação Humana, do Instituto de Medicina Legal Estácio de Lima e pela perita criminal Marina Mazanek, administradora do Banco de Perfis Genéticos, do Laboratório de Genética Forense do Instituto de Criminalística de Alagoas. A identificação está sendo divulgada após a conclusão dos laudos e a comunicação oficial à família da pessoa desaparecida.

Segundo o filho da vítima, que prefere não se identificar, a mulher foi para o estado de Minas Gerais a procura de uma oportunidade emprego no final de 2012. Ele explicou que inicialmente ela sempre mantinha contato com ele e a avó materna, falando sobre o trabalho e a nova vida.

No dia 17 de agosto de 2014, ela fez o último contanto com os familiares e disse que estava indo morar em outro município com um homem chamado Ronaldo, um mineiro que era caminheiro e companheiro dela na época, mas que a família não chegou a conhecer. Depois dessa ligação, ela ainda chegou a informar que estava indo para uma segunda cidade, mas nunca mais entrou contato com o filho e a mãe.

O filho ainda explicou que, na época, chegou a ligar várias vezes para número do celular dela, mas sempre dava desligado. O tempo foi passando e a família continuava sem nenhuma informação, aumentando a aflição, tristeza e ansiedade da família para obter informações sobre o paradeiro de Mary Valdilene.

Foi quando em julho do ano passado, o filho assistiu uma matéria na televisão sobre a campanha Desaparecidos e ligou para o IML de Maceió que passou todas as informações sobre como funcionava o projeto. Ele então foi até a unidade de medicina legal, onde foram coletados dados pessoais e o material genético dele.

“Um tempo depois eles me retornaram com uma resposta dizendo que meu DNA tinha batido com um possível corpo encontrado em Minas Gerais, mas eles precisariam fazer uma nova coleta de DNA de outro parente de primeiro grau para confirmar se realmente era o corpo da minha mãe. Eles foram até a minha casa e coletaram o DNA da minha avó, e depois de 15 dias tivemos a confirmação que realmente era o corpo dela. Aquele dia, para mim e a minha avó, não foi uma noite boa, mas foi um alívio saber o que realmente aconteceu”. Afirmou o filho.

A perita criminal Marina Mazanek do Laboratório de Genética Forense, explicou que o material genético do filho foi coletado no ano passado, mas só foi inserido no banco de perfis genéticos do Estado em abril desse ano. Em seguida o perfil dele foi compartilhado em uma base de dados nacional e confrontada com as amostras disponíveis em todos os Estados que compõem a Rede Integrada de Bancos Perfis Genéticos (RIBPG).

“Com os fortes indícios de match real, foi necessário coletar o material genético de outro parente de primeiro grau, então o IML de Maceió coletou o DNA da avó, no caso mãe da desaparecida e enviou aqui para o Laboratório, onde extraímos o perfil genético e comparamos com o do corpo encontrado em Minas. A estatística foi bem alta, concluindo que se tratava realmente da pessoa desaparecida”, explicou a perita criminal.

O corpo de Mary Valdilene foi encontrado no 26 de agosto de 2014, em lote vago, na Avenida São Paulo, no Bairro Planalto, em Nova Serrana. Na época, a Polícia Militar de Minas Gerais (PM), informou que o corpo em avançado estado de decomposição estava coberto por um lençol, próximo a entulho. A perícia técnica da Polícia Civil confirmou que ela foi morta a facadas, mas como o corpo estava sem documentos, ela foi sepultada como não identificada.

Campanha Desaparecidos – Este foi o segundo match realizado pela Polícia Científica de Alagoas que continua coletando DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas através da campanha que é coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com os estados. Em mais de um ano, o projeto já conseguiu ajudar 223 famílias de todo o país, a localizar o paradeiro de parentes desaparecidos.

A divulgação desse resultado positivo em Alagoas coincide com o dia internacional dos desaparecidos, celebrado no dia 30 de agosto. A perita odontolegista Claúdia Ferreira, informou que os laudos confirmando a identificação do corpo de Mary Valdilene foram encaminhados para a Polícia Civil de Alagoas que comunicará o fato as autoridades de Minas Gerais.

Ela explicou que em Alagoas existem dois pontos focais para coleta de DNA de famílias de pessoas desaparecidas. São os IMLs de Maceió e Arapiraca, basta apresentar um boletim de ocorrência, comunicando o desaparecimento, que as equipes dessas unidades realizam a coleta do material genético biológico para inserir no Banco Estadual de Perfis Genéticos em Alagoas.