Food park arapiraquense denuncia construtora por danos provocados por obra vizinha
O espaço gastronômico House Food Park, localizado no Alto do Cruzeiro, foi reaberto no dia 16 de dezembro de 2021 em Arapiraca. A reabertura acontece após um conflito envolvendo o estabelecimento e uma obra no terreno vizinho, de responsabilidade da Construtora Customize, que teria apresentado problemas em sua construção.
O House Food Park havia sido aberto em maio, com diversos quiosques, e seu funcionamento seguiu até o dia 3 de novembro, dia em que ocorreram diversos danos estruturais na estrutura do estabelecimento.
O proprietário do House Food Park, Ítalo Barbosa, disse que a reabertura quase não foi possível, porque todos os equipamentos e mesas foram perdidos por causa do fechamento do empreendimento.
Como é possível ver na imagem cedida pelo dono, foram formadas verdadeiras crateras, além de rachaduras e o desmoronamento de uma parede.

Ítalo afirma que na noite do mesmo dia, um muro caiu, provocando transtornos também para uma residência vizinha.
No dia 4 de novembro, foi realizada uma visita da Defesa Civil e da superintendência de fiscalização da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (SMDUMA) ao local, interditando o House Food Park e embargando a obra da Customize.

A reportagem tenta contato com a Defesa Civil e com a Secretaria.
No auto de interdição expedido pela Secretaria, que a reportagem do Já é Notícia teve acesso, afirma-se que a edificação foi "interditada por oferecer risco à integridade física de seus ocupantes".
A Construtora Customize, responsável pelo "ITB Araújo Centro de Treinamento e Estética", afirmou, através de nota, que os danos foram provocados por fortes chuvas que teriam atingido a região, e também que não é responsável pelo que houve.
A construtora pontuou também que mesmo sem um laudo que aponte a culpa da Customize, ela "se comprometeu em restabelecer a segurança para o empreendimento e para a obra em apenas 30 dias, cumprindo rigorosamente o prazo" (veja a nota ao final da matéria).
A reportagem teve acesso a um laudo técnico da Prefeitura, do dia 9 de novembro, elaborado após avaliação do plano de recuperação estrutural e contenção de escavação da construtora e a realização de visitas das equipes da SMDUMA e da Coordenadoria Municipal de Defesa e Proteção Civil (COMPDEC), nos dias 4 e 8 de novembro de 2021.
O laudo aponta que no dia 5 daquele mês houve uma reunião entre as partes envolvidas e a COMPDEC, com a presença do secretário municipal de Infraestrutura, Roany Izidoro. “O secretário Roany destacou que o laudo de sondagem apresentava/indicava material pouco compacto e que deveria em tese ter a atenção redobrada. No dia do ocorrido não teve chuva ou influência de terceiros, também tendo sido observado um espaço vazio, descalçado/falta de apoio sob o muro”, diz um trecho.
Ítalo conta que contratou engenheiros para que uma avaliação sobre tudo o que houve fosse feita. E eles teriam concluído que a obra provocou sim os danos no Food Park.
Um dos engenheiros contratados comentou o caso. "A edificação a ser construída ao lado da residência contempla um subsolo. Então, edificações cuja necessidade de executar um subsolo do tipo requer contenção. Contenção essa que deve atender tanto ao resultado final quanto à etapa de construção, a técnica construtiva. E o que ocorreu foi que a técnica utilizada para se executar a contenção utilizada (são coisas distintas) não foram adequadas. O porquê já é autoexplicativo, aconteceu o problema. O problema não foi que a contenção falhou, que se executou a contenção e ela cedeu. Não. Foi que durante a execução da contenção, na etapa de escavação, não foi pensado em todos os possíveis "e se" que pudessem acontecer.

Então, houve, sim, a negligência de não se estudar a fundo o que estava sendo executado. Tanto que ao confrontar os engenheiros da construtora eles não souberam respaldar, sempre jogavam para o estrutural.
Em si, não foi uma falha da estrutura, ela nem chegou a ser executada para falhar, foi a etapa construtiva. O método executivo que falhou, que deixou todo o maciço de solo que ficava contido no terreno, desconfinar. Isto é, durante o processo de escavação, ao retirar o maciço de solo (o que fica embaixo do terreno da residência) houve o desconfinamento, ele se deslocou e toda a estrutura que estava apoiada nele, veio a ceder. Ou seja, a técnica construtiva adotada juntamente com o tipo de contenção não foram as mais adequadas", disse.
Em um outro documento, cedido por Ítalo e com a data de 6 de novembro, a Construtora Customize assina um termo em que se compromete a demolir o muro devido aos riscos de maiores desmoronamentos. No termo assinado pelo responsável técnico Lucas Vicente Rocha Lopes, um trecho aponta que "a necessidade de demolição se justifica devido aos riscos de desmoronamento existentes pelo evento danoso ocorrido no dia 03/11/2021, às edificações da propriedade aqui já descrita e ocasionados pela obra do ITB ARAÚJO CENTRO DE TREINAMENTO E ESTÉTICA LTDA."
"Neste sentido, a empresa se responsabiliza e assegura que a estrutura do House Food Park e da residência sejam inteiramente restabelecidas tanto estruturalmente quanto esteticamente, voltando ao seu estado original. Ademais, também se responsabiliza, de pronto e imediato, em promover a vedação/ isolamento da propriedade (residência e House Food Park) para resguardar integralmente a sua segurança e de seus bens até definição das tratativas de continuidade de execução do muro de contenção e a conclusão dos serviços de reparação", aponta outro trecho.

Por causa da interdição do Food Park, dois quiosques que funcionavam no local precisaram fechar, pois segundo eles, o prejuízo decorrente da situação impediu uma reabertura.
Um desses quiosques era o “Acarajé da Jô”, que publicou uma nota em seu Instagram no dia 11 de dezembro. “Infelizmente, e com um aperto no peito, hoje utilizamos este meio de comunicação para informá-los que não estamos mais funcionando na cidade de Arapiraca”, apontou a postagem, na época. “Agradecemos ao House Food Park por ter nos acolhido nos últimos meses e pela atenção que teve durante o processo de "acordo" entre nós e a construtora responsável por "estragar" nosso ponto de trabalho no qual investimos tanto para trazer maior conforto e segurança para todos os clientes”, completou o estabelecimento.
Veja a nota da Customize na íntegra:
"Nos últimos meses, Arapiraca e região sofreram com atípicas chuvas e ventos fortes, causando transtornos em diversos lugares, como quedas de árvores, outdoors, cobertas, etc. e, também, comprometendo muitas estruturas na cidade.
Em um desses dias atípicos, parte do muro do foodpark, que fica ao lado de uma obra executada pela Construtora, veio a cair.
Mesmo diante da inexistência de qualquer laudo pericial que aponte as causas do ocorrido, nem tampouco a responsabilidade da Construtora, o corpo técnico da empresa, dotado de capacidade e competência, se comprometeu em restabelecer a segurança para o empreendimento e para a obra em apenas 30 dias, cumprindo rigorosamente o prazo e conferindo segurança para os frequentadores.
Ressalta-se, como já dito, que não existe qualquer laudo da Prefeitura de Arapiraca apontando os motivos do acontecimento. O que houve foi a lavratura de um auto de interdição e de embargo do foodpark por conta da situação de risco do local após o ocorrido. Essa interdição se fundamenta apenas em risco para os usuários do ambiente, mas não menciona falha estrutural, arquitetônica ou algo desse tipo.
A Construtora é uma empresa comprometida e renomada, responsável pela execução de diversas obras em todo Estado de Alagoas, sem que tenha havido qualquer ocorrência que desabone sua credibilidade."
Leia os documentos citados na reportagem:
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