Filho de cortador de cana se forma em medicina e promete melhorar vida do pai

Por Correio Braziliense 20/12/2021 17h05 - Atualizado em 20/12/2021 20h08
Por Correio Braziliense 20/12/2021 17h05 Atualizado em 20/12/2021 20h08
Filho de cortador de cana se forma em medicina e promete melhorar vida do pai
Filho de cortador de cana se forma em medicina - Foto: Reprodução

A história do médico recém-formado Wellington Gomes se tornou um viral pela segunda vez em 2021. É que ele, filho de cortadores de cana do município de Ribeirão, interior de Pernambuco, usa as redes sociais para compartilhar a gratidão que sente pelos pais por terem apoiado seu sonho de fazer um curso universitário.

"Painho é esse aí que não ri pra foto e que foi o primeiro a acreditar em meus sonhos e me incentivar, mesmo sendo analfabeto. Ele ainda corta cana, mas em breve mudarei esta situação", escreveu na postagem em que
comemora a chegada do registro no Conselho Regional de Medicina (CRM).

Wellington perdeu a mãe quando estava no segundo ano do ensino médio, ainda assim, ela está sempre presente quando o jovem fala sobre suas conquistas. "Saí do corte de cana e hoje eu sou médico. Prometi a minha mãe 2 dias antes que ela falecesse que me tornaria médico e iria ajudar as pessoas. Sou só gratidão a Deus", escreve em outra publicação.

Ainda que o vestibular para medicina seja o mais concorrido do país, nem todos os estudantes são tão impactados pela conquista da graduação quanto Wellington. Para pagar a inscrição na primeira prova que fez, por exemplo, ele trabalhou o dia inteiro com o pai cortando cana em uma fazenda próxima à cidade natal.

"Foi um dos primeiros momentos em que acreditaram em meu sonho. Eu sou o resultado de muita determinação mas também de uma soma de esforços de diversas pessoas, como meu querido pai, que sempre acreditaram em meu potencial", disse da primeira vez que contou sua história.

Rede de apoio

O novo médico também faz questão de lembrar outras pessoas que foram importantes na trajetória que traçou para sair dos canaviais e chegar aos consultórios. Para morar na capital, Recife, a mais de 80 km da casa da família ele contou com o apoio da Casa do Estudante de Pernambuco. A instituição filantrópica que acolhe estudantes do interior dando moradia e alimentação para garantir que os jovens tenham condições de ir até o fim do curso.

Durante a preparação para o vestibular, ele também teve ajuda do professor Carlos Japwwa, que dava aulas de física em um cursinho no qual Wellington trabalhava. Notando o interesse e a curiosidade do estudante pelas disciplinas, Japwwa o convidou para assistir as aulas no contraturno do trabalho.

O rapaz, que se formou na Faculdade Pernambucana de Saúde, com bolsa integral pelo ProUni, é enfático em dizer que pretende retribuir à sociedade todo o apoio que recebeu e cuidar das pessoas com a mesma dedicação que conduziu os próprios estudos.

"O IMIP me ensinou a cuidar do paciente como se fosse integrante da minha família. Quem foi meu paciente sabe que sempre tentei levar esse propósito de família a sério e sempre contei minhas piadas (há quem diga que não são engraçadas kkkk) para tentar deixar o clima mais leve. Saio com o coração transbordando de felicidade e espero retornar um dia", escreveu na despedida da universidade.