STJD aceita recurso do Brusque em caso de racismo e determina devolução de três pontos na Série B

Por redação com GE 18/11/2021 20h08 - Atualizado em 18/11/2021 20h08
Por redação com GE 18/11/2021 20h08 Atualizado em 18/11/2021 20h08
STJD aceita recurso do Brusque em caso de racismo e determina devolução de três pontos na Série B
Caso ocorreu em jogo da Série B - Foto: Beno Küster Nunes/AGIF

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) devolveu ao Brusque os três pontos na tabela da Série B do Campeonato Brasileiro. O clube teve o recurso julgado em videoconferência, nesta quinta-feira, a respeito do caso de racismo por parte de um dirigente contra o jogador Celsinho, do Londrina. A decisão foi por 6 votos a 2.

Com a recuperação dos pontos, o Quadricolor passa a ter 44, sobe para a 14ª colocação e aumenta as chances de permanência na competição.

Presidente da sessão, José Perdiz determinou a perda de um mando de campo, a ser cumprido em campeonato nacional, e o pagamento de multa de R$ 60 mil para o Brusque. A punição a Júlio Antônio Petermann, presidente do Conselho Deliberativo e identificado como autor da declaração racista, foi mantida integralmente: suspensão por 360 dias e multa de R$ 30 mil.

O meia Celsinho, do Londrina, se manifestou com indignação:

- O STJD tinha uma grande oportunidade de mudar tudo. De fazer algo bem positivo. Ficar bem visto por todos e acabou dando um tiro no próprio pé

Entenda o caso

Na partida entre as duas equipes na Série B, em 28 de agosto, Celsinho afirmou que foi chamado de "macaco" por Júlio Antônio Petermann, presidente do Conselho Deliberativo do Brusque. Na súmula, o árbitro Fábio Augusto Santos Sá relatou que o meia ouviu a frase "vai cortar esse cabelo, seu cachopa de abelha".

Após o acontecido, o Londrina divulgou um vídeo nas redes sociais em que é possível ouvir um grito de "macaco". A postagem do Tubarão foi uma resposta ao clube catarinense que, em um primeiro momento, falou que Celsinho estava sendo "oportunista" ao denunciar o racismo.

Depois, o Brusque se desculpou e adotou duas medidas sobre o caso: afastamento de Júlio Antônio Petermann e instalação de câmeras para captar o áudio das arquibancadas. Por causa do episódio, perdeu um patrocinador.

O Brusque e o conselheiro foram enquadrados no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) e responderam por "ato discriminatório" no julgamento realizado em 24 de setembro. A punição ao Quadricolor foi a perda de três pontos, além de multa de R$ 60 mil. Júlio Antônio Petermann foi suspenso por 360 dias e multado em R$ 30 mil.

Um mês depois, atletas e funcionários do Brusque divulgaram uma nota em protesto contra a decisão e pedindo que a entidade reconsiderasse o resultado. No documento, lido pelo atacante Edu, os jogadores disseram que o grupo é composto em sua maioria por afrodescendentes e que a decisão não penalizava o responsável pelo ato.

Não foi a primeira vez que Celsinho sofreu com o racismo na Série B. O meia do Londrina também ouviu ofensas nas partidas contra o Goiás e o Remo, ambas em julho.

Em contato com a jornalista Gabriela Moreira, Celsinho se pronunciou sobre a decisão. Para ele, "o STJD tinha uma grande oportunidade de mudar tudo. De fazer algo bem positivo. Ficar bem visto por todos e acabou dando um tiro no próprio pé. Ao invés de evoluir, eles retrocederam. Muito vergonhoso. Que grande decepção".