Quem não se lembra do Orkut? Dentro da lacida rede social que já foi a favorita do Brasil, a comunidade "Conheci meu Amor Pela Internet" atingiu a marca de 11 mil membros em seu auge. Nos fóruns da comunidade, os membros dividiam as suas experiências de encontrar amor online.

No Fórum da comunidade, discutia-se assuntos como preconceito e desconfiança dos familiares sobre o relacionamento. Porém, apesar da resistência geral sobre o assunto, namoro pela internet não era algo novo.

O primeiro site de namoro - o Match.com - foi ao ar 3 anos antes do dispositivo de busca mais popular do mundo, em 1995. Com isso, o mundo teve a sua primeira experiência dando "match" em possíveis pretendentes.

26 anos depois, vemos um cenário bem diferente do vivido pelos membros dessa comunidade. Ao contrário do preconceito do começo dos anos 2000, encontrar alguém pela internet se tornou tão comum que a maioria dos brasileiros já baixou um aplicativo de namoro no celular. Além disso, esses serviços estão se tornando cada vez mais especializados em encontrar o par perfeito para seus usuários.

Existe um aplicativo para todo o mundo

No início, todos os sites ou aplicativos de namoro eram mais ou menos parecidos: você registrava alguns interesses e o algoritmo buscava pessoas que se interessavam sobre as mesmas coisas.

Porém, com o passar do tempo, os desenvolvedores de aplicativos descobriram que muitas pessoas, apesar de terem interesse em encontrar um relacionamento, não se identificavam com os aplicativos existentes.

Para suprir essa necessidade, surgem cada vez mais serviços especializados para pessoas que não se sentem confortáveis nos aplicativos para namoro convencionais. De aplicativos especificamente para mães e pais solteiros a aplicativos de namoro para pessoas religiosas que buscam alguém da mesma fé, existe um aplicativo para cada solteiro.

Não importa qual é a sua necessidade, alguém já deve ter criado o aplicativo perfeito para você. Na verdade, a gama de opções se tornou tão grande que surgiram serviços especializados em comparar aplicativos e sites de namoro.
Com eles, em vez de descobrir na "tentativa e erro" você fica sabendo em minutos qual é o aplicativo mais provável da sua alma gêmea estar.

O mais interessante é o quanto essa especificidade está funcionando. De acordo com uma pesquisa feita nos Estados Unidos, o país onde esse tipo de aplicativo é mais popular, 73% dos namorados iniciados a distância duram mais que 6 meses. Enquanto isso, 27% dos namoros iniciados presencialmente acabam antes dos 6 meses. Outra pesquisa, também feita na terra dos ianques, indicou que 30% dos casamentos feitos entre os anos de 2005 e 2013 começaram como relacionamento online. Será que o Brasil chegará algum dia a esses números?

Quantos brasileiros usam aplicativos de namoro?

Se você acha improvável encontrar a metade da sua laranja em aplicativos, a matemática mostra que você pode estar errado. O Brasil não é somente o 3ª país do mundo onde as pessoas passam mais tempo na internet, nós também temos um “mercado” de 60 milhões de solteiros.

Em 2018, estimava-se que 60% dos brasileiros com internet já faziam uso de aplicativos de encontros. Durante a pandemia, onde o isolamento social nos obrigou a buscar outras formas de socialização, esse número só aumentou.

Apesar deles serem mais populares entre o público jovem, não são só eles que estão conectados. Nos últimos anos, o número de brasileiros que navegam na internet aumentou entre todas as faixas etárias. Quando falamos somente de idosos, por exemplo, 68% estava conectados à internet em 2018. Já em 2021, esse número pulou para 97%.

Os desenvolvedores estão de olho nesse movimento. Hoje em dia, impulsionados pela pandemia, além de surgirem cada vez mais serviços online com esse público alvo, como celulares com interface simplificada e até serviços de entrega especializados, multiplicam-se também aplicativos de namoro especializados no público mais velho.

A pandemia fez com que as pessoas ficassem mais online

A pandemia do Covid-19 foi outro marco no mundo dos relacionamentos pela internet. Com ela, não somente mudaram as nossas formas de pensar relações de trabalho e até as necessidades de sair de casa para comprar produtos e serviços, mas também a forma como vimos nossas relações íntimas.

Com a impossibilidade de sair de casa para namorar de forma segura, muitos internautas ao redor do globo buscaram por companhia a distância em aplicativos. Porém, a mudança não foi somente em relação ao meio de comunicação.

Com mais tempo livre em mãos, as pessoas passaram a se conhecer melhor. De acordo com a plataforma Tinder, por exemplo, as conversas em locais atingidos pela covid se tornaram 30% mais longas. Ao que tudo indica, tanto quanto as outras mudanças trazidas pela pandemia, relacionamentos online serão muito mais do que uma tendência passageira.