Pequena Lô diz estar confortável no próprio corpo:

Por extra.globo 02/05/2021 17h05 - Atualizado em 03/05/2021 09h09
Por extra.globo 02/05/2021 17h05 Atualizado em 03/05/2021 09h09
Pequena Lô diz estar confortável no próprio corpo:
Pequena Lo - Foto: Extra.globo

Ao perceber o sucesso na internet, no ano passado, ela já imaginava que, algum dia, poderia chegar à televisão. Um sonho de menina. Só não contava que isso aconteceria tão rapidamente.

Aos 24 anos, Lorrane Silva, conhecida como Pequena Lo, continua firme na frenética produção de conteúdos de humor para as redes sociais e também se tornou comentarista fixa do "Plantão BBB", apresentado por Ana Clara, na Globo. O gostinho do ao vivo a conquistou. Encara como um treinamento que a fez almejar ainda mais: ter o seu próprio programa de televisão.

"Foi muito rápido. O estouro aconteceu em 2020 (já durante a pandemia), porque não tem nem um ano que isso tudo aconteceu. Quando era criança, falava para minha mãe que iria aparecer na televisão, mas não sabia como. Estar na TV foi uma experiência muito boa, um aprendizado, a primeira experiência que eu tive de estar ali, ao vivo. Quero ir para a TV (ou continuar nela) também, talvez tendo o meu talk show. Então, o 'Plantão BBB' foi algo para eu já ir treinando", afirma Lo, que se considera uma pessoa famosa, apesar não ter ideia da exata dimensão disso.

"Tem os meus seguidores, o público da TV agora. Meu rostinho está em várias partes. Então, eu me considero uma pessoa famosa. Aparecer na Globo e em outras emissoras, revistas...", complementa ela, que relembra o episódio de ter sido assediada por fãs no aeroporto e também ser reconhecida por um motorista de aplicativo, que disse ser seu admirador. Isso além da enxurrada de carinho que recebe através da web, já que não sai de casa por casa da pandemia.

Lo celebra as próprias conquistas e a bandeira da representatividade que carrega. Ela usa muletas devido a uma displasia óssea rara, que tem desde que nasceu. O tipo, porém, não foi descoberto até hoje. A influenciadora acrescenta que passou por tratamentos ósseos. Aos 11 anos, ela passou a usar a muleta para se locomover.

"Meu estudo genético foi até para fora do Brasil, mas não descobriram. Então, os meus pais decidiram não procurar mais, não ir mais a fundo", explica ela, que pensa em refazer os estudos futuramente para descobrir mais sobre a deficiência. Coisa que acredita ser mais possível do que era no passado, com a modernização da medicina: "É mais para saber o que tenho. Não que isso vá mudar o meu jeito de ser".

A jovem, no entanto, credita aos pais o fato de hoje se sentir "confortável com o próprio corpo", como ela mesmo define. Na infância, nunca se limitou a fazer algo por conta da deficiência. Frequentou aulas de violão, teclado, tênis e natação: "Ali eu já estava sendo exposta ao público, mesmo com a minha condição física diferente".

Lo, claro, encara com seriedade a representatividade que conquistou e a inspiração que se tornou para as pessoas. Só para se ter uma ideia do alcance e engajamento da moça, ela é seguida por 3,7 milhões de internautas no Instagram e por outros 4,3 milhões no TikTok:

"Isso é muito legal. Porque, ao mesmo tempo, não falo diretamente sobre o capacitismo ou pessoas com PCD (pessoa com deficiência). Mas, além do humor, tem a representatividade. Num vídeo meu de festa, por exemplo, mostra que nós também frequentamos esses lugares. Não é porque tem o cadeirante ou eu, eu que ando de muleta, que não podemos ir nesses lugares. Posso ser quem eu quiser".

Um feito e tanto para a menina cheia de sonhos que nasceu em Araxá e morou em Uberava, Minas Gerais, mas que, recentemente, mudou-se com a mãe para São Paulo, em virtude dos trabalhos. A jovem é formada em psicologia - e também faz terapia. O que a ajuda a lidar com a fama e também com as mensagens de ódio. Para Lo, críticas ao seu trabalho fazem parte da visibilidade. O que ela não tolera são comentários maldosos a respeito de sua condição física.

"O hater é uma pessoa que está mal com ela mesma. Não é você o problema. Pessoa amarga e mal resolvida. Mas, quando fala da minha condição, eu já vou para outro lado. E tem o 'bloquear' e 'silenciar', graças a Deus, para cuidar da nossa saúde mental", diz ela.

Mas isso é um ou outro. O que Lo recebe mesmo, em resposta a seus vídeos, é carinho. "Acho que a maneira como eu interpreto, caras e bocas, me doou mesmo ao personagem. E meu carisma, né?", brinca ela: "As pessoas costumam dizer que eu posso estar calada, mas faço uma encenação, sem falar uma palavra, e já é engraçado. E é espontâneo mesmo, porque eu não faço roteiro, para não ficar engessado. Vai do momento."

Pequena Lo