Paulo Cerqueira entrega cargo de delegado-geral da Polícia Civil de AL após ser indiciado pela PF

09/04/2021 17h05
09/04/2021 17h05
Paulo Cerqueira entrega cargo de delegado-geral da Polícia Civil de AL após ser indiciado pela PF
Delegadoo - Foto: Reprodução

Paulo Cerqueira entregou o cargo de delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas nesta sexta-feira (9), um dia após divulgação sobre ter sido indiciado pela Polícia Federal como mandante do atentado que resultou na morte do advogado Nudson Harley, mas que teria como alvo o então juiz Marcelo Tadeu. Paulo Cerqueira divulgou uma nota em que diz que a PF se equivocou.


Em entrevista nesta sexta, Marcelo Tadeu disse que não estava surpreso com o indiciamento.


Segundo inquérito da PF, as evidências indicam que o advogado Nudson Harley foi morto por engano no lugar do então juiz Marcelo Tadeu. O autor material Antônio Wendell Guarnieri contou à polícia que Paulo Cerqueira o contratou para matar Marcelo Tadeu.


O juiz aposentado acredita que o atentado contra ele foi motivado pelas suas decisões quando atuava no judiciário, combatendo coronelismo e crimes de mando.


“Uma decisão dessa natureza, tão arbitrária e tão cruel, só pode ter relação com a minha atuação contra gangue fardada, prisão do chefe da gangue fardada, intervenção no grupo sucroalcooleiro, depois a minha intervenção em municípios do interior onde anulei títulos de eleitor”, disse.

Assassinato do advogado

O homicídio aconteceu por volta das 19h, em julho de 2009. Nudson Harley usava um orelhão quando, segundo a polícia, dois homens armados em uma moto chegaram atirando. O advogado era de Belo Horizonte e estava prestando serviços a uma construtora de Alagoas.


O crime aconteceu na calçada de uma farmácia em Mangabeiras, Maceió, onde o então juiz Marcelo Tadeu havia estacionado o carro. Ele saiu do veículo, mas atravessou a pista e entrou em outra farmácia, em frente de onde tinha estacionado.


O orelhão utilizado pela vítima ficava próximo do carro de Marcelo Tadeu.

Nota Paulo Cerqueira


Tomei a iniciativa de entregar o honroso cargo de Delegado-Geral, pelo amor que dispenso à minha Instituição e para não permitir ataques infundados aos relevantes serviços prestados diariamente pela Polícia Civil à sociedade alagoana.


Com a consciência tranquila e uma história de vida pautada na honestidade e no trabalho, recebi a notícia do indiciamento com a certeza de ser uma grande injustiça, pois sempre pautei minha atuação com respeito ao cidadão e à Lei.


Após 18 anos de carreira policial, tendo exercido diversas funções na segurança pública e enfrentado o crime em todas as suas vertentes, sem nunca ter sido sequer citado em boletim de ocorrência, fui tristemente surpreendido com o envolvimento do meu nome em fatos desconexos com a realidade.


Nesta oportunidade, agradeço a confiança e o apoio recebido dos integrantes da Polícia Civil durante minha jornada na Direção-Geral, na qual tive oportunidade de estar à frente nas gestões de vários secretários de segurança e dois governadores de estado, de perfis distintos e partidos diversos, sem apadrinhamento político, demonstrando meu perfil técnico para o exercício da função.


Rechaço, em nome da verdade, qualquer envolvimento em trama criminosa, muito menos em desfavor de uma pretensa vítima, com a qual sempre mantive relação cordial e respeitosa, e que a mim sempre dispensou o mesmo tratamento respeitoso, não tendo no passado e no presente qualquer motivação para ataque à integridade física do então magistrado.




Comungando do mesmo pensamento de sempre, reconheço o valoroso serviço prestado pela Polícia Federal, entretanto, afirmo categoricamente que, após 11 anos do citado delito, essa honrada Instituição se equivocou em promover meu indiciamento.


Meus familiares, amigos, colegas de profissão e, especialmente, a sociedade podem ficar tranquilos, sou inocente e a história da minha vida é a minha principal testemunha.


Finalizo, com a cabeça erguida e a consciência tranquila, acreditando em Deus e na justiça dos homens, convicto que a verdade sempre prevalecerá.


PAULO CERQUEIRA


com informações do G1-AL