Infectologista explica os cuidados que devem ser tomados após vacinação contra a Covid-19

Por da redação com Agência Alagoas 07/04/2021 18h06
Por da redação com Agência Alagoas 07/04/2021 18h06
Infectologista explica os cuidados que devem ser tomados após vacinação contra a Covid-19
Sarah Dominique diz que tem aumentado o número de internações e de óbitos de jovens em razão da Covid-19 - Foto: Marcel Vital

Até terça-feira (5), Alagoas já havia imunizado 363.969 pessoas contra a Covid-19, sendo 294.589 vacinadas com a primeira dose e 69.380 imunizadas com a segunda. Os cuidados, porém, não devem ser ignorados, mesmo por quem já completou o ciclo de vacinação. Segundo estudos sobre a viabilidade das vacinas contra a doença, a imunização contra o vírus só vai ser obtida 15 dias após a administração da segunda dose. Independente de estar, ou não, imunizado contra o novo coronavírus, a verdade é que não será possível abandonar as máscaras tão cedo, uma vez que depois de receber as suas doses, a pessoa tem menos chances de ficar doente com a Covid-19, mas, em contrapartida, ela ainda pode transmitir a doença, segundo explica a infectologista do Hospital da Mulher (HM), Sarah Dominique Dellabianca Araújo Holanda.

A médica ressalta que, em primeiro lugar, a população deve se certificar da vacina que tomou, bem como se atentar sobre a data da próxima dose, já que existe uma diferença no intervalo da CoronaVac e da AstraZeneca. Neste momento, apenas os vacinados com a CoronaVac estão recebendo a segunda dose, pois o intervalo de aplicação da vacina AstraZeneca é de até 90 dias. Além disso, o uso de máscara de proteção, higiene constante das mãos e manutenção do isolamento social – especialmente no sentido de evitar aglomerações – continuam sendo fortes aliados no combate à Covid-19, conforme destaca a infectologista do Hospital da Mulher.

“O que acontece hoje é um aglomerado de pessoas dentro de suas residências ou em casas de praia. Muitas, inclusive, frequentando pousadas. Elas esquecem que, mesmo para quem foi acometido pela Covid-19, é possível, sim, ter um segundo episódio da doença pela nova cepa do novo coronavírus. Para aquelas pessoas que já estão vacinadas e se sentem encorajadas a fazer um evento privativo, é bom sempre lembrar que nenhuma vacina protege 100%. A imunização é uma estratégia coletiva para proteger a sociedade como um todo e não um procedimento realizado para proteger cada indivíduo isoladamente. Independente do percentual de eficácia das vacinas, o que realmente importa é a capacidade dos imunizantes em prevenir casos graves, que exijam internação nos leitos de UTI [Unidade de Terapia Intensiva]. A meu ver, o mais relevante neste momento pelo qual o Brasil está vivendo é salvar vidas”, destacou a especialista.

Ela frisou que, embora a ciência tenha muitas informações sobre a Covid-19, algumas perguntas continuam sem resposta. Não se sabe, por exemplo, por quanto tempo uma pessoa vacinada está imune à doença e nem com qual frequência as vacinas precisarão ser aplicadas, já que diversas mutações do novo coronavírus estão sendo descobertas. A infectologista do HM tem observado que a segunda onda da Covid-19 tem afetado os jovens, um grupo até então menos atingido pela doença. Apesar de haver negacionistas de todas as idades e em todas as classes sociais, profissionais de saúde que estão na linha de frente do atendimento dos hospitais, são unânimes em afirmar que o vírus tem circulado em maior número entre os jovens, desde o final de dezembro de 2020, antes mesmo de a vacinação estar disponível no Brasil. A razão para isso, de acordo com Dominique Dellabianca Araújo Holanda, é bastante clara: são os jovens que estão na porta dos bares, nos eventos e nas festas clandestinas, não raro sem o uso de máscara.

“A vacina está realmente protegendo os idosos de fevereiro para cá, sobretudo em março, mês em que foi intensificada a vacinação contra a Covid-19 neste público. Tenho percebido desde o final de dezembro e início de janeiro, a hospitalização de jovens em estado grave. Esse público não mediu as rédeas durante as festas de fim de ano e o Carnaval, quando muitos se reuniram com familiares e amigos, cujas aglomerações foram compartilhadas em redes sociais e, em seguida, veiculadas nos sites e na tevê. Eles se permitiram – e ainda continuam – a fazer aglomerações clandestinas e a frequentar festas privadas com capacidade de mil pessoas num único lugar. A conta está se apresentando agora. Todavia, mesmo com a hospitalização juvenil nos leitos de UTI, a faixa etária de letalidade ainda é prevalente em idosos”, afirmou a infectologista.

Mutações
– Sarah Dominique Dellabianca Araújo Holanda ainda acrescentou que os vírus sofrem modificações a todo o momento e, quanto mais circular entre as pessoas, maior será a chance de ter mutações e se tornar agressivo. “Quando há aglomeração, os indivíduos promovem o cenário ideal para o vírus, favorecendo o trânsito dele entre as pessoas. É aí que ele tem o tempo hábil para acumular mutações e se adaptar no organismo. Não passa pela cabeça do jovem que frequenta uma festa e volta para casa contaminado pelo coronavírus que, ao ter o contato intradomiciliar e com os amigos no trabalho, ele, por sua vez, vai infectar esses indivíduos. Logo, essas pessoas vão levar o vírus para seus pais, avós, tios, filhos, formando essa cadeia de transmissibilidade. Isso se explica, inclusive, como algumas pessoas que não tiveram o contato com manauaras, tampouco viajaram para Manaus acabaram sendo infectadas pelo novo coronavírus. Vale destacar que um vírus respiratório não tem fronteiras. Às vezes fica impossível de você atrelar quem foi sua fonte de infecção. As pessoas que promovem encontros e disseminação de gotículas, estão dando ao vírus a oportunidade de mutação”, explicou, ao sentenciar: “É preciso que os jovens, sobretudo, tenham a mínima noção do risco que estão expondo a si e ao próximo. Pois, do contrário, muitas pessoas ainda irão perder a vida em decorrência da Covid-19”.