Mais de 42% de amostras em Alagoas têm variantes da Covid-19

Por Redação com agências 05/03/2021 13h01 - Atualizado em 05/03/2021 14h02
Por Redação com agências 05/03/2021 13h01 Atualizado em 05/03/2021 14h02
Mais de 42% de amostras em Alagoas têm variantes da Covid-19
Variante - Foto: Divulgação

Nesta quinta-feira (4), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou que as chamadas “variantes de preocupação” do novo coronavírus foram responsáveis por 42,6% dos casos de Covid-19 investigados pela instituição em Alagoas.

O comunicado, feito pelo Observatório Covid-19 da Fiocruz, reforça a tese de que variantes do vírus já estão circulando no Estado e vão além dos dois casos confirmados da doença no dia 16 de fevereiro, em duas mulheres residentes nos municípios de Viçosa e Anadia.

O monitoramento da instituição foi realizado por meio do novo protocolo de testes RT-PCR desenvolvido pela Fiocruz Amazônia. Foram avaliadas cerca de mil amostras de oito estados brasileiros. A partir delas, a fundação detectou a mutação comum em três das variantes de preocupação: P1, identificada inicialmente no Amazonas; B.1.1.7, no Reino Unido; e B.1.351, na África do Sul, que são potencialmente mais transmissíveis.

De acordo com a análise da Fiocruz, entre os oito estados investigados, os mais elevados índices de prevalência foram registrados no Ceará (71,1%) e no Paraná (70,4%). Na sequência, aparecem Santa Catarina (63,7%), Rio de Janeiro (62,7%), Rio Grande do Sul (62,5%) e Pernambuco (50,8%). Além de Alagoas, apenas Minas Gerais, com índice de 30%, está abaixo de 50%.

Em nota, a Fiocruz informou que a alta circulação de pessoas e o aumento da propagação do vírus Sars-CoV-2 têm favorecido o surgimento de ‘variantes de preocupação’ no Brasil, como é o caso da variante P1, identificada no Amazonas. O comunicado alerta para um cenário preocupante que alia o perfil potencialmente mais transmissível dessas variantes à ausência de medidas que possam ajudar a conter a propagação e circulação do vírus.

A instituição reforça, ainda, as diretrizes apontadas pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), bem como a necessidade de aceleração da disponibilização de vacinas para o Programa Nacional de Imunizações (PNI), visando contribuir para a redução de casos e a probabilidade de aparecimento de novas variantes.

Segundo a Fiocruz, é fundamental a adoção das chamadas medidas não-farmacológicas que possam reduzir a velocidade da propagação e o crescimento do número de casos, a exemplo de medidas mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais e a implementação imediata de planos e campanhas de comunicação, o fortalecimento do sistema de saúde e a necessidade de constituição de um pacto nacional para o enfrentamento da pandemia no país.

"Até o momento, não tem sido observada uma clara associação dessas variantes com uma evolução clínica mais grave, mas estudos adicionais estão em andamento para esclarecer aspectos relacionados com o sequenciamento genético dessas variantes, bem com sua transmissibilidade e o real impacto dessas variantes na dinâmica de ocorrência da Covid-19", finaliza a instituição.

Primeiros Casos

Os dois primeiros casos de variantes do novo coronavírus em Alagoas foram confirmados no dia 16 de fevereiro, em duas mulheres.

A primeira paciente, de 36 anos, residente do município de Viçosa, interior de Alagoas, tinha histórico de viagem para Manaus, no Amazonas, no dia 22 de janeiro, onde permaneceu por quatro dias. No local, teve contato com familiares com quadro gripal, entretanto sem confirmação laboratorial para Covid-19. No dia 25 de janeiro, apresentou dispneia e tosse. Retornou para Alagoas, em 26 de janeiro.

Já a outra paciente, de 64 anos, moradora do municípios de Anadia, não tinha histórico de viagem ou contato com alguém vindo do Amazonas ou qualquer outra Unidade da Federação. Teve início dos sintomas no dia 19 de janeiro, apresentando tosse, coriza, mialgia e moleza. No dia 25 de janeiro, realizou-se a coleta para pesquisa de SARS-CoV-2 por RT-PCR, que confirmou a infecção. A investigação epidemiológica também indica se tratar de caso autóctone.