Mourão mantém discurso divergente e irrita Bolsonaro; "Não ajuda"
O presidente Jair Bolsonaro voltou a demonstrar irritação com o vice Hamilton Mourão. Numa conversa no início da tarde de ontem, ele disse a auxiliares que o general da reserva não "ajuda" o governo. Desta vez, o motivo da queixa foi uma entrevista em que Mourão avaliou que a vitória do democrata Joe Biden nas eleições americanas é cada vez mais "irreversível". Bolsonaro enfrenta pressão dentro e fora do Palácio do Planalto para admitir a derrota do aliado Donald Trump.
Nos últimos dias, o presidente deixou explícita sua divergência com o vice por causa da divulgação de documentos do Conselho Nacional da Amazônia. O órgão presidido por Mourão planejava desapropriar terras de desmatadores. Depois de Bolsonaro classificar a ideia como "delírio", os dois conversaram longamente anteontem e restabeleceram as pontes, segundo informaram pessoas próximas. A trégua, porém, não durou 24 horas. A entrevista de Mourão na manhã de ontem à Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, expôs novamente o mal-estar.
Na conversa de anteontem, Bolsonaro e seu vice tinham posto na mesa uma série de questões que tinham afastado os dois. Uma delas era uma suposta negociação que envolveria Mourão, o apresentador de TV Luciano Huck e o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro para uma aliança em 2022. A especulação se tornou mais intensa no Planalto após o ex-juiz da Lava Jato citar, numa entrevista ao jornal O Globo, o nome do vice como um dos líderes do campo moderado. A relação entre Moro e o general sempre foi de cordialidade dentro do governo.
Por sua vez, Mourão ressaltou sua lealdade ao presidente. O general disse que não estava de olho em 2022 e não fazia tratativas com adversários do Planalto. Ainda no encontro, Bolsonaro e o vice chegaram a concordar que há um movimento "diuturno" para "explodir" a relação entre eles. Ressalvaram, no entanto, que precisavam conversar, sempre, para acertar os ponteiros. Um ponto de entendimento entre Bolsonaro e o vice é o que consideram o interesse do chamado "Gabinete do Ódio", ala ideológica do Planalto, em afastar um do outro.
Devido ao longo tempo da conversa, o presidente demonstrou surpresa com a decisão do vice de expor, horas depois, uma visão divergente sobre o quadro político americano - Bolsonaro não admite que a eleição nos Estados Unidos se encerrou, numa fidelidade ao aliado Donald Trump. De nada adiantou Mourão ressaltar, na entrevista, que falava na condição de "indivíduo" e não representante do governo.
Ponte
Neste momento, Bolsonaro não pretende procurar Mourão para restabelecer a ponte que tinha acabado de ser reconstruída e ainda estava com o "cimento molhado", nas palavras de auxiliares diretos. Em conversas, o presidente tem dito que não tem a intenção de repetir a chapa vitoriosa de 2018. Mourão, por outro lado, afirma que está focado na sua missão de vice-presidente e chegou a admitir que pode concorrer a uma vaga no Senado nas próximas eleições.
"Quando chegar a hora certa, tomaremos a decisão que for melhor, não só para o País, mas pra mim e minha família", afirmou Mourão ontem ao ser questionado sobre o assunto na entrevista à Rádio Gaúcha.
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