Advogada de vítimas fala sobre as acusações que causaram a demissão de Marcius Melhem da Globo

Por Redação 25/10/2020 09h09 - Atualizado em 25/10/2020 10h10
Por Redação 25/10/2020 09h09 Atualizado em 25/10/2020 10h10
Advogada de vítimas fala sobre as acusações que causaram a demissão de Marcius Melhem da Globo
Március Melhem - Foto: Reprodução TV Globo

Finalmente o mistério das acusações que culminaram na demissão do diretor de humor da TV Globo, Marcius Melhen foram divulgados. Em entrevista para a jornalista Mõnica Bergano, a advogada de 06 vítimas explicou o caso.

"É um chefe que se vale de sua posição para contratar ou demitir para as constranger a se envolver com ele. Houve um comportamento recorrente, de trancar mulheres em espaços e as tentar agarrar, contra a vontade delas (...) as tentar agarrar à força, inclusive usando violência", contou a advogada.

Ainda segundo a advogada das mulheres, Melhem enviava mensagens de teor sexual para as vítimas que ele decidia se iam ser escaladas para trabalhar. “Foram casos de assédio sexual mesmo. De mulheres falando não, não quero, me solta, não vou beijar, não vou ficar com você. E ele tentando, agarrando. Não tem zona cinzenta, isso é violência. E aí tem algo muito sério: ele era chefe delas. Ele tinha uma posição de poder.”, explicou a advogada criminalista Mayra Cotta, responsável pelo denúncia.

Uma das vítimas de  Marcius Melhem foi a comediante Dani Calabresa que procurou a direção da emissora em dezembro de 2019 para relatar o caso de assédio sexual. A das denúncias que resultaram na demissão de humorista, já tinham ocorrido outras denúncias contra ele.

Após o caso, a rede globo comunicou o desligamento do humorista, mas não citou os casos de assédio, afirmando apenas que era o encerramento de “parceria de sucessos”.

A advogada Mayra Cotta explicou o motivo de muitas vítimas preferirem não se identificarem publicamente e por isso terem formado um grupo para formalizar a denúncia. “Nenhuma mulher quer ser definida para sempre como uma vitima de assédio sexual. Por isso [surgiu] a ideia de eu falar em nome desse grupo. É justamente para não ‘fulanizar’. Não tornar isso a história de uma mulher. São várias as que foram vitimas.​”

Após a publicação da matéria de Bergano na Folha de São Paulo, Marcius Melhem usou o Twitter para se defender. " Sobre a matéria da Folha. Como escrever uma nota pra comentar acusações dessa gravidade? Culpados e inocentes dizem a mesma coisa. “Sou inocente.” “Vou provar na justiça”. Por isso qualquer coisa que eu diga pode soar falsa de cara", escreveu em seu primeiro post.

Na sequência Melhem escreveu: Mas preciso falar e com o tempo mostrar minha sinceridade no que vou dizer aqui. Estou disposto a reconhecer meus erros, pedir desculpas e, se possível, reparar pessoas q eu tenha de qualquer forma magoado. Quero enfrentar isso com verdade e humanidade e me expor se for preciso. Fazer jus a todos esses anos em que pautas como as do feminismo foram abraçadas pelo humor transformador em que eu acredito. Fiz parte de um grupo de homens e mulheres que se orgulha de usar o humor como um instrumento contra o preconceito. Mas mesmo abraçando profissionalmente a causa feminista, ainda combato o machismo dentro de mim, erro, posso ter relações q magoem. Tento melhorar e aprender. E queria muito falar sobre isso. Mas diante de acusações tão graves que de forma alguma cometi, o que eu posso fazer? Negar. Sei que num caso desses, ainda mais no momento que vivemos, de tanto ódio, serei culpado até provar o contrário. Então quero que tudo seja colocado às claras, expor a minha inocência e os meus erros. Quero poder pedir desculpas e cobrar responsabilidades. Vou em busca da verdade".