Caso Robinho: procurador diz que vítima foi grampeada e não se contradisse
Além da vítima, foram grampeados os acusados e testemunhas
A confiança na palavra da vítima foi um dos fundamentos que embasaram a acusação do Ministério Público de Milão contra o atacante Robinho, que acabou condenado a nove anos de prisão por estupro de uma mulher de 23 anos, em 2013.
Em entrevista ao UOL Esporte, o procurador Stefano Ammendola, que atuou no caso, afirmou que as investigações chegaram a grampear conversas da vítima com conhecidos depois do crime. E essas conversas coincidiram com o seu depoimento dado à Justiça, o que conferiu credibilidade ao seu relato.
Além da vítima, foram grampeados os acusados e testemunhas.
"As interceptações [de diálogos] servem para entender se a vítima está dando uma versão pré-constituída diferente daquela dada no imediatismo da verbalização da denúncia com o procurador ou com a polícia judiciária", explicou o membro do MP italiano. Em relação à jovem albanesa, "não houve conversas que pudessem alterar sua versão [quanto ao que havia declarado em depoimento], o que indica o índice de confiança da vítima", disse.
A reportagem conversou com Stefano Ammendola em sua pequena sala repleta de papéis, documentos e fascículos de atos processuais, localizada no quinto andar do imponente prédio que abriga o Tribunal e o Ministério Público de Milão. Na Itália, os procuradores atuam também nos processos de primeira instância - no Brasil, os representantes do MP nessa fase da acusação são os promotores de Justiça.
Com um tom de voz baixo e tranquilo, Ammendola respondeu brevemente as perguntas da reportagem.
Depois de atuar no caso que, em 2017, condenou em primeiro grau Robinho e o amigo Ricardo Falco por violência sexual de grupo, Ammendola hoje está na Divisão Antimáfia de Milão.
Apesar de o caso ter ocorrido há sete anos e a sentença ter sido emitida há três, ele veio à tona na última sexta-feira (16), após o site "Globoesporte.com" publicar a transcrição das interceptações telefônicas realizadas durante as investigações. A condenação do jogador se baseou, principalmente, no conteúdo dessas gravações.
Questionado sobre o fato de Robinho e sua defesa terem apontado supostos erros de tradução das conversas interceptadas, Ammendola respondeu que "se tratando de uma sentença de primeiro grau não definitiva, o acusado tem todo o direito de se defender na apelação. Naquela sede poderão reivindicar os próprios direitos."
"Cada um é livre de se defender como achar melhor. A pessoa pode dizer a verdade, mentir ou nem mesmo responder se quiser. Mas será a segunda instância a verificar a veracidade", afirmou o membro do MP.
Para o procurador, as investigações que acompanharam as acusações foram positivas para a sentença: "Tivemos a fase investigativa, de audiência preliminar como é previsto na Itália, a fase processual e a sentença de condenação. Então, ao menos na primeira instância, as acusações foram aceitas."
"Obviamente, um processo se funda na dialética das partes, na versão da acusação e da defesa. E lembro que os acusados foram muito bem defendidos, mas é o tribunal que decide", disse o procurador. Para ele, "as interceptações são instrumentos válidos na procura de provas porque a fala de quem é interceptado é espontânea".
Segundo a sentença, analisada por um colegiado de três juízes e assinada pela magistrada Mariolina Panasiti, a vítima foi levada para um camarim de uma boate e abusada por seis homens: Robinho e Ricardo Falco, ambos condenados na Itália, e outros quatro brasileiros que serão acusados em um processo a parte, porque não se encontravam no país ao longo das investigações.
O procurador lembra que a sentença descreve um crime com "múltiplas relações sexuais contemporâneas e consecutivas" com a vítima, "relações sexuais completas", com troca de posições entre os acusados.
Na denúncia, Ammendola havia pedido dez anos de prisão aos brasileiros, mas se deu por satisfeito com a sentença de nove anos.
Últimas Notícias
Jovem, supostamente envolvido com o tráfico, é morto a tiros na parte alta de Maceió
Governo Federal reconhece situação de emergência em Craíbas, Pariconha e Santana do Ipanema
Relator Alfredo Gaspar denuncia novos indícios de enriquecimento ilícito e fraude milionária no INSS durante depoimentos na CPMI
Jovem é baleado no rosto após discussão por apelidos em Craíbas
Cartórios do Sertão de Alagoas são inspecionados pela Corregedoria
Vídeos mais vistos
Superintendente da SMTT fala sobre mudanças no trânsito de Arapiraca
Morte em churrascaria de Arapiraca
Homem que conduzia motocicleta pela contramão morre ao ter veículo atingido por carro, em Arapiraca
Prefeitura de Arapiraca inaugura moderna UBS no bairro Teotônio Vilela

