Alagoana Marta vai virar estátua ao lado da de Pelé no Museu da Seleção Brasileira
hega a ser curioso participar de um almoço na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A etiqueta ali manda esperar o presidente chegar para que, depois dele, todos possam se servir.
Nos últimos anos, algumas intrusas apareceram para transformar o ambiente. As "regras de conduta" permanecem, mas, se antes apenas homens de terno debatiam os próximos passos do futebol, agora a cena começa a ter mulheres - algumas de terno, outras de jeans, nenhuma de salto - compartilhando a mesa.
Se não a mesa, ao menos o restaurante. Na espera pela definição de onde sentar no almoço da alta cúpula da CBF, me juntei a elas.
Há quórum para uma mesa feminina completa. Nem todas estavam presentes, mas um ano atrás não haveria nenhuma mulher nesse ambiente. Hoje, são pelo menos oito: Pia Sundhage, Bia Vaz e Lilie Persson (técnica e auxiliares da seleção feminina principal), Duda Luizelli e Aline Pellegrino (coordenadoras de seleções e de competições femininas), Jéssica Freitas (auxiliar da sub-20), Simone Jatobá e Lindsay Camila (técnica e auxiliar da sub-17).
O dia terminaria com um longo papo com Rogério Caboclo sobre futebol feminino. Quem diria que um presidente da CBF se prestaria a passar uma hora falando "só" da parte que sempre foi considerada "o limbo" na confederação.
A CBF ignorou a existência das mulheres no futebol por décadas. Hoje, com muitas exigências da Fifa, é verdade, esse cenário começa a mudar. Não a ponto de mexer no status quo - a confederação é formada por 14 diretores, oito vice-presidentes e um secretário, todos homens brancos. Mas, segundo Caboclo "há um plano a curto prazo para mexer nisso".
Se, por enquanto, ele não quis detalhá-lo, ao menos a presença de Aline e Duda na entidade dão bons sinais. Pela primeira vez, o futebol feminino é comandado por mulheres. Para os defensores do "não importa o gênero, tem que ser competente", o óbvio nem precisaria ser dito. Competência é pré-requisito básico.
Como também deveria ser básico um tratamento igual da CBF para as seleções masculina e feminina. Não foi o que aconteceu nas últimas décadas.
"Algumas gerações podem ter deixado de ser desenvolvidas, porque a gente teve poucas competições", admitiu o presidente, que também falou sobre a lacuna de um ano sem treinadores nas seleções femininas de base de outubro de 2018 a agosto de 2019. "Tem coisas que a gente tem que assumir como erro e fazer mudanças. Por isso, essas duas [Aline e Duda] estão aqui."
O primeiro passo para evoluir é reconhecer erros. E se até então a CBF não via por que investir no futebol das mulheres, hoje o mercado dá essa resposta. O Brasileiro feminino agora é patrocinado, e a seleção terá seu primeiro patrocinador exclusivo (o anúncio deverá ser feito neste mês).
Não há como marcas comprarem um produto que não está à venda. Quando CBF, federações e clubes percebem que futebol feminino é negócio e tentam vendê-lo, curiosamente aparece quem queira comprá-lo.
A invisibilidade era tanta que, no chamado Museu da Seleção Brasileira, não havia praticamente nada sobre a feminina. Ainda não foi inaugurada a nova ala, que contará a história das mulheres que vestiram a camisa do Brasil. Quando isso acontecer, para coroá-la, uma estátua de cera de Marta será colocada ao lado da de Pelé (e de uma, também nova, de Zagallo). A Rainha e o Rei mostrando que o futebol brasileiro produziu os melhores de todos os tempos.
Uma estátua não vai apagar anos de descaso, mas pela primeira vez dá para sentir que o futebol feminino está em boas mãos. Das mulheres, que foram notadas e agora assumiram o comando.
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