Aglomerações em UBS de Maceió colocam pacientes e servidores em risco

Por Américo Cavalcante/Assessoria 04/09/2020 14h02 - Atualizado em 04/09/2020 18h06
Por Américo Cavalcante/Assessoria 04/09/2020 14h02 Atualizado em 04/09/2020 18h06
Aglomerações em UBS de Maceió colocam pacientes e servidores em risco
Foto: Américo Cavalcante/Assessoria
Os servidores públicos municipais de Maceió que atuam na Unidade Básica de Saúde Carla Nogueira, localizada no Conjunto Selma Bandeira (Benedito Bentes), foram surpreendidos com o aumento do quadro de funcionários em meio à pandemia da COVID-19. A mudança é provisória e ocorreu devido a uma reforma na UBS Robson Cavalcante, mas essa realocação vem causando aglomerações e colocando trabalhadores e pacientes em risco.

O problema foi denunciado pelos próprios servidores durante uma visita dos sindicalistas Fernando Cândido e Giuliana Mafra ao local, na última quinta-feira (03). Entre as principais reclamações, está a falta de um ponto de apoio para que os trabalhadores permaneçam em segurança entre os atendimentos. Segundo Fernando Cândido, só de agentes comunitários de saúde são 24 servidores dividindo uma sala. Outro ponto levantado foi que com a realocação dos servidores houve também o aumento de pacientes, o que agrava ainda mais os riscos de contaminação. "A situação encontrada durante a vistoria é preocupante e pede medidas urgentes. Os profissionais que deveriam levar saúde para a população estão vulneráveis e podem contrair a COVID-19, contaminar seus familiares e até mesmo disseminar o vírus na comunidade em que essas equipes de saúde da família atendem", alertou.

Um servidor, que não quis ser identificado, apontou para a falta de planejamento da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió e lembrou que desde o início da pandemia todos que trabalham na UBS estão expostos ao coronavírus. "No começo nós sofremos com a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). É um problema constante e bastante comum a gente se deparar com a falta da máscara no dia a dia. Agora, além de toda a preocupação dos profissionais com a pandemia, ainda fomos surpreendidos com a notícia de que teríamos que acolher os colegas da unidade de saúde vizinha", comentou.

Outra profissional, que também preferiu manter a sua identidade em sigilo, falou sobre a dificuldade de desempenhar as funções em um ambiente aglomerado e com condições insuficientes para comportar uma equipe tão grande. "A gente tá numa salinha onde só há um computador para quatro pessoas. O certo seria ter no mínimo dois, para realizarmos a triagem. Não temos espaço e nem condições para atender os pacientes. É impossível negar que está havendo aglomeração", pontou.

No local, Giuliana Mafra, que é presidente do Sindicato dos Odontólogos de Alagoas (SOEAL), se deparou com um cenário crítico. A unidade possui apenas duas salas para atendimentos odontológicos e quatro cirurgiões-dentistas trabalhando. "É importante lembrarmos que, de acordo com o protocolo de segurança da pandemia da COVID-19 para a nossa categoria, apenas um cirurgião-dentista pode atender no ambiente, a menos que haja um distanciamento de 1,5m a 2m, por causa do risco de contaminação por aerossóis. O grande problema nesse caso, é que não existe sequer um local onde os profissionais possam ficar protegidos enquanto os outros estão atendendo", destacou. De acordo com as denúncias, os dentistas estão se revezando e, enquanto um atende, outro precisa aguardar no corredor ou em uma sala aglomerada com os demais servidores.

Após a averiguação dos problemas denunciados pelos trabalhadores, os sindicalistas assumiram o compromisso de realizar uma denúncia no Ministério Público do Trabalho. "É necessário um planejamento para que no mínimo haja um rodízio entre esses profissionais. Dessa forma o distanciamento social será devidamente cumprindo, minimizando os riscos de contaminação", concluiu Fernando Cândido.