Os conflitos que envolvem o caso dos bairros prejudicados com a exploração de sal-gema pela Braskem, em Maceió, parecem não ter fim. Recentemente, os servidores municipais que atuam dando assistência na Unidade de Saúde da Família São Vicente de Paula, situada no Pinheiro, foram notificados sobre a remoção imediata da base do bairro.

Com mais de 20 anos de atuação em movimentos sindicais, Fernando Cândido foi convidado pela atual presidente do Sindicato dos Odontologistas no Estado de Alagoas (SOEAL), Giuliana Mafra, para visitar a unidade e dedicar o seu apoio aos servidores que atuam no local e toda a comunidade. "Viemos aqui para somar forças e prestar toda a nossa solidariedade para evitar que haja a remoção precoce dessa unidade, prejudicando as pessoas que são assistidas por todos esses profissionais", comentou Fernando, que ouviu vários trabalhadores sobre preocupações que a notícia causou.

De acordo com Giuliana Mafra, a equipe, que já trabalha no local há mais de 24 anos, foi surpreendida com a informação da transferência, já que a população não será realocada de forma imediata e ficará desassistida em pleno período de pandemia da COVID-19. "É importante que a gente venha aqui pedir que a Secretaria Municipal de Saúde abra um canal de diálogo para discutir a situação. Essa realocação da comunidade não será imediata, é um processo ainda demorado (...) Inclusive, se precisarmos mesmo sair deste imóvel, nós temos outras propostas para sermos realocados em outros locais", comentou.

Em conversa com Fernando Cândido, a presidente do SOEAL também destacou que já houve uma visita prévia da Defesa Civil no local, onde foi constatado que não há nenhum proplema estrutural no imóvel. "Nós também já entramos em contato com a Defesa Civil para saber qual será o dia da nova avaliação e a previsão é após novembro deste ano, talvez ano que vem. Então não estamos entendendo o motivo dessa correria para retirar a equipe de saúde num momento em que a comunidade mais precisa da nossa assistência", indagou Giuliana.

Dona Izaura Josefa é moradora do Pinheiro há 58 anos e foi surpreendida com a notícia. Para ela, que é aposentada, a retirada da unidade causará inúmeras dificuldades. "Eu acho que é um crime tirar o posto da gente. Nós, que já somos de idade, não temos condições de nada, e agora vão tirar o posto da gente? Isso é um absurdo!", desabafou.

Anteriormente, a Unidade de Saúde também já havia sofrido outro abalo, quando uma das equipes do PSF (Programa Saúde da Família), que respondia pela assistência aos moradores do Mutange, foi afastada às pressas antes da comunidade ser retirada dos imóveis. À época, os moradores foram prejudicados com a iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde.

Para Fernando Cândido, o encontro servirá para reunir forças em torno da Unidade de Saúde e de toda a comunidade, para que a permanência dos serviços seja mantida por mais tempo. "A Dra. Giuliana, admiravelmente, está buscando dialogar com a gestão municipal para solucionar esse impasse. Não medirei esforços para colaborar nessa causa" concluiu.