O carnaval de São Paulo teve um casamento no último dia de desfile do sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Na madrugada de domingo (26), a presidente Rosas de Ouro, Angelina Basílio, recebeu uma benção de um pai de santo e assinou uma união estável antes de a escola entrar na avenida.

O enredo "Convivium - sente-se à mesa e saboreie" deu uma ideia ao carnavalesco André Machado para que o casal se casasse na avenida. “Você é maluco?”, indagou Angelina, que já é avó. A ideia, porém, agradou ao noivo, o gerente comercial Sérgio Correia Ferreira, de 51 anos. "Se a gente pudesse faria uma festa na quadra, com representantes de todas as escolas convidadas, mas a gente não conseguiria”, afirmou. A ideia surgiu como uma possibilidade de envolver a agremiação na festa.

A aproximação
Sérgio conta que, em 2012, depois que as notas das escolas de samba foram rasgadas na apuração, a Mocidade Alegre que estava na liderança acabou sendo declarada campeã. Ficou um certo clima de mal-estar com a Rosas de Ouro. No ano seguinte, organizou-se um ensaio técnico da paz com as duas escolas. O noivo que na época era integrante da Mocidade começou a prestar atenção na presidente da agremiação rival. “Eu já olhei para ela, mas a Angelina estava com a cabeça em outra coisa. Então, eu mandei um convite para sermos amigos no Facebook. Ela aceitou”, disse.

Ele puxou papo com ela em mensagens privadas. Na terceira vez, ela estava conectada e respondeu de maneira um pouco ríspida. “O que você quer comigo se você é da Mocidade?”, perguntou Angelina.

Sergio comentou que não conhecia a quadra e disse ter sentido que ela começou a “dar mole”, sob protestos de Angelina. “Mas ela não assume”, diz ele, rindo. “Eu só queria ser diplomática afinal eu sou presidente da escola”, garante Angelina.

No dia do encontro, ele entregou um livro do padre Marcelo e aproveitou para levar flores. “Ela retribuiu com uma camiseta pequena, que eu tive que dar para minha filha”, brinca Sérgio.

Mas a estratégia aparentemente deu certo. Quando ele deixou ia deixar a sala, aproveitou para dar um selinho no pretendente. “Ela segurou no meu rosto e me deu um beijo. A gente vai se ver muito a partir de hoje”, conta, orgulhoso.

A partir desse dia, o casal se aproximou rapidamente. Logo após Sergio deixar a sala, uma diretora da escola e a filha perceberam que Angelina estava diferente. “Ele mexeu com você. Você não é dessas coisas e vai arrumar logo um cara da Mocidade?”, disse uma delas. O segundo encontro aconteceu poucos dias depois.

Anjo da guarda
Angelina disse que antes do encontro teve um pressentimento. “Eu sou muito mística. Quinze dias antes ele estava, meu anjo me disse: ‘você vai conhecer uma pessoa’. Também tinha ido a uma mesa branca e tinham me dito isso. Até um pai de santo tinha dito que eu ia me casar. Não acreditei havia uns três anos que não tinha relacionamento com ninguém”, afirmou.

O amor exigiu a renúncia para Sérgio, que deixou a Mocidade e se integrou a Rosas, que tem 2,3 mil integrantes e é dirigida por Angelina há 14 anos. “Cresci na escola, mas nunca pensei em viver um momento desses”

Em 2014, Sérgio fez o pedido de casamento durante uma transmissão de um jogo do Brasil na Copa, durante uma apresentação de samba. “Ele pegou o microfone, se ajoelhei e fez o pedido. Eu me assustei”, conta Angelina.

Desfile
Neste sábado, foi Sergio quem ajudou a trazer o vestido, com quatro mil cristais swarovski e 12 metros de tule francês paetesado, mas o segredo foi mantido até a hora do sim. “Eu não vi nada. Só sei que está pesado.” O modelo off set, de mantilha em cascata no estilo espanhola, tem o acabamento em fio de seda. “Tem muita renda e muita pedraria”, conta Angelina.

Ela também usou uma coroa de 14 centímetros de altura toda banhada em ouro branco. Após a benção, o casal desfilaria no carro 4 que fala sobre o banquete de casamento. Cerca de 12 buquês seriam jogados para a plateia.