Série sobre a revolução sexual apresenta técnica para a 'cura gay'

Por Notícias da TV 10/11/2016 10h10 - Atualizado em 10/11/2016 13h01
Por Notícias da TV 10/11/2016 10h10 Atualizado em 10/11/2016 13h01
Série sobre a revolução sexual apresenta técnica para a 'cura gay'
Foto: Divulgação/Showtime
Uma pessoa pode deixar de ser homossexual? A suposta "cura gay", debatida com fervor no Congresso brasileiro em 2013, entra na série Masters of Sex, que registra a revolução sexual do final dos anos 1960. No episódio que a HBO exibe nesta sexta (11), um paciente com tendências homossexuais passa por um processo de conversão na clínica dos protagonistas William "Bill" Masters (Michael Sheen) e Virginia Johnson (Lizzy Caplan).

Um novo colaborador da clínica, o psiquiatra Art Dreesen (Jeremy Strong), sugere a Bill que seja aplicada uma técnica moderna para ajudar um paciente, Bob Drag (Danny Jacobs), a se livrar da impotência sexual.

Escala criada pelo sexólogo Alfred Kinsey


A ideia de Art é usar a escala Kinsey, criada pelo sexólogo norte-americano Alfred Kinsey, considerado o pai da revolução sexual. O livro Comportamento Sexual no Humano Macho (Sexual Behavior in the Human Male), de 1948, trouxe a primeira versão desse trabalho, resultado de entrevistas com mais de 5 mil homens realizadas durante 15 anos. A escala (figura acima) numera de zero a seis a sexualidade de um indivíduo: zero indica alguém exclusivamente heterossexual, e seis alguém exclusivamente homossexual.

Na conversa entre Art e Bob, o psiquiatra descobre que o paciente já teve duas relações homossexuais, uma na infância e outra recente, com masturbação e sexo oral em um cinema. A partir desse encontro, Bob não conseguiu mais ter ereção com a mulher. Assim, Art coloca Bob na coluna número três, como um ser igualmente heterossexual e homossexual. Após esse diagnóstico, o tratamento para a conversão se inicia.

Dois funcionários gays da clínica, Guy (Nick Clifford) e Barton Scully (Beau Bridges), observam de longe o que Art faz com o paciente e se revoltam. Barton vai até Bill, de quem é amigo de longa data e mentor, e pede que ele tome providências sobre o caso.

Kinsey e a "cura gay"

Kinsey foi um precursor de Masters e Johnson - personagens que também existiram na vida real e, igualmente, pesquisaram o comportamento sexual. Kinsey fundou um instituto de pesquisa sexual em 1947, na Universidade de Indiana.

Seu trabalho resultou em dois livros que servem como referência no campo da sexologia: Comportamento Sexual no Humano Macho (Sexual Behavior in the Human Male), de 1948, e Comportamento Sexual no Humano Fêmea (Sexual Behavior in the Human Female), de 1953.


O ator Danny Jacobs interpreta um homossexual à procura de uma "cura" em Masters of Sex
(Foto: Reprodução)

 
A escala Kinsey representou uma revolução para a época, porque rompia com a ideia de que a opção sexual tinha de ser binária (atração pelo sexo masculino ou feminino) e mostrou que existe flexibilidade na atração sexual. As primeiras pesquisas de Kinsey mostraram que 12% dos homens se encaixavam no nível três da escala, assim como o personagem de Masters of Sex.

No Brasil, desde 1999 o CFP (Conselho Federal de Psicologia) proíbe que profissionais colaborem "com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades". Em 1990, a OMS (Organização Mundial da Saúde) deixou de classificar a homossexualidade como uma doença, mas sim uma variação natural da sexualidade humana.

Masters of Sex vai ao ar na HBO às sextas-feiras, às 22h.