Perícia não deve achar digitais em arma após morte em blitz, diz polícia

Por G1 25/10/2016 08h08 - Atualizado em 25/10/2016 11h11
Por G1 25/10/2016 08h08 Atualizado em 25/10/2016 11h11
Perícia não deve achar digitais em arma após morte em blitz, diz polícia
Jovem foi morto em blitz da Polícia Militar, em João Pessoa. - Foto: Reprodução/TV Cabo Branco/Arquivo
A perícia que vai ser feita na arma que foi apreendida após o jovem Cícero Maximino ser morto por um policial militar em uma blitz não deve identificar impressões digitais, conforme explicou o delegado Reinaldo Nóbrega. A arma foi encaminhada para a perícia, no Instituto de Polícia Científica (IPC), nesta segunda-feira (24).

“A perícia, para coleta de qualquer tipo de material papiloscópico, uma impressão digital ou algo do tipo, ela está totalmente prejudicada porque várias pessoas manusearam essa arma de fogo. Ela não foi apreendida em poder do estudante, mas sim encontrada no local. Então a gente não pode nem fazer uma perícia para confronto de digitais porque ela foi manuseada por várias pessoas. Então essa perícia já está descartada”, argumentou Nóbrega.

O delegado informou que a arma não tinha numeração aparente e que essa vai ser um dos pontos investigados pela perícia. O IPC vai verificar a descrição e origem da arma, identificar o primeiro comprador e fabricante, investigar se houve permuta, se ela foi adquirida de forma lícita ou ilícita e se ela estava apta a efetuar disparos.

A arma do policial não vai passar por perícia porque, segundo o delegado Nóbrega, não há dúvidas de que o disparo que matou Cícero Maximino partiu dela. Além disso, nenhum outro projétil foi encontrado no local, sendo desnecessário fazer um confronto. O prazo para o término da perícia é de 10 dias.

Cícero Maximino da Silva Júnior foi atingido por um tiro no pescoço quando passava por uma blitz na Avenida João Maurício, na orla da praia de Manaíra, em João Pessoa, na sexta-feira (21). A Polícia Civil assumiu a investigação e aguarda imagens de câmeras de segurança da região que possam ajudar a entender como tudo aconteceu. O amigo do jovem morto pela PM nega o porte de arma e diz que não viu a blitz.

Delegado foi designado para o caso
O delegado Giovani Giacomelli foi designado para investigar o caso nesta segunda-feira. Segundo ele, a investigação da Polícia Civil conta apenas com a versão de que o disparo da Polícia Militar foi uma ação de defesa. Além disso, ele ainda informou que não foi encaminhada à Civil a mochila que teria sido encontrada pela Polícia Militar no local da morte, com “celulares e documentos de terceiros”.

O outro jovem envolvido ainda não testemunhou sobre o caso até esta segunda-feira (24). O delegado destaca a necessidade do depoimento dele. “É muito importante a família e o condutor se apresentarem para que contem sua versão. Quanto mais cedo melhor”, disse.

O delegado disse que apenas a arma que a PM informou ter sido encontrada no local foi entregue para a Polícia Civil como prova da versão policial. Conforme versão da polícia, Cícero e um outro homem, que pilotava a moto, furaram a fiscalização e tentaram atropelar um policial. Na versão do amigo do jovem morto, que se identifica como o piloto da moto, ele não percebeu a blitz e seguiu o trajeto, só vindo a parar quando notou que o amigo havia caído da moto.

Além disso, Giovani informou que se o jovem que conduzia a moto não se apresentar até a terça-feira (25) para contar a sua versão, a polícia vai tentar outros meios de chegar até ele. “Não tem inquérito fechado, ainda está sendo apurado. Ele não vai ser preso, nem a família, mas precisamos da versão”, esclareceu. De acordo com o delegado, a Polícia Civil já tem informações para chegar até o condutor da moto, caso ele não se apresente.

A arma e as munições apreendidas pela Polícia Militar e encaminhadas para a investigação da Polícia Civil já foi conduzida para o Instituto de Polícia Científica (IPC) de João Pessoa.