Inquérito indicia policiais por morte de irmãos em Maceió

Por Redação com Gazetaweb 27/09/2016 11h11 - Atualizado em 27/09/2016 14h02
Por Redação com Gazetaweb 27/09/2016 11h11 Atualizado em 27/09/2016 14h02
Inquérito indicia policiais por morte de irmãos em Maceió
Foto: Divulgação
A Polícia Civil (PC) fechou o inquérito sobre a morte dos irmãos Josenildo e Josivaldo Ferreira Aleixo, de 16 e 18 anos, respectivamente, e concluiu que eles foram assassinados pela Polícia Militar. O crime aconteceu no último mês de março, no bairro do Village Campestre, na parte alta de Maceió.

Um dos policiais que participou da ação, um cabo da PM, foi indiciado por homicídio doloso - quando a morte é intencional - no assassinato dos irmãos e por homicídio culposo - sem intenção de matar - pelo do pedreiro Reinaldo da Silva Ferreira, de 46 anos, que teria sido atingido por uma bala perdida.

Já os demais militares da guarnição do 5º Batalhão, que cobre a área do Benedito Bentes e adjacências, serão indiciados por fraude processual. Eles teriam ajudado a plantar na cena do crime uma pistola 380 como sendo de Josenildo e Josivaldo. A arma estava com a numeração raspada.

"A Polícia Civil avaliou que a pistola não procedeu nenhum disparo, mas infelizmente ela estava com a numeração raspada. O inquérito concluiu que a arma foi plantada e que a única arma que disparou foi a da Polícia Militar, que estava acautelada ao cabo", diz o advogado da família dos irmãos, Pedro Montenegro.

Ele acrescenta que o resultado era o esperado. "A forma como o inquérito foi conduzido é tecnicamente irrepreensível. Ele está recheado de provas testemunhais e periciais e o relatório encaminhado à Justiça se baseou nisso; é uma conclusão muito consistente e dificilmente isso poderia será revisto no processo penal".

Uma nota sobre a conclusão do inquérito ainda deve ser emitida pela Polícia Civil.

O crime
O caso aconteceu no bairro do Village Campestre e, na época, os policiais alegaram uma troca de tiros com os irmãos. Os garotos estariam com a pistola 380 e uma espingarda e teriam disparados contra os militares. Os familiares sempre negaram que eles estivessem armados e alegaram que os dois tinham problemas mentais.

Segundo testemunhas, os PMs já teriam chegado ao local agredindo e atirando. A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB-AL), chegou a cobrar rigor na investigação do episódio. Uma comissão de delegados foi designada para investigar a situação.

A conduta dos militares também foi submetida à avaliação da Corregedoria da Polícia Militar. Uma reprodução simulada foi feita no dia 13 de julho, sem a presença dos envolvidos, e teve como objetivo verificar as narrativas de todos os suspeitos e testemunhas.