Petição online com mais de 30 mil assinaturas pede que Pânico na Band saia do ar

Por R7 25/12/2015 16h04
Por R7 25/12/2015 16h04
Petição online com mais de 30 mil assinaturas pede que Pânico na Band saia do ar
Foto: R7
O Pânico na Band voltou a ganhar destaque na mídia na manhã desta terça-feira (15), após uma petição online com mais de 30 mil assinaturas, solicitar que o programa saia do ar. O motivo da mobilização foi a cobertura feita no começo do mês durante o Comic Con Experience, em São Paulo.

Uma equipe foi cobrir o evento de cultura pop e um dos repórteres lambeu a entrevistada. Na época, Myo Tsubasa, a vítima, fez um desabafo em sua rede social sobre o ocorrido.

— Eu já estava passando mal mesmo de calor. Me aparece um homem e uma menina, caracterizados já de uma forma ridícula, e nos puxam com a maior grosseria do mundo, sem nos perguntar se queríamos dar alguma entrevista ou fazer aparição, simplesmente nos agarraram grosseiramente para frente de uma câmera com uma luz absurda de intensa já na nossa cara.

Sobre o caso, o site Omelete, que produz o evento, publicou uma nota de repúdio e um aviso sobre a proibição da presença do Pânico na Band nas próximas edições. Leia na íntegra:

"Na CCXP - Comic Con Experience, todas as pessoas são bem-vindas e incentivadas, sem preconceitos, a ser quem são - ou quem desejam ser. É um ambiente harmonioso que defendemos, um lugar onde cosplayers, nerds, gamers, cinéfilos, leitores de quadrinhos e simples curiosos convivem com respeito. Numa convenção de cultura pop, o contrato social que sonhamos para nós - em que toda diferença é aceita e celebrada - torna-se realidade.

É com tristeza e um sentimento de desgosto, então, que assistimos à maneira como o programa Pânico na Band, incapaz de lidar com o diferente, traz para dentro da CCXP seus preconceitos de gênero e seu franco desrespeito, entrevistando cosplayers com grosseria - chegando a lamber uma visitante. Depois desse incidente lamentável o Pânico na Band foi banido da CCXP 2015 e de todas as atividades organizadas a partir de hoje.

Não se trata aqui de discutir limites de humor. A cobertura do Pânico na Band da CCXP 2014, inclusive, foi muito bem-humorada e eles foram credenciados para a nova edição dentro desse espírito. No entanto, assédios moral e sexual são temas seríssimos e preocupações constantes em convenções de cultura pop no mundo inteiro - assim como fora delas. As atitudes do Pânico na Band dentro da CCXP representam um retrocesso que não podemos aceitar. Ninguém pode, não mais.

O senso de humor é um componente fundamental do cosplay. Nesta segunda-feira a web ainda se diverte com as imagens dos trajes mais inventivos que passaram pelos quatro dias da convenção, do meme de Pulp Fiction às crianças vestidas de Coringa. Mas o cosplay também é uma forma de expressão que ajuda muita gente a fantasiar, com segurança, com aquilo que deseja para si. Pessoas aderem ao cosplay para se tornarem mais fortes, usando a interpretação e a confecção de seus trajes para lutar contra quadros de depressão, para manifestar sua sexualidade, para trabalhar sua auto-estima, como um super-herói.

O Omelete, que integra a organização da CCXP, repudia com indignação a postura inaceitável do Pânico na Band porque ela desmancha esse encanto do qual depende qualquer convenção de cultura pop. Mas os cosplayers, os nerds, os gamers, os cinéfilos e os leitores de quadrinhos são maiores, mais unidos e mais fortes. E um dia o contrato social de tolerância que estabelecemos dentro dessas convenções vai se espalhar porta afora, como um coro."