Padre Fábio de Melo se surpreende com história de vida de travesti

Por Redação com Bol Notícias 11/12/2015 16h04
Por Redação com Bol Notícias 11/12/2015 16h04
Padre Fábio de Melo se surpreende com história de vida de travesti
Foto: Reprodução
O padre Fábio de Melo dividiu uma experiência humana valiosa que viveu com os fiéis durante uma pregação na Canção Nova, em São Paulo, no último domingo (6).

Convidado para o aniversário da cantora Alcione na quadra da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, na zona norte do Rio de Janeiro, o sacerdote contou que ficou constrangido ao tirar uma foto com travesti que estava no evento, porém se surpreendeu, em seguida, ao saber a história de vida de Luana Muniz. Maria Helena, irmã de Alcione, disse ao padre Fábio de Melo que ele pratica caridade com moradores de rua na Lapa, no Centro do Rio.

A atitude do padre, elogiada por uns, também foi criticada por outros e causou certa polêmica na web. Nas redes sociais, algumas postagens censuraram o gênero que o sacerdote dirigiu à travesti.
Uma página voltada ao público LGBT, critica o fato de Fábio ter “reconhecido a humanidade” de Luana após saber dos trabalhos sociais que ela realizava.

Confira alguns trechos do depoimento do padre Fábio de Melo:

"Semana passada eu vivi uma situação. A Alcione me convidou para estar no aniversário dela, lá na quadra da Mangueira... Fiquei lá por uma hora mais ou menos... Mas o que me chamou a atenção foi um travesti que estava lá. Posso confessar uma coisa para vocês? Quando eu vi, ele estava olhando para mim (pausa). E olha que eu não sei ficar sem graça... Mas sabe o que me ocorreu? Vou confessar publicamente a minha hipocrisia: 'Meu Deus do céu, se esse rapaz pedir para tirar uma foto comigo? Como que eu vou reagir?'(pausa). Independente de qualquer julgamento, estou confessando a hipocrisia do meu coração naquela hora. Muitas pessoas começaram a se encorajar para tirar foto comigo. E ele (o travesti) lá do fundo olhando. Quando, de repente, eu só vi a sombra dele na minha direção, e o meu preconceito, o medo de me expor, tudo vindo à tona. Que coisa horrorosa isso em nós... Como se eu fosse melhor. Isso é mesquinho, é vergonhoso o que eu estou dizendo pra vocês".

"Aí ele veio, com um vestido longo e falou pra mim: 'O senhor costuma tirar fotos com pecadoras?'. E eu percebi que tinha uma ironia ali. E eu respondi: mas é claro! E abracei ele e tiramos a foto. Antes de sair, ele disse: 'eu não acredito que o senhor permitiu'. E os olhos dele estavam emocionados. Assim que ele saiu, Maria Helena, a irmã da Alcione, me contou a história. Ela disse que ele mora na Lapa e criou um grupo que alimenta e recolhe todos os miseráveis daquela região. Ele dá banho, alimenta, não tem nojo de ninguém. E faz de tudo para aquela pessoa retornar à vida. E não é só isso. Ele torna-se uma espécie de vigilante, protegendo os moradores..."

"Quando ela me contou aquela história, eu comecei a unir as coisas dentro de mim. Eu não entro no mérito da questão da vida que ele leva, vamos deixar que Deus faça isso. Não sou síndico da Eternidade. Agora, que é um tapa na cara da gente, é!

"Aquele que você enxerga e que, naturalmente, provoca um desconforto por ser tão diferente de nós, não sabemos quantas coroas da dignidade foram recolocados na vida daquela pessoa quando ele alimenta o próximo. Você é cristão e nem sempre está disposto a cuidar de quem está doente, colocar dentro da sua casa e dar de comer".

"Não cabe nenhum julgamento do lado de lá, cabe aqui. Quando Deus coloca essas pessoas diante de nós, é para desmoronar os castelos de ilusão que nós criamos dentro. Como se o nosso cristianismo tivesse pronto. Como se nós já tivéssemos chegado ao último estágio dessa santidade que Deus nos convida. Não, eu ainda me envergonho dos que são diferentes de mim. Eu ainda tenho medo de ir ao encontro daqueles que precisam de mim. E a palavra de Paulo é dura: a missão de vocês é junto daqueles que estão necessitados".