Coletiva com Bispo Dom Valério discute violência nas igrejas

Por Redação com Assessoria 24/07/2015 15h03
Por Redação com Assessoria 24/07/2015 15h03
Coletiva com Bispo Dom Valério discute violência nas igrejas
Foto: Assessoria
Os constantes assaltos – em muitos dos casos com agressões físicas – aos religiosos em Igrejas Católicas em todo o estado de Alagoas, foi tema de uma entrevista coletiva concedida pelo bispo de Penedo Dom Valério Breda, na manhã desta sexta-feira (24), na Casa Paroquial da Concatederal de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Arapiraca.

A coletiva contou também com a presença da prefeita Célia Rocha (PTB), do comandante do Terceiro Batalhão de Polícia de Arapiraca, coronel Wellington Bittencourt, do comandante do Policiamento de Área, tenente-coronel Wilson Santos, do Secretário da Paz, Jardel Aderico do deputado federal Givaldo Carimbão (Pros), do vereador Fabiano Leão (Pros), representando a Câmara Municipal de Arapiraca, além de secretários municipais.

Ao abrir a coletiva, o bispo Dom Valério Breda ressaltou a importância da participação da imprensa no combate à violência com a divulgação dos fatos. Dom Valério Breda apresentou a imprensa um documento contendo vários pontos considerados, por ele, como um dos principais fatores que contribuem para o chamamento da marginalidade, como guardar dinheiro da coleta (ofertas dos fiéis) dentro das Casas Paroquiais.

“As pessoas estão com medo. Nossas igrejas estão sendo alvos dessa violência e, por conta disso, determinei que os padres ligados à Diocese de Penedo não guardem mais recursos financeiros e objetos de valor dentro das igrejas”, salientou o bispo, solicitando o apoio da sociedade e das autoridades.

“Guardar dinheiro chama a atenção dos bandidos, que veem a oportunidade em praticar atos covardes contra os nossos religiosos”, disse o bispo.

Dom Valério lembrou que também já foi vítima da violência quando sofreu um assalto. “As vítimas ficam traumatizadas quando sentem uma arma apontada para a cabeça”, disse ele.

Mostrando preocupação com a degradação da família, a prefeita Célia Rocha (PTB) disse que já está mais do que na hora da volta de Jesus Cristo, porque só Ele poderá resolver esses problemas da violência, apesar de todo o esforço das autoridades para reverter este quadro que ela também considera como o final dos tempos.

Célia Rocha lamentou a violência enfrentada pelos sacerdotes e devotos da Igreja Católica e disse que a sua administração estava à disposição das autoridades eclesiásticas e das polícias para garantir mais segurança à população.

“As igrejas são espaços que as pessoas procuram para buscar orientação e conforto espiritual. É um absurdo o que está acontecendo. Estamos tristes e, ao mesmo tempo, unidos em defesa da segurança e garantia de vida das pessoas”, disse a prefeita.

Já para o tenente-coronel Wilson Silva, do Policiamento de Área, a polícia vem fazendo um trabalho de inteligência, mapeando esses locais onde aconteceram os assaltos aos religiosos.

O deputado federal Givaldo Carimbão disse que os valores estão invertidos e que é preciso um combate mais efetivo nesta prática.

“Hoje, já nem podemos mais orar em paz sem corrermos o risco de sermos surpreendidos dentro das igrejas”, disse o deputado.

Segundo o bispo Dom Valério, os relatos das vítimas – na maioria os próprios padres – são sempre os mesmos.

Os bandidos chegam às igrejas, se passando como fies, assistem as missas e depois retornam para praticarem os crimes.

Há dois meses aconteceu um assalto a Igreja de Santa Luzia do Norte, quando no final do dia, segundo o pároco Luciano Soares, trabalhadores faziam reparos na estrutura física da Igreja Santa Luzia de Siracusa e foram surpreendidos. As vítimas foram obrigadas a deitar no chão e ameaçadas de morte. Aos gritos eles perguntavam pelo cofre e pela chave da Casa Paroquial e em seguida recolheram os aparelhos celulares de todos, um notebook, um aparelho de televisão, um aspirador, dois cálices, cerca de quatro mil reais e fugiram no carro da igreja, um Polo branco, placa ORE 1921 (AL).

Ainda segundo o padre, antes de irem embora um dos assaltantes lhe aplicou coronhadas em sua cabeça e lhe desferiu dois socos.

O caso mais recente aconteceu em Boca da Mata, onde os bandidos invadiram uma igreja e roubaram dinheiro e pertences dos religiosos.

Em todo o estado de Alagoas, desde o ano passado, quando os assaltos tiveram início, foram 13 casos, onde a polícia resolveu 7, prendendo seus envolvidos.