Perícia expõe incoerência em relato sobre morte de agente penitenciário

Por via G1 Alagoas 17/07/2015 08h08
Por via G1 Alagoas 17/07/2015 08h08
Perícia expõe incoerência em relato sobre morte de agente penitenciário
Foto: Divulgação/Ilustração
Ao concluir o inquérito, nesta quinta-feira (16), sobre a morte do agente penitenciário Joab Nascimento de Araújo Júnior, 30, ocorrido no dia 13 de maio em um bar no Centro de Maceió, a Perícia Oficial do Estado de Alagoas (PO-AL) expôs que o laudo não foi capaz de descartar ou comprovar algum tipo de reação da vítima e que há incoerências nos relatos de testemunhas.

De acordo com a assessoria da PO-AL, a principal dúvida era saber o que cada uma das seis testemunhas e os três integrantes da guarnição do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) presenciaram no local do fato.

Uma das conclusões que o laudo apresenta é que houve incompatibilidade no depoimento de uma testemunha com a viabilidade dos fatos. Esta testemunha afirmou, durante a simulação, ter visualizado o momento em que Júnior foi atingido. Porém, os peritos comprovaram que não era possível visualizar o ocorrido devido a obstrução do campo de visão por barreiras físicas.

O relatório sobre o caso também indica que todos os participantes afirmaram que durante a ação do Bope, o policial que abordava Júnior verbalizou e repetiu diversas vezes os comandos de identificação da polícia e, que era para Júnior colocar as mãos na cabeça e se levantar, mas o agente penitenciário não respondeu e nem colaborou com a abordagem.

Os peritos ainda afirmaram que as únicas versões apresentadas na reprodução que não demonstraram contradições com os depoimentos foram as da gerente do bar e dos policiais da guarnição.

Segundo o documento, no laudo não é possível afirmar se a vítima estava ou não com os braços levantados ou se estava com a arma na mão, como afirmaram os integrantes do Bope, por não possuir elementos técnicos suficientes.

Ainda segundo a assessoria, para chegar a essas conclusões os peritos basearam-se nos depoimentos, nas duas acareações e nas circunstâncias do ambiente durante a reprodução simulada.

A reconstituição ocorreu no dia 12 de junho e foi solicitada pela Delegacia de Homicídios, após a confirmação de que a perícia não foi acionada para examinar o local no dia do crime e depois de contradições nos depoimentos e nas acareações realizadas durante as investigações.

Foi utilizado como recurso tecnológico um software tridimensional, que construiu vários croquis e que mostraram no laudo o posicionamento de todos dentro do bar no momento em que Júnior foi atingido com um tiro.

Os peritos relataram que apesar do inquérito já ter sido enviado ao Ministério Público indiciando o cabo da PM por homicídio doloso, sem o laudo da reprodução simulada, ele deverá ser adicionado ao documentos do caso.

Entenda o caso

O agente penitenciário foi ferido no dia 13 de maio e faleceu na manhã seguinte. Ele foi foi baleado na região no abdômen e chegou a ser socorrido para o HGE, mas não resistiu aos ferimentos.

A versão apresentada pela equipe do Bope é que a vítima reagiu à ação policial. Segundo os militares, a ocorrência começou quando duas mulheres acionaram a guarnição do Bope informando que dois homens estavam tentando aliciá-las dentro de um bar.

Ainda de acordo com o Bope, a guarnição entrou e revistou todo mundo, mas o agente se negou a passar por revista. A polícia disse ainda que ele chegou a sacar uma arma e, por isso, foi baleado.

Apesar da afirmação dos militares, testemunhas rebatem, afirmando que Nascimento e o amigo estava apenas bebendo quando o Bope chegou.

 
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