Elaine Kundera formaliza denúncia contra sargento da PM por homofobia

Por via G1 Alagoas 23/06/2015 08h08
Por via G1 Alagoas 23/06/2015 08h08
Elaine Kundera formaliza denúncia contra sargento da PM por homofobia
Foto: Divulgação
A cantora Elaine Kundera esteve na 61ª Promotoria de Justiça da Capital, órgão do Ministério Público Estadual (MP-AL), nesta segunda-feira (22), para formalizar uma denúncia contra a sargento da Polícia Militar (PM) identificada como Léa Soares por homofobia. A militar teria atirado na direção da cantora, que ficou ferida no braço por estilhaços da bala.

O caso ocorreu no bar "Vou Alí" , localizado no bairro da Jatiúca, em Maceió, na noite de sexta-feira (19). Em depoimento ao promotor Flávio Gomes de Barros, Elaine diz estar assustada.

"Eu tenho que deixar de ser quem eu sou? Eu vou ter que ficar anônima pro resto da minha vida? Eu estou com medo. Essa mulher entrou atirando. Ela poderia ter matado três pessoas, porque o rapaz ainda dominou ela e tirou a arma da mão dela, porque ela ia descarregar o revólver em alguém. Eu estou com medo", desabafa a cantora.

O promotor Flávio Gomes de Barros disse que "em um primeiro momento, as vítimas serão ouvidas, e o Ministério Público não compactua com nenhum tipo de violência e trabalhará para que os culpados sejam punidos".

Ele afirma também que não há confirmação do crime de homofobia, e que será preciso investigar o caso. A PM e a corregedoria do órgão serão acionadas, pois a sargento Léa também é suspeita de abusar da patente.

Para o presidente da comissão de defesa das minorias da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoasx (OAB-AL), Alberto Jorge Ferreira, houve a tentativa real de homicídio.

"Ninguém chega em um local, aponta uma arma para alguém sem essa intenção. Se ela não quisesse matar, não tinha apontado a arma, tinha disparado longe de todo mundo. Não se pode criar guetos em Alagoas. No local onde funciona o bar existem outros estabelecimentos. Não há motivo para essa violência especificamente", defende Ferreira.

A dona do bar, Neide Lima, também esteve na promotoria e disse que vem se preparando para a abertura do estabelecimento há dois meses, pagando um aluguel de mais de R$ 3 mil, mas até agora não conseguiu abrir realmente.

"Abri a primeira vez no dia 12 de junho, e o coronel [marido da sargento Lea] entrou e afastou todo mundo. Até o cantor não quis mais cantar. Depois, tentei de novo com a Elaine e aconteceu isso. Estou com medo de ir ao local. Fui com o dono do espaço apenas para desligar o freezer", afirma Neide.

A proprietária do bar também conseguiu as imagens da câmera de segurança de um prédio próximo. O vídeo registra o momento em que a sargento entrou no estabelecimento e efetuou os disparos.

A cantora Elaine Kundera informou que vai passar por exame de raio-x ainda essa semana, para saber se tem mais estilhações de bala no braço dela. Até agora, apenas um foi retirado, mas há a possibilidade de haver outros.

Relembre o caso

De acordo com testemunhas, a militar chegou ao local reclamando do volume do som. Ela estava acompanhada do marido, que é coronel da PM.

“Ela chegou gritando, falando que queria dormir. Apontou a arma para a Elaine, depois atirou no chão. Foi uma correria. As pessoas tentando sair. Depois ela atirou mais duas vezes. Por sorte não pegou em ninguém”, contou uma cliente, que pediu para não ser identificada.

Segundo a Polícia Civil (PC), foram deflagrados três tiros. Elaine Kundera ficou ferida no braço com os estilhaços.

Ainda de acordo com a PC, a sargento, a cantora e testemunhas foram levadas para a sede do Complexo de Delegacias Especializadas (CODE), no bairro de Mangabeiras. Após prestar depoimento à delegada Paula Mercedes, a militar foi autuada em flagrante por lesão corporal, disparo em via pública e ameaça.

A militar foi levada para o Quartel Geral da PM. A assessoria da Polícia Militar confirmou na manhã deste sábado que 'Lea' está detida, mas não passou maiores informações sobre o caso.


Curta a página oficial do Já é Notícia no Facebook e acompanhe nossas notícias pelo Twitter.