Arapiraca registra 2.234 casos de suspeita de dengue, desde janeiro

Por Niel Antonio 05/06/2015 07h07
Por Niel Antonio 05/06/2015 07h07
Arapiraca registra 2.234 casos de suspeita de dengue, desde janeiro
Foto: Divulgação
Em todo o município de Arapiraca, desde janeiro até o início de junho deste ano, já foram registrados 2.234 casos de pessoas notificadas com suspeita de dengue, o que deixa a administração da cidade em alerta para correr contra o tempo, buscar medidas protetivas e travar uma luta severa contra o mosquito transmissor da doença. De 2013 para 2014, os números foram altos, apesar da redução de pouco mais de mil casos constatada de um ano para outro.

Comparando com o mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 1.451 casos, já houve aumento de 54%, representados nos 783 casos a mais. De acordo com o Boletim Informativo de Dengue (BID), elaborado pelo Setor de Informação e Análise em Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde da cidade, de 2013 para 2014 houve uma redução de 28% dos casos. Enquanto naquele ano, 3.647 pessoas deram entrada nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou hospitais, em 2014 foram contabilizados 2.637 casos de suspeita de dengue.

Levando em consideração que estamos na metade do ano, se os números dos demais meses deste ano permanecerem, a cidade corre o risco de ter, até o final de dezembro de 2015, cerca de 4.468 casos, número bem maior do que o que foi divulgado em 2014, representando aumento de 69% na quantidade de casos de pessoas possivelmente infectadas.

De acordo com a coordenadora da Superintendência da Vigilância em Saúde de Arapiraca, Aglai Tojal, a presença do mosquito na cidade é considerada de alto risco à população, uma vez que o Índice de Infestação Predial na última avaliação foi de 8,6%, sendo aceitável pelo Ministério da Saúde o índice de 1%.

Ainda, segundo Aglai Tojal, o sistema não está tendo disponibilidade de fornecer os dados sobre o número de casos de suspeita de dengue e isso está sendo feito manualmente, com a coleta de dados nas Unidades Básicas de Saúde e também nos hospitais da cidade, semanalmente.

10 casos de dengue confirmados na Comunidade Bom Nome, nos últimos 12 dias


Algumas microrregiões da cidade têm apresentado um número elevado de pacientes que precisaram de atendimento médico, por apresentarem os sintomas da doença. É o caso da Comunidade Bom Nome, zona rural de Arapiraca, onde cerca de 10 moradores contraíram a dengue, nos últimos doze dias. A população pede uma maior atenção da prefeitura da cidade, no sentido de promover medidas protetivas, com a presença mais assídua dos agentes de endemias na região, onde residem, em média, 50 famílias.

A preocupação dos moradores se justifica no fato de que os sintomas da dengue podem demorar de três a 15 dias, sendo mais comum de cinco a seis dias, para se manifestarem no corpo do indivíduo, havendo a possibilidade de aumento do número de pessoas com o mesmo problema naquela região.

Os pais de Lucélia Barbosa, 30 anos, o senhor Luiz Barbosa de Albuquerque, 67 anos, e a senhora Terezinha Brito de Albuquerque, 58, começaram a sentir os sintomas da dengue, no último domingo (31), quando foram levados ao 5º Centro de Saúde de Arapiraca. A partir dos exames, foi constatado o tipo 1, a conhecida Dengue Clássica, muitas vezes confundida com a gripe,. “Os meus pais estão indo para o 5º Centro, todos os dias, para tomar soro e fazer o exame, para saber se as plaquetas melhoraram”, informou Lucélia.

Mas um fato curioso incomodou a jovem, antes de chegar com seus pais à unidade de saúde, ao presenciar o acúmulo de entulhos nas proximidades do prédio. De acordo com Lucélia, a permanência do lixo naquele local pode desencadear na proliferação maior dos mosquitos Aedes aegypti e, consequentemente, causar aumento no número de pessoas infectadas naquela região.

“Estamos fazendo a nossa parte, pois a gente sempre mantém as caixas d’água fechadas. Como aqui é sítio e os moradores plantam hortaliças, o cuidado é redobrado, além de colocarmos o lixo dentro de sacolas. Meu pai e minha mãe estão doentes, além de minha cunhada que mora em outra residência”, afirmou Lucélia.

Até o momento, o caso mais grave registrado na comunidade é o de uma jovem identificada como Laryssa, 19 anos. Após ser diagnosticada com dengue, ela foi encaminhada para o Hospital Chama, onde continua internada.

De acordo com a gerente da Unidade Básica de Saúde do bairro Carrasco, que atende a Comunidade Bom Nome, identificada com Myrna Albuquerque, foi realizada uma ação na área, há quinze dias. Segundo ela, no ano passado o número maior de casos foi registrado justamente naquela região. Na oportunidade, os mutirões foram intensificados e equipes de agentes de endemias foram deslocadas para alertar a população e aplicar os procedimentos necessários. Myrna contou, ainda, que durante visita a uma residência em que todos haviam contraído a dengue, foram encontrados focos do mosquito nas imediações da casa.

Segundo a coordenadora da Superintendência da Vigilância em Saúde de Arapiraca, Aglai Tojal, a Área Técnica da Promoção da Saúde já está organizando mais um mutirão com todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município.

“O mutirão é uma ação feita, onde as unidades básicas tem que se envolver, porque elas acionam todos os seguimentos da comunidade para a coleta de lixo, a orientação da população sobre o armazenamento da água e condicionamento adequado de objetos ao redor das residências, para não deixar lixo destampado ou garrafas e brinquedos de crianças que possam acumular água”, ratificou Aglai Tojal, ao demonstrar maior preocupação sobre o armazenamento irregular da água, onde os índices da presença do mosquito são maiores.

Prefeitura de Arapiraca afirma ter realizado mutirão em combate à dengue na cidade

A Prefeitura de Arapiraca, por meio de sua Assessoria de Comunicação, informou que o combate ao mosquito transmissor da dengue está sendo articulado por meio de mutirões de ações nos bairros, comunidades e Unidades Básicas de Saúde do município. O último foi realizado nos meses de março, abril e maio, quando houve a intervenção de agentes de endemias e profissionais da saúde em toda a cidade. Segue o cronograma abaixo:

03/03 – Planalto (manhã)
25/03 – Senador Nilo Coelho (manhã)/ Padre Antônio Lima Neto (tarde);
26/03 – Cacimbas (manhã)/ 2º Centro de Saúde, na Baixa Grande (tarde);
31/03 – Massaranduba (manhã)/ Primavera (tarde);
01/04 – São Luiz II (manhã);
07/04 – Vila Fernandes (manhã)/ Vila Capim (tarde);
08/04 – Vila São Francisco (manhã)/ 4º Centro de Saúde, no Itapoã (tarde);
09/04 – Senador Arnon de Mello (manhã)/ Baixão (tarde);
14/04 – Pau d'Arco (manhã)/ Baixa da Onça (tarde);
15/03 – Canaã (manhã)/ Raicho Seco (tarde);
16/04 – Bananeira (manhã)/ Poção (tarde);
22/04 – Cangandú (manhã)/ Pé Leve (tarde);
23/04 – Carrasco (manhã)/ Vila Aparecida (tarde);
24/04 – Bom Jardim (manhã);
28/04 – Laranjal (manhã)/ Boa Vista (tarde);
29/04 – Vila São José (manhã);
30/04 – Manoel Teles (manhã)/ Bom Sucesso(tarde);
04/05 – Caititus (manhã)/ Canafístula (tarde);
05/05 – Zélia Barbosa Rocha (manhã)/ Teotônio Vilela (tarde);
06/05 – Batingas (manhã)/ Conjunto Brisa do Lago, no Olho d'Água dos Cazuzinhas (tarde);
07/05 – Cavaco (manhã)/ Brasília (tarde); e
12/05 – 5º Centro de Saúde, no Centro (manhã)/ Bom Jardim (tarde).

Segundo o secretário de Saúde, Ubiratan Pedrosa, o trabalho é para conscientizar a população de que seu papel deve ser feito no dia a dia no combate ao mosquito transmissor da dengue. Se caso o arapiraquense sinta os sintomas característicos – como febre e dores nas articulações, cabeça e músculos –, o ideal é beber bastante líquido e que ele se dirija, o mais rápido possível, a uma UBS para o diagnóstico ser feito.

De acordo com o Boletim Informativo de Dengue (BID), elaborado pelo Setor de Informação e Análise em Saúde, da SMS, os meses de maio e junho de 2014 apresentaram altos índices de incidência de dengue nos postos e hospitais, o que só aumenta a necessidade de uma preocupação maior para este período, devido às chuvas. O cronograma do próximo mutirão ainda não foi divulgado.

Medidas alternativas de proteção


Em outros estados brasileiros, um peixinho vem sendo aliado no combate à dengue. É o Lebiste, de apenas 2cm, que consome as larvas do mosquito e impede sua proliferação em tanques, piscinas e caixas d’água, além de bebedouros de animais de grande porte. Também conhecido como “Barrigudinho”, o peixe chega a comer cerca de cem larvas ao dia, impedindo que o mosquito se desenvolva, além de consumir insetos que caem nos reservatórios.

Na semana passada, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) doou cerca de 50 mil peixinhos à Prefeitura de Arapiraca, o que pode fortalecer ainda mais o combate ao mosquito da dengue. Os peixes se reproduzem com rapidez e devem ser distribuídos nas comunidades.

Orientações são dadas pelas equipes das UBS de cada bairro, membros da Promoção da Saúde e agentes de endemias do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), para evitar que a desova do Aedes aegypti se dê em calhas e pneus com acúmulo de água, em garrafas viradas para cima, em pratos de plantas ou em caixas d'água mal tampadas.

A Prefeitura de Arapiraca informa que, para combater a dengue, estão sendo realizadas capacitações aos profissionais da saúde e também de agentes de endemias, além da promoção de políticas públicas voltadas à divulgação e conscientização da população sobre o combate e os riscos da doença. O monitoramento dos casos está sendo supervisionado por médicos que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município.

A população também deve ficar atenta e fazer sua parte, pois, segundo a gestão pública, 80% das larvas do mosquito encontram-se presentes em água limpa, em depósitos em nível do solo, nas residências.

Fique atento aos sintomas da doença:
 

Pacientes devem ficar atentos aos sintomas da doença (Imagem: Divulgação).


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