Projeto da terceirização entra na pauta do Senado

Por Redação com Opovo 25/04/2015 19h07
Por Redação com Opovo 25/04/2015 19h07
Projeto da terceirização entra na pauta do Senado
Foto: Divulgação
O projeto de Lei 4.330/2004, que regulamenta a terceirização de trabalhadores, deve chegar ao Senado nesta segunda-feira (26). Depois de ter recebido mais de 200 emendas, o texto foi aprovado na noite da última quarta-feira na Câmara, onde está sendo concluída a redação final.

Polêmica, a proposta deve receber alterações. O presidente do Senado, Renan Calheiros, e os líderes das duas maiores bancadas, Eunício de Oliveira (PMDB-CE) e Humberto Costa (PT-PE), já disseram que não concordam com alguns pontos. Além disso, outros senadores já foram à tribuna criticar o projeto.

Renan decidiu convocar uma sessão temática em Plenário para debater a proposição com os senadores e chegou a dizer que a terceirização não poderia ser “ampla, geral e irrestrita” e não permitiria um drible contra o trabalhador. “Vamos fazer uma discussão criteriosa no Senado. O que não vamos permitir é pedalada contra o trabalhador. O projeto tramitou 12 anos na Câmara. No Senado, terá uma tramitação normal’”, disse.

Assim como o presidente Renan Calheiros, o líder petista Humberto Costa mostrou-se contrário à mudança central feita pelo projeto, que permite às empresas contratar trabalhadores terceirizados para suas atividades-fim. Ele garantiu que, se depender do PT, a proposta não passará no Senado do jeito que foi aprovada pela Câmara. “Não há qualquer negociação que possamos abrir sobre atividade-fim das empresas. Ou ela sai do projeto, ou votaremos contra”, advertiu.

O líder do PMDB, Eunício de Oliveira (CE) também defende alterações. Para ele, terceirizar atividade-fim é um erro. “A terceirização é importante e moderniza o país, mas não pode ocupar espaço na atividade-fim de qualquer empresa do Brasil”, afirmou ele em entrevista à imprensa.

Regra é clara

Pelas regras do Congresso, se o Senado fizer mudanças no projeto, ele deve retornar para nova votação na Câmara antes de seguir para sanção presidencial. Assim, os deputados ficam com a palavra final sobre a terceirização.

A ideia é que o projeto tramite em pelo menos cinco comissões permanentes da Casa, que vão realizar audiências públicas com vários setores envolvidos no assunto.

Senadores contrários à versão aprovada na Câmara também querem sessões temáticas, no plenário do Senado, para discutir o assunto em profundidade. “Vai ser uma tramitação normal. Essa matéria tramitou durante 12 anos na Câmara dos Deputados (desde 2004). No Senado, vai ter uma tramitação normal”, concluiu Renan.

Pelo projeto aprovado, as empresas podem contratar trabalhadores terceirizados em qualquer ramo de atividade para execução de qualquer tarefa, seja em atividade-fim ou meio. Atualmente, a terceirização é permitida somente em atividades de suporte, como limpeza, segurança e conservação, nos termos da Súmula 331, do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

A lei não vale para trabalhadores domésticos. Emenda aprovada no Plenário da Câmara também vedou a aplicação para guardas portuários.

As fornecedoras de mão de obra pagarão alíquota de 11% sobre a receita bruta para a Previdência Social. Se as normas da lei forem violadas, a empresa infratora estará sujeita a multa igual ao valor mínimo estipulado atualmente para inscrição na dívida ativa da União (R$ 1 mil) por trabalhador prejudicado.