11 milhões de usuários deletaram seus perfis no Facebook nos últimos dias
Onze milhões de usuários cancelaram suas contas na rede social Facebook. Segundo as pesquisas realizadas, cerca de metade desses usuários explicam a sua decisão com os receios pela manutenção da sua privacidade na Internet.
Como impulso para a eliminação das contas serviram as notícias recentemente publicadas sobre a vigilância que exerce na Internet a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA.
Quase 9 milhões de pessoas nos EUA e 2 milhões no Reino Unido decidiram sacrificar as fotografias, vídeos e outras informações a que se deram tanto trabalho para acumular ao longo de muitos anos nas suas contas do Facebook.
Contudo, não foi em todos os países que a ameaça de vigilância e de perda de privacidade foi levada a sério. Segundo a pesquisa realizada pelo site da Voz da Rússia, na Alemanha só 10% dos respondentes eliminaram as suas páginas. Entre os francófonos, 13% já se livraram das suas contas e outros 23% pensam fazê-lo. Os usuários anglófonos foi quem mais se assustou com a perspectiva de serem vigiados: 57% “mataram” as suas páginas do Facebook. Já os russos que apagaram as suas contas foram só 4%.
Temos de referir que os usuários que abandonam o Facebook dificilmente tomam a decisão de forma leviana ou como uma reação emocional. Tudo indica uma decisão bem pensada e ponderada, já que sair de uma rede social não é muito simples, disse na sua entrevista à Voz da Rússia o Professor Michael Macy do departamento de sociologia da Universidade de Cornell:
“Remover uma conta é extraordinariamente difícil, é muito mais fácil deixar de usá-la. Além disso, com a eliminação da conta você perde todo seu conteúdo, fotos, etc. Tudo é feito para que os usuários não se decidam a fazê-lo, mas se as pessoas se decidem e eliminam as suas contas, isso é um sinal claro que reflete uma preocupação com a privacidade das suas informações pessoais.”
Será que vai continuar esta grande eliminação de contas? Quais serão os resultados? Essas perguntas foram respondidas à Voz da Rússia por Jim Killock, diretor executivo da organização britânica de defesa dos direitos digitais Open Rights Group:
“Isso irá se refletir obrigatoriamente nos interesses comerciais: o Facebook, nomeadamente, irá perder receitas. Mas isso será provavelmente um aspecto positivo, pois nesse caso as empresas terão de rever as suas relações com os serviços secretos norte-americanos e ter uma maior atenção às leis que permitem que o governo viole a confidencialidade.”
Contudo existe um outro lado da questão. A cultura de comportamento dos usuários no ciberespaço ainda está longe de ser perfeita. Eis que a privacidade pode ser mantida de uma forma simples ao cumprir uma determinada “higiene” na comunicação online, diz o conhecido politólogo mexicano Gabriel Carrillo.
“Eu uso o Facebook de maneira a ninguém poder acrescentar informações desnecessárias. A melhor, e talvez a única, forma de o fazer é não publicar quaisquer dados pessoais confidenciais nas redes sociais. Eu não coloco aí os meus números de telefone, fotos pessoais ou números dos cartões de crédito. Para mim o Facebook é uma mídia e não um depósito de dados pessoais. Na minha opinião, muitas pessoas não entendem a importância de uma “higiene” na Internet.”
Depois de ter estourado o escândalo da vigilância, as empresas Facebook, Google e Yahoo propuseram a introdução de novas regras de “transparência” que permitirão aos usuários verificar quais são as informações, e a sua quantidade, recolhidas pelos serviços secretos. Na opinião dos peritos, essa transparência poderá ajudar em alguma medida, mas o passo mais importante deverá ser dado pelas autoridades que devem limitar de forma legislativa que as pessoas possam ser espiadas sem a respetiva decisão de um tribunal.
Entretanto a Voz da Rússia promoveu uma discussão internacional online sobre o espaço pessoal na Internet e o controle externo sobre ele exercido, à luz das denúncias de Edward Snowden.
Apresentamos uma seleção dos comentários mais relevantes.
Winston Patter (Alemanha): A Internet é um espaço aberto, portanto temos simplesmente que contar com a ingerência na nossa vida privada. Só nos podemos proteger de uma forma condicional. Eu pessoalmente não tenho receios, tudo isso deve ser encarado com respeito e com bom senso. Aliás, os que viveram na antiga Alemanhã não têm quaisquer ilusões quanto a escutas. Haverá sempre pessoas interessadas na vida dos outros.
Bidias Avomo Sonfack (Camarões): Sempre pensei que o conceito de vida privada era incompatível com as atuais exigências de segurança. O que é que um agente da NSA vai aproveitar da minha conversa com uma moça com que estou a flertar na Internet? Aquele que não viola a lei não tem nada a temer, mas se a escuta das nossas conversas ajudar a evitar um crime ou facilitar uma investigação policial eu apoiarei a NSA de todo o coração.
Luis Ibarra (Uruguai): Eu não me preocupo muito por espiarem, mas não posso dizer que ficaria satisfeito. Dessa forma eles entendem que nós somos milhões e que não podemos continuar a esconder o nosso desagrado com este sistema. Eu até tentei entrar na página do FBI para expressar a minha indignação.
Jorge Paris (Espanha): A espionagem sempre existiu, mas espionar pessoas simples é uma prova do medo que têm esses mesmos países poderosos, entre aspas.
Junior Vallecilla Micolta (Chile): Isso é uma falta de respeito pelos usuários das redes sociais, porque estes têm o direito à confidencialidade. Pode haver outras formas de espionagem, mas esta não é correta.
Rosa A. Lopez (Venezuela): Os que se devem preocupar por serem espionados são os políticos ou os grandes empresários. Ou então os que desenvolvem atividades que podem prejudicar o povo. Todos os restantes mortais são espionados pelos namorados ou por loucos.
Ricia J Mitchell (EUA): Eu não apagaria minha conta por várias razões: 1. Eu também teria que remover meu Gmail e deixar de usar o Google, Bing, Yahoo e muitos outros ferramentas de busca. 2. Neste momento não vejo razões para desaparecer completamente da Internet. Se nós todos já somos espionados há tanto tempo como diz Snowden, eles já descobriram tanta coisa sobre mim que se eu parar isso não irá fazer qualquer diferença.
Jason Nelsen (EUA): Só o fato de alguém eliminar a sua página no Facebook não significa que a NSA e outras agências não possam espiar você na Internet. Eu não tenho medo do meu Estado porque nós ainda temos liberdade de expressão e, que diabos, eu irei usá-la sempre e em toda a parte, ninguém me pode prender só porque expresso livremente a minha opinião.
Como impulso para a eliminação das contas serviram as notícias recentemente publicadas sobre a vigilância que exerce na Internet a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA.
Quase 9 milhões de pessoas nos EUA e 2 milhões no Reino Unido decidiram sacrificar as fotografias, vídeos e outras informações a que se deram tanto trabalho para acumular ao longo de muitos anos nas suas contas do Facebook.
Contudo, não foi em todos os países que a ameaça de vigilância e de perda de privacidade foi levada a sério. Segundo a pesquisa realizada pelo site da Voz da Rússia, na Alemanha só 10% dos respondentes eliminaram as suas páginas. Entre os francófonos, 13% já se livraram das suas contas e outros 23% pensam fazê-lo. Os usuários anglófonos foi quem mais se assustou com a perspectiva de serem vigiados: 57% “mataram” as suas páginas do Facebook. Já os russos que apagaram as suas contas foram só 4%.
Temos de referir que os usuários que abandonam o Facebook dificilmente tomam a decisão de forma leviana ou como uma reação emocional. Tudo indica uma decisão bem pensada e ponderada, já que sair de uma rede social não é muito simples, disse na sua entrevista à Voz da Rússia o Professor Michael Macy do departamento de sociologia da Universidade de Cornell:
“Remover uma conta é extraordinariamente difícil, é muito mais fácil deixar de usá-la. Além disso, com a eliminação da conta você perde todo seu conteúdo, fotos, etc. Tudo é feito para que os usuários não se decidam a fazê-lo, mas se as pessoas se decidem e eliminam as suas contas, isso é um sinal claro que reflete uma preocupação com a privacidade das suas informações pessoais.”
Será que vai continuar esta grande eliminação de contas? Quais serão os resultados? Essas perguntas foram respondidas à Voz da Rússia por Jim Killock, diretor executivo da organização britânica de defesa dos direitos digitais Open Rights Group:
“Isso irá se refletir obrigatoriamente nos interesses comerciais: o Facebook, nomeadamente, irá perder receitas. Mas isso será provavelmente um aspecto positivo, pois nesse caso as empresas terão de rever as suas relações com os serviços secretos norte-americanos e ter uma maior atenção às leis que permitem que o governo viole a confidencialidade.”
Contudo existe um outro lado da questão. A cultura de comportamento dos usuários no ciberespaço ainda está longe de ser perfeita. Eis que a privacidade pode ser mantida de uma forma simples ao cumprir uma determinada “higiene” na comunicação online, diz o conhecido politólogo mexicano Gabriel Carrillo.
“Eu uso o Facebook de maneira a ninguém poder acrescentar informações desnecessárias. A melhor, e talvez a única, forma de o fazer é não publicar quaisquer dados pessoais confidenciais nas redes sociais. Eu não coloco aí os meus números de telefone, fotos pessoais ou números dos cartões de crédito. Para mim o Facebook é uma mídia e não um depósito de dados pessoais. Na minha opinião, muitas pessoas não entendem a importância de uma “higiene” na Internet.”
Depois de ter estourado o escândalo da vigilância, as empresas Facebook, Google e Yahoo propuseram a introdução de novas regras de “transparência” que permitirão aos usuários verificar quais são as informações, e a sua quantidade, recolhidas pelos serviços secretos. Na opinião dos peritos, essa transparência poderá ajudar em alguma medida, mas o passo mais importante deverá ser dado pelas autoridades que devem limitar de forma legislativa que as pessoas possam ser espiadas sem a respetiva decisão de um tribunal.
Entretanto a Voz da Rússia promoveu uma discussão internacional online sobre o espaço pessoal na Internet e o controle externo sobre ele exercido, à luz das denúncias de Edward Snowden.
Apresentamos uma seleção dos comentários mais relevantes.
Winston Patter (Alemanha): A Internet é um espaço aberto, portanto temos simplesmente que contar com a ingerência na nossa vida privada. Só nos podemos proteger de uma forma condicional. Eu pessoalmente não tenho receios, tudo isso deve ser encarado com respeito e com bom senso. Aliás, os que viveram na antiga Alemanhã não têm quaisquer ilusões quanto a escutas. Haverá sempre pessoas interessadas na vida dos outros.
Bidias Avomo Sonfack (Camarões): Sempre pensei que o conceito de vida privada era incompatível com as atuais exigências de segurança. O que é que um agente da NSA vai aproveitar da minha conversa com uma moça com que estou a flertar na Internet? Aquele que não viola a lei não tem nada a temer, mas se a escuta das nossas conversas ajudar a evitar um crime ou facilitar uma investigação policial eu apoiarei a NSA de todo o coração.
Luis Ibarra (Uruguai): Eu não me preocupo muito por espiarem, mas não posso dizer que ficaria satisfeito. Dessa forma eles entendem que nós somos milhões e que não podemos continuar a esconder o nosso desagrado com este sistema. Eu até tentei entrar na página do FBI para expressar a minha indignação.
Jorge Paris (Espanha): A espionagem sempre existiu, mas espionar pessoas simples é uma prova do medo que têm esses mesmos países poderosos, entre aspas.
Junior Vallecilla Micolta (Chile): Isso é uma falta de respeito pelos usuários das redes sociais, porque estes têm o direito à confidencialidade. Pode haver outras formas de espionagem, mas esta não é correta.
Rosa A. Lopez (Venezuela): Os que se devem preocupar por serem espionados são os políticos ou os grandes empresários. Ou então os que desenvolvem atividades que podem prejudicar o povo. Todos os restantes mortais são espionados pelos namorados ou por loucos.
Ricia J Mitchell (EUA): Eu não apagaria minha conta por várias razões: 1. Eu também teria que remover meu Gmail e deixar de usar o Google, Bing, Yahoo e muitos outros ferramentas de busca. 2. Neste momento não vejo razões para desaparecer completamente da Internet. Se nós todos já somos espionados há tanto tempo como diz Snowden, eles já descobriram tanta coisa sobre mim que se eu parar isso não irá fazer qualquer diferença.
Jason Nelsen (EUA): Só o fato de alguém eliminar a sua página no Facebook não significa que a NSA e outras agências não possam espiar você na Internet. Eu não tenho medo do meu Estado porque nós ainda temos liberdade de expressão e, que diabos, eu irei usá-la sempre e em toda a parte, ninguém me pode prender só porque expresso livremente a minha opinião.
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