Pesquisa da Ufal revela potencial para produção de Energia Eólica em Alagoas
Sustentabilidade é a palavra da vez. Em todo o mundo, a ordem é buscar alternativas que auxiliem no desenvolvimento e não agridam o meio ambiente. No setor de produção energética, a preocupação é ainda maior. Na Universidade Federal de Alagoas, pesquisadores do Instituto de Ciências Atmosféricas (Icat) avaliam potencial do Estado de Alagoas para produção de Energia Eólica, proveniente do vento. O Agreste do Estado é a região mais favorável para essa atividade.
Sob orientação do professor Roberto Lyra, o estudante Isidro Tuleni desenvolve estudos sistemáticos da análise de velocidade e regime de ventos no Nordeste. De acordo com o discente, a região possui uma particularidade. “Aqui, há junção complementar entre as energias hidrelétrica e eólica. Ou seja, ciclo alternado entre vazão de rios e de ventos”, destacou.
Inicialmente, Tuleni dedicou seus estudos a seis municípios alagoanos – Feliz Deserto, Roteiro, Maragogi, Girau do Ponciano, Palmeira dos Índios e Água Branca – e utilizou os softwares Excel e Wind Atlas Analysis and Application Program (Wasp), para filtrar e analisar padrões estatísticos do vento em função dos dados e avaliar potencial eólico das regiões, respectivamente.
De acordo com Roberto Lyra, para uma localidade estar apta à produção de energia eólica são necessárias velocidade do vento e localização favoráveis. “O vento deve ter média a partir de 6 m/s. Além disso, o local precisa ser de fácil acesso e ter proximidade com subestação elétrica, para que a energia seja distribuida”, pontuou.
Em Alagoas, o Agreste é a localidade mais favorável para implantação de parques eólicos. Isidro Tulani usou como exemplo o município Girau do Ponciano e o comparou a outros. “De modo geral, o território alagoano tem condições favoráveis para produção de energia eólica. Algumas regiões são mais propícias, como é o caso de Girau do Ponciano, no Agreste, que possui vento com velocidade anual média de 8,30 m/s. No Sertão, Água Branca registra vento com velocidade média de 8,0 m/s. Já no litoral a média é de 6 a 7 m/s”, reforçou.
O Litoral também possui grande potencial para produção de energia eólica, mas os resultados não superam o Sertão e o Agreste devido à incidência de fenômeno climático comum na costa litorânea: as brisas terrestres.
“Há efeito entre a brisa terrestre [do continente para o mar] e os ventos alísios [do mar para o continente]. Como, durante a noite, os ventos alísios vêm do mar para a terra e a brisa terrestre, da terra para o mar, eles praticamente, se 'anulam' durante a noite”, justifica Tuleni.
Características climáticas também interferem na incidência dos ventos. Segundo a pesquisa, no Sertão, a velocidade do vento é maior em período chuvoso e noturno. No Agreste e no Litoral, no período diurno e na estação seca.
Atlas Eólico de Alagoas
Na Ufal, as pesquisas na área de Energia Eólica foram aprofundadas a partir de 2006, ano em que teve início a confecção do Atlas Eólico de Alagoas. O material, publicado em 2008, foi financiado pela Eletrobrás e contou com a participação dos professores Roberto Lyra, Marco Moura e Ricardo Amorim, e de quatro alunos da instituição.
Lyra explica que o Atlas, com medições dentro de padrões internacionais, é o primeiro passo para implantação de parque eólico em qualquer região. Para a construção do material foi necessária instalação de seis torres anemométricas (quatro de 50 e duas de 100 metros de altura) nos seis municípios envolvidos na pesquisa.
Tradicionalmente, Alagoas já é responsável por grande parte da energia elétrica produzida no Brasil, por meio de hidrelétrica e álcool. Com base no Atlas Eólico alagoano, o Estado também possui arsenal valioso e sustentável: o vento. “A pesquisa estimou que nosso Estado tem potencial para produção de cerca de 60% da energia elétrica que consome, a partir da energia eólica”, salientou Lyra.
O pesquisador também revelou que a velocidade média do vento em Alagoas é calculada em 8 m/s, número considerado significativo. “O ideal seria 15 m/s, mas esse nosso saldo já é importante. Com energia eólica, conseguimos maior economia ambiental, já que essa alternativa não inunda regiões e pode combinar suas atividades com outras, como a agricultura e a pecuária. O Estado é o único do Nordeste que não possui parque eólico, mas já existem possibilidades”, ponderou.
Previsão de ventos
Roberto Lyra também ressaltou fundação de grupo nacional para desenvolvimento de modelos de previsão de ventos em pequena escala. Para ele, isso estimula a produção científica e ajuda a minimizar problemas da área no Brasil.
“O nosso País ainda não detém o domínio tecnológico para elaboração de Atlas eólicos. O mapeamento é feito no Exterior e nós pagamos caro pelos serviços. Além disso, o ONS [Operador Nacional de Sistema Elétrico] precisa, urgentemente, de um boa previsão do vento em curto prazo. O vento varia rapidamente, oscila com frequência e nós precisamos saber como será o vento no dia seguinte. Em média e grande escalas essas previsões são relativamente fáceis, mas, na escala do parque eólico, é muito mais difícil”, destacou o docente.
Em 2010, a equipe concorreu a edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e teve o projeto Previsão do vento em partes eólicas do Nordeste aprovado. A proposta alcançou o investimento de R$ 700 mil, que devem ser revertidos em fonte de dados para pesquisadores de todo o Brasil.
“Nosso intuito é montar experimentos na região Agreste, onde instalaremos torre anemométrica de 100 metros. Esse projeto contará também com medidas de turbulência atmosférica e medidas remotas. Também utilizaremos o SODAR, radar acústico efetua a medição do vento a partir de pulsos sonoros, a uma altura de 350 metros. O experimento servirá para todos os pesquisadores brasileiros, para validar estudos de modelos. Nós queremos ajudar a construir área mais homogênea e acessível”, enfatizou Lyra.
A previsão é de que em agosto ou setembro tenham início as atividades do sítio experimental. A torre a ser instalada é a primeira feita com intuito único de pesquisa, numa área suficientemente grande e homogênea para validação de modelos. O espaço e os equipamentos servirão de fonte de dados para pesquisas na área de Energia Eólica.
“Já verificamos muita evolução. Hoje, um aerogerador hoje pode produzir de 3 a 7,5 MW. Em 1995, as torres tinham 20 metros; hoje, 150 metros. A previsão é de que em 2020 alcancemos os 252 metros e os 25000 GW. Toda pesquisa é importante e a gente precisa de profissionais preparados. Problemas tecnológicos existem e novos irão surgir no futuro, mas precisamos procurar e encontrar soluções”, lembrou Lyra.
As pesquisas contribuem com o desenvolvimento sustentável do Brasil e atende à demanda mundial. Isidro Tuleni, estudante de Meteorologia, reforçou os impactos das fontes renováveis para melhorias nas condições ambientais.
“Assegurar o fornecimento de energia renovável é um dos grandes objetivos globais do século. É importante colocar fim à dependência mundial do Oriente Médio, área politicamente instável em relação ao petróleo, gás e seus derivados. Se o mundo quiser evitar danos econômicos e ambientais, nós teremos que encotrar alternativas para os combustíveis fósseis. Nós teremos que fazer redução necessária e drástica na emissão de gases de efeito de estufa. Há um amplo consenso de problemas interconectados que vão exigir a adoção oportuna e eficaz de inovação na área de energia sustentável”, avaliou Tuleni.
Sob orientação do professor Roberto Lyra, o estudante Isidro Tuleni desenvolve estudos sistemáticos da análise de velocidade e regime de ventos no Nordeste. De acordo com o discente, a região possui uma particularidade. “Aqui, há junção complementar entre as energias hidrelétrica e eólica. Ou seja, ciclo alternado entre vazão de rios e de ventos”, destacou.
Inicialmente, Tuleni dedicou seus estudos a seis municípios alagoanos – Feliz Deserto, Roteiro, Maragogi, Girau do Ponciano, Palmeira dos Índios e Água Branca – e utilizou os softwares Excel e Wind Atlas Analysis and Application Program (Wasp), para filtrar e analisar padrões estatísticos do vento em função dos dados e avaliar potencial eólico das regiões, respectivamente.
De acordo com Roberto Lyra, para uma localidade estar apta à produção de energia eólica são necessárias velocidade do vento e localização favoráveis. “O vento deve ter média a partir de 6 m/s. Além disso, o local precisa ser de fácil acesso e ter proximidade com subestação elétrica, para que a energia seja distribuida”, pontuou.
Em Alagoas, o Agreste é a localidade mais favorável para implantação de parques eólicos. Isidro Tulani usou como exemplo o município Girau do Ponciano e o comparou a outros. “De modo geral, o território alagoano tem condições favoráveis para produção de energia eólica. Algumas regiões são mais propícias, como é o caso de Girau do Ponciano, no Agreste, que possui vento com velocidade anual média de 8,30 m/s. No Sertão, Água Branca registra vento com velocidade média de 8,0 m/s. Já no litoral a média é de 6 a 7 m/s”, reforçou.
O Litoral também possui grande potencial para produção de energia eólica, mas os resultados não superam o Sertão e o Agreste devido à incidência de fenômeno climático comum na costa litorânea: as brisas terrestres.
“Há efeito entre a brisa terrestre [do continente para o mar] e os ventos alísios [do mar para o continente]. Como, durante a noite, os ventos alísios vêm do mar para a terra e a brisa terrestre, da terra para o mar, eles praticamente, se 'anulam' durante a noite”, justifica Tuleni.
Características climáticas também interferem na incidência dos ventos. Segundo a pesquisa, no Sertão, a velocidade do vento é maior em período chuvoso e noturno. No Agreste e no Litoral, no período diurno e na estação seca.
Atlas Eólico de Alagoas
Na Ufal, as pesquisas na área de Energia Eólica foram aprofundadas a partir de 2006, ano em que teve início a confecção do Atlas Eólico de Alagoas. O material, publicado em 2008, foi financiado pela Eletrobrás e contou com a participação dos professores Roberto Lyra, Marco Moura e Ricardo Amorim, e de quatro alunos da instituição.
Lyra explica que o Atlas, com medições dentro de padrões internacionais, é o primeiro passo para implantação de parque eólico em qualquer região. Para a construção do material foi necessária instalação de seis torres anemométricas (quatro de 50 e duas de 100 metros de altura) nos seis municípios envolvidos na pesquisa.
Tradicionalmente, Alagoas já é responsável por grande parte da energia elétrica produzida no Brasil, por meio de hidrelétrica e álcool. Com base no Atlas Eólico alagoano, o Estado também possui arsenal valioso e sustentável: o vento. “A pesquisa estimou que nosso Estado tem potencial para produção de cerca de 60% da energia elétrica que consome, a partir da energia eólica”, salientou Lyra.
O pesquisador também revelou que a velocidade média do vento em Alagoas é calculada em 8 m/s, número considerado significativo. “O ideal seria 15 m/s, mas esse nosso saldo já é importante. Com energia eólica, conseguimos maior economia ambiental, já que essa alternativa não inunda regiões e pode combinar suas atividades com outras, como a agricultura e a pecuária. O Estado é o único do Nordeste que não possui parque eólico, mas já existem possibilidades”, ponderou.
Previsão de ventos
Roberto Lyra também ressaltou fundação de grupo nacional para desenvolvimento de modelos de previsão de ventos em pequena escala. Para ele, isso estimula a produção científica e ajuda a minimizar problemas da área no Brasil.
“O nosso País ainda não detém o domínio tecnológico para elaboração de Atlas eólicos. O mapeamento é feito no Exterior e nós pagamos caro pelos serviços. Além disso, o ONS [Operador Nacional de Sistema Elétrico] precisa, urgentemente, de um boa previsão do vento em curto prazo. O vento varia rapidamente, oscila com frequência e nós precisamos saber como será o vento no dia seguinte. Em média e grande escalas essas previsões são relativamente fáceis, mas, na escala do parque eólico, é muito mais difícil”, destacou o docente.
Em 2010, a equipe concorreu a edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e teve o projeto Previsão do vento em partes eólicas do Nordeste aprovado. A proposta alcançou o investimento de R$ 700 mil, que devem ser revertidos em fonte de dados para pesquisadores de todo o Brasil.
“Nosso intuito é montar experimentos na região Agreste, onde instalaremos torre anemométrica de 100 metros. Esse projeto contará também com medidas de turbulência atmosférica e medidas remotas. Também utilizaremos o SODAR, radar acústico efetua a medição do vento a partir de pulsos sonoros, a uma altura de 350 metros. O experimento servirá para todos os pesquisadores brasileiros, para validar estudos de modelos. Nós queremos ajudar a construir área mais homogênea e acessível”, enfatizou Lyra.
A previsão é de que em agosto ou setembro tenham início as atividades do sítio experimental. A torre a ser instalada é a primeira feita com intuito único de pesquisa, numa área suficientemente grande e homogênea para validação de modelos. O espaço e os equipamentos servirão de fonte de dados para pesquisas na área de Energia Eólica.
“Já verificamos muita evolução. Hoje, um aerogerador hoje pode produzir de 3 a 7,5 MW. Em 1995, as torres tinham 20 metros; hoje, 150 metros. A previsão é de que em 2020 alcancemos os 252 metros e os 25000 GW. Toda pesquisa é importante e a gente precisa de profissionais preparados. Problemas tecnológicos existem e novos irão surgir no futuro, mas precisamos procurar e encontrar soluções”, lembrou Lyra.
As pesquisas contribuem com o desenvolvimento sustentável do Brasil e atende à demanda mundial. Isidro Tuleni, estudante de Meteorologia, reforçou os impactos das fontes renováveis para melhorias nas condições ambientais.
“Assegurar o fornecimento de energia renovável é um dos grandes objetivos globais do século. É importante colocar fim à dependência mundial do Oriente Médio, área politicamente instável em relação ao petróleo, gás e seus derivados. Se o mundo quiser evitar danos econômicos e ambientais, nós teremos que encotrar alternativas para os combustíveis fósseis. Nós teremos que fazer redução necessária e drástica na emissão de gases de efeito de estufa. Há um amplo consenso de problemas interconectados que vão exigir a adoção oportuna e eficaz de inovação na área de energia sustentável”, avaliou Tuleni.
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