Contratualização de leitos de retaguarda esvazia corredores da UE do Agreste

Por Assessoria 25/06/2013 19h07
Por Assessoria 25/06/2013 19h07
Contratualização de leitos de retaguarda esvazia corredores da UE do Agreste
Foto: Assessoria
Uma parceria firmada no Agreste de Alagoas tem beneficiado os pacientes da região, em especial da cidade de Arapiraca. Trata-se da contratualização de 54 leitos realizada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) com o município e o Hospital Chama. A iniciativa tem garantido vagas de retaguarda para a Unidade de Emergência Dr. Daniel Houly e para o Hospital Regional.

A iniciativa foi posta em prática em abril deste ano a já vem surtindo efeitos positivos, segundo destaca o secretário de Estado da Saúde, Jorge Villas Bôas.
O secretário afirma que a ocupação média caiu para cerca de 90% em apenas dois meses. “Em março, por exemplo, nossa ocupação era de 328%. Em abril, fomos para 166%, com apenas 20 dias, já que a contratualização começou no dia 10. Agora estamos com pouco mais de 90% da capacidade instalada.

Queremos baixar para 85%”, explica o secretário, ao evidenciar que o fim da superlotação na UE do Agreste só foi possível graças à efetivação da Rede de Urgência.

Para o diretor da UE do Agreste, José Karlisson Valeriano, com o percentual alcançado, a unidade acabou com um antigo problema: os pacientes instalados no corredor. “Estamos há quase 60 dias sem ninguém nos corredores. Antes, tínhamos pacientes que passavam dois a três meses esperando uma neurocirurgia.

Hoje é diferente e não temos mais essa realidade”, destaca.

Em dias mais movimentados, o hospital já chegou a ter 128 pacientes internados – a capacidade máxima é de 35. “A ocupação dos corredores é uma realidade em 57% dos hospitais públicos do País, inclusive nos grandes, localizados no Sul e no Sudeste. Aqui conseguimos mudar isso”, acrescenta o coordenador da área de neurocirurgia da unidade, Wallan Mendes.

Dos 54 leitos contratados com o Hospital Chama, 35 foram destinados para a UE e 19 para o Hospital Regional – o que pode variar de acordo com a demanda. A maior parte dos reservados para a Unidade de Emergência é para as áreas de neurologia e ortopedia, mas também pode atender à clínica geral. Além disso, foram disponibilizados ainda sete leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Transferência

O coordenador da área de neurocirurgia lembra que, para a transferência, os pacientes passam por algumas etapas. Depois de recebidos na UE, eles são estabilizados para, só então, serem enviados ao Chama. A avaliação é feita em conjunto pelas equipes de neurologia e de ortopedia e pela direção, garantindo alta resolução dos casos.

“Antes, mandávamos muitas pessoas para Maceió para serem operadas nos hospitais conveniados da capital. Mas, além desse transporte ser um risco a mais, elas chegavam a esperar vários meses aqui, até conseguir a transferência. A contratualização está também ajudando a diminuir a fila de cirurgias”, acrescenta Wallan Mendes.

De acordo com a administradora do Chama, Sônia Palmeira Magalhães, a unidade recebe, em especial, pacientes de curta permanência. “São pacientes que ficam internados um tempo médio de dez dias e que geralmente já passaram por cirurgia e precisam de acompanhamento. Com isso, desocupam o leito da UE e continuam o tratamento aqui”.

O hospital também recebe casos de pré-operatório, que realizam a operação no próprio local. “Para isso, fizemos uma série de investimentos, como a aquisição de equipamentos e a reforma das UTIs adulta e pediátrica. Agora estamos passando para outra fase e negociando também o tratamento de longa permanência”, afirma Sônia.

Exemplo

Internado após uma cirurgia na cabeça, o comerciante Marivaldo Ramos, de 45 anos, ressalta as melhorias sentidas com a parceria. “Já tinha ido para a Unidade de Emergência outras vezes e agora posso dizer que foi bem melhor. Antes, era muito cheio, mas agora percebi que melhorou bastante, pois as pessoas não precisam mais ficar nos corredores“, expõe.

Ao ser questionado sobre a importância da Rede de Urgência, o secretário municipal de Saúde de Arapiraca, Ubiratan Pedrosa, disse que sua implantação melhorou significativamente a qualidade e eficiência dos serviços de saúde prestados na região, citando como exemplo os hospitais Chama e Unidade de Emergência do Agreste, que antes acumulavam pacientes nos corredores.

"A UE do Agreste, por exemplo, foi muito prejudicada com a grande quantidade de pacientes que permaneciam no local após serem estabilizados. Os médicos e enfermeiros, além de cuidarem de quem já estava com a vida estabilizada, tinham que cuidar de outros que chegavam a todo o momento. Aquela forma de trabalho não era compatível com o perfil de uma unidade de trauma e emergência, que tem como objetivo salvar vidas e não permanecer com o paciente em tratamento", disse.

O secretário Ubiratan Pedrosa ressaltou, ainda, a importância dos 54 leitos de retaguarda em Arapiraca. Ele afirmou que o município está à disposição no que diz respeito à coordenação e gerenciamento da Rede de Urgência, a fim de que ela continue funcionando conforme planejado.

Qualidade

Além de evitar a superlotação e das cirurgias, a parceria tem ajudado a melhorar ainda a qualidade do serviço. Segundo a enfermeira Leide Daiana, agora os profissionais prestam um atendimento mais adequado. “Tínhamos uma equipe de plantão nos corredores e não conseguíamos atender como deveríamos. Melhorou bastante para os pacientes e para os funcionários”, diz.

A auxiliar de enfermagem Maria Enaura da Rocha se lembra da sobrecarga enfrentada anteriormente. “Antes, ficávamos muito sobrecarregados. Só com esse pouco tempo, já deu para sentir uma diferença enorme”, afirma. A farmacêutica Marivalda Barbosa acrescenta que outra diferença sentida foi no uso de material. “A diminuição foi grande. Antes usávamos oito mil soros de um dos tipos e, agora, são seis mil”.

Para o diretor da Unidade de Emergência Dr. Daniel Houly, a contratualização é um caminho a ser seguido pelos hospitais. “Já vínhamos discutindo isso há certo tempo e, com a portaria do Ministério da Saúde, pudemos colocar em prática, saindo na frente. Somos um dos primeiros do Brasil a ter essa portaria plenamente utilizada e os resultados são muito satisfatórios”.