Família de Girau do Ponciano é barrada em voo para São Paulo por causa de doença rara de criança

Por Redação 27/01/2020 21h09 - Atualizado em 28/01/2020 17h05
Por Redação 27/01/2020 21h09 Atualizado em 28/01/2020 17h05
Família de Girau do Ponciano é barrada em voo para São Paulo por causa de doença rara de criança
Foto: Ilustração
Uma família de Girau do Ponciano passou por um verdadeiro constrangimento ao tentar embarcar para São Paulo, na madrugada do último domingo, 26, em Aracaju (Sergipe).

O caso foi relatado nas redes sociais por uma enfermeira, identificada como Maria Helena, que reclamou da conduta anti-profissional da tripulação da empresa Gol Linhas Aéreas, para com a família da pequena Laura, de quase três anos, que sofre de lctiose, uma doença rara que causa descamação e coceira na pele, mas que não possui nenhuma forma de contágio.

Em contato co Marcus Vinícius, pai da pequena Laura, o Já É Notícia recebeu o relato do caso. Segundo Marcus Vinícius, ele, a esposa e o pai dele resolveram levar Laura para fazer tratamento médico no Hospital das Clínicas, em São Paulo, devido ao agravamento da doença na menina. Antes do embarque tudo ocorreu perfeitamente. Mas já dentro do avião, a tripulação afirmou que eles não poderiam embarcar sem um laudo informando que a doença não era contagiosa. "Me perguntaram o que ela tinha, expliquei qual a doença e afirmou não haver risco de contágio, mas eles insistiram que a gente não poderia embarcar. Uma enfermeira, casada com um dermatologista, viu nossa situação e interviu, explicando sobre a doença de Laura, além de afirmar que aquele não era o procedimento correto da tripulação, que estávamos passando por constrangimento".

Ainda de acordo com Marcus, o comandante ignorou a enfermeira e afirmou que ela não era médica para falar sobre o assunto. "Depois, eles me falaram que ou a gente saiu do avião por bem, ou iriam acionar a Polícia Federal. Como minha filha estava muito agitada e nós estávamos muito constrangidos com toda situação, descemos do avião.", relatou.

Funcionários da Gol teriam afirmado que a família só embarcaria com laudo médico, por isso, todos foram para um hospital em Aracaju, onde conseguiram o documento. Em retorno ao aeroporto, a família passou horas aguardando a próxima aeronave da empresa decolar, que estava marcada para após as 11 horas da manhã.

Apesar do constrangimento, a família embarcou e Laura já está em São Paulo, fazendo tratamento médico. A família da menina está pensando em acionar a justiça contra a empresa, devido a todo dano moral ocorrido.

A Gol Linhas Aéreas emtiu uma nota de esclarecimento a respeito:

Sobre o caso, a GOL esclarece que a menor e sua família tiveram o embarque negado no voo G3 1503 (Aracajú – Guarulhos), já que os mesmos não portavam atestado médico informando sobre a doença da criança como é recomendado pela ANAC. Seguindo as regras de segurança da ANVISA, a Companhia ofereceu todo o suporte necessário, como transporte de ida e volta até um hospital local, para que a família pudesse pegar um atestado liberando a menor para viagem e esclarecendo sobre o diagnóstico da doença, deixando claro que não se tratava de uma enfermidade contagiosa.

Após todos os esclarecimentos, a família seguiu viagem para São Paulo no voo G31501 (Aracajú – Guarulhos), às 11h20 desse domingo, 26. A GOL reforça que todo passageiro com doença infectocontagiosa ou genética deve apresentar um atestado médico que especifique a ausência de risco para contágio, como é recomendado pelos órgãos regulatórios. Tal procedimento visa garantir a segurança e saúde de todos os viajantes.




Veja o relato da enfermeira:

 
 
 
 
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Indignação é o mínimo, para expressar tudo que senti hoje, neste vôo da Gol. Peço que vocês, meus amigos queridos, compartilhem e ajudem a evitar que este tipo de situação continue ocorrendo com as pessoas com doenças de pele e suas famílias! Relatei com detalhe o que ocorreu neste vôo da @voegoloficial , onde uma família e sua criança foram impedidas de voar, e o pior, foram desembarcadas depois de já estarem acomodadas em seus assentos! O motivo alegado pelos Comissários e ratificado pelo comandante que decidiu pelo desembarque da família: " estamos cumprindo normas da Anvisa". Perguntei que normas? Responderam: " pessoas com doenças contagiosas não podem viajar"! Só que, como tentei inutilmente explicar, a criança que eles impediam de embarcar tem uma doença rara, chamada Ictiose, que não é contagiosa. Não deixaram os pais falarem, não me deixaram falar, apesar de todas as nossas tentativas de lhes explicar que nem toda doença na pele é contagiosa. Foram desumanos, desrespeitosos com a família e comigo como profissional , pois disseram que eu " não era médica e não podia afirmar isto", oi seja, duvidaram de meu conhecimento como enfermeira. Disseram que "a criança só embarcaria com uma declaração de que não tem doença contagiosa". E a família ficou desamparada, pois vinha de Alagoas, com destino a SP para uma consulta da criança. Houve falta de acolhimento, de ouvir, de querer compreender e aprender que Ictiose não é contagiosa, não transmite de uma pessoa para outra, como a mãe, desesperada, tentou, sem sucesso, explicar aos Comissários, e eu, ao comandante! E a família, extremamente humilde, acatou a decisão do comandante, desembarcou, e o voo foi realizado. Só permaneci ali, porque nada mais poderia fazer, a não ser, denunciar este fato, e manter contato com o casal, como estou fazendo, para ajudá-los a passar por um momento tão sofrido, constrangedor. Se já não bastasse tudo que passam com a doença da filha, ainda enfrentam desrespeito e comportamentos burocráticos de pessoas que deveriam ajudar. Que as empresas aéreas façam uma revisão de seus protocolos, orientem melhor suas equipes e que a @anvisaoficial e a ANAC emitam um documento esclarecendo.

Uma publicação compartilhada por maria helena s mandelbaum (@mariahelenasantanamandelba) em