O senador Renan Calheiros (MDB) voltou ao centro do debate político na última sexta-feira, 14, ao criticar publicamente um jantar discreto entre Eduardo Cunha, Arthur Lira e o relator do PL Antifacção na Câmara, Guilherme Derrite. A reunião, registrada em uma foto divulgada pelo próprio senador, ocorreu na última quarta-feira, 12, no restaurante Manuelzinho, em Brasília, e rapidamente tomou conta das redes sociais.

Renan Calheiros afirmou que o encontro pode representar uma tentativa de interferir na autonomia da Polícia Federal, levantando suspeitas sobre articulações políticas em torno do texto do PL Antifacção. “Combater o crime organizado é um desafio mundial. Os 4 rabiscos ruins do relator na Câmara têm foco único e inaceitável: minar a autonomia da PF e blindar condenados e investigados. Eles dividem a mesa na corte, mostrando quem manda e quem é o bobo da corte, ausente na foto”, declarou o senador ao publicar a imagem.

A crítica de Renan atinge diretamente o relatório de Derrite, que se licenciou do comando da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para assumir a relatoria do projeto considerado estratégico pelo governo federal no combate à violência urbana. O senador também ironizou a possível influência de Cunha e Lira sobre o deputado paulista, insinuando que o jantar reforça a condução do texto por interesses externos.

O encontro ocorre em meio a um momento delicado para Guilherme Derrite, que enfrentou duas derrotas consecutivas na articulação do PL Antifacção, projeto que pode impulsionar sua tentativa de candidatura ao Senado em 2026. Segundo o jornalista Guilherme Amado, da revista Isto É, o trio chegou ao restaurante pouco antes das 22h, pediu duas garrafas de Vinha Grande, da Casa Ferreirinha, e bacalhau, mantendo uma conversa em tom baixo para evitar que detalhes vazassem.

O principal tema discutido teria sido o impasse na tramitação do PL Antifacção, que enfrenta resistência não apenas do PL e do PT, mas também de governadores alinhados à direita. A reunião, marcada por discrição, alimentou ainda mais especulações sobre os rumos da proposta.

Ao deixar o Manuelzinho já perto da meia-noite, Derrite foi questionado sobre o conteúdo da conversa e se buscava a “consultoria” dos ex-presidentes da Câmara para tentar aprovar o texto. Ele, no entanto, evitou qualquer declaração: “Não vou falar nada”, disse antes de entrar no carro, mantendo o clima de mistério que agora alimenta o debate político nacional.