A disputa política entre Arthur Lira (PP-AL) e Renan Calheiros (MDB-AL) ganhou mais um capítulo com a tramitação dos projetos que ampliam a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais. Sem citar nomes, Lira alfinetou Renan ao afirmar que “é reprovável que alguns oportunistas queiram fazer politicagem com o projeto de isenção do IR”.

Em publicação no X, antigo Twitter, o deputado destacou que o texto relatado por ele na Câmara foi construído com diálogo entre parlamentares e com apoio do governo federal. Lira compartilhou ainda reportagem em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elogia sua atuação como relator e ressaltou que a votação da proposta já está pautada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para a próxima semana.

Na terça-feira, 23, Lira havia reforçado que a Casa seguirá o calendário definido e não votará nenhuma proposta alternativa. Segundo ele, a previsão é de votação até setembro, dentro do cronograma negociado com o Executivo.

Enquanto isso, o Senado avançou com uma versão própria. Na quarta-feira, 24, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou, em caráter terminativo, o projeto relatado por Renan Calheiros, que amplia a isenção para até R$ 5 mil e aumenta a tributação sobre as rendas mais altas. Renan justificou a medida como resposta à demora da Câmara em apreciar o texto do governo.

A disputa pelo protagonismo em Brasília reflete a rivalidade política entre os dois alagoanos. O Planalto, oficialmente, apoia o projeto relatado por Lira, por ser o que foi enviado pelo governo. Porém, fontes nos bastidores admitem que a movimentação de Renan pressiona a Câmara a acelerar a votação.

Os dois projetos têm como ponto comum a isenção total do IR para quem recebe até R$ 5 mil mensais e a redução proporcional para rendas entre R$ 5 mil e R$ 7.350. Atualmente, só é isento quem ganha até R$ 3.036. Para compensar a perda de arrecadação, as propostas aumentam a cobrança sobre quem recebe acima de R$ 50 mil por mês.