O debate sobre a possível anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 ganhou novos contornos após declarações firmes de duas lideranças do MDB. O senador Renan Calheiros e o ministro dos Transportes, Renan Filho, usaram as redes sociais para se posicionar contra qualquer medida que resulte no perdão de crimes contra a democracia.

Segundo Renan Calheiros, a proposta de anistia “virou uma obsessão de uma minoria desesperada” e não encontra apoio da maioria da população. O senador destacou que pesquisas recentes indicam que a sociedade brasileira exige punições exemplares para quem atentou contra as instituições. “Os crimes contra a ordem democrática e o Estado de Direito são insuscetíveis de anistia ou indulto. O julgamento dos golpistas no Supremo Tribunal Federal não é sobre política, é sobre crimes graves”, afirmou, lembrando ainda os traumas deixados pelo golpe militar de 1964, marcado por mortes, torturas e exílios.

Na mesma linha, o ministro Renan Filho reforçou que a tentativa de anistiar os envolvidos no 8 de janeiro repete um roteiro perigoso. “Golpe não se apaga com perdão. Perdoar golpista é autorizar o próximo golpe. Democracia não se defende com complacência, se defende com firmeza e dentro da lei”, declarou. Ele frisou que o MDB tem um papel histórico na redemocratização do Brasil e não pode aceitar retrocessos.

Em outro vídeo, Renan Filho comparou a anistia de 1979, que beneficiou perseguidos pela ditadura militar, com a atual proposta. “Na ditadura, quem ousava divergir era preso, perseguido, exilado. Hoje, a extrema direita tenta anistia para quem atentou contra as instituições democráticas. Não são perseguidos políticos, são golpistas”, ressaltou.