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Quando uma criança é agredida por uma criança autista na escola: e agora?

Uma criança volta para casa machucada. Os pais recebem a notícia com indignação, medo e tristeza. Ela foi agredida por outra criança, diagnosticada com autismo.
E então vem o silêncio.
O silêncio do medo de parecer preconceituoso. O silêncio da dúvida sobre a quem recorrer. O silêncio da impotência diante de uma situação que, claramente, envolve duas infâncias em sofrimento.
Mas a verdade é: não é possível proteger uma criança ignorando a dor da outra.
Quando duas dores se encontram
A criança com autismo pode ter reações intensas, desproporcionais, muitas vezes sem intenção consciente de machucar. Isso acontece porque ela pode ter dificuldades na regulação emocional, na compreensão de limites sociais ou no uso da linguagem verbal.
Mas isso não significa que a criança que foi agredida precise normalizar a violência ou silenciar sua dor.
Ambas estão pedindo ajuda. De formas diferentes, ambas estão vulneráveis.
A quem responsabilizar?
Não é a criança.
Nem a que agride, nem a que apanha.
A responsabilidade está no sistema:
Na escola que não oferece apoio adequado.
No poder público que não garante profissionais de apoio.
Nos adultos que evitam a conversa difícil em nome da “inclusão”, mas esquecem que incluir não é deixar de cuidar dos demais.
Como agir?
Acolha a criança agredida. Dê voz à sua dor sem invalidar a condição do outro. Toda criança tem direito à segurança emocional e física.
Busque a escola. Peça que a situação seja registrada formalmente, e que sejam aplicadas medidas que garantam proteção a todas as crianças.
Solicite acompanhamento especializado. Uma criança com autismo precisa de suporte profissional, mediadores, adaptações, escuta técnica.
Promova diálogo e empatia. O conflito entre crianças nunca deve ser tratado como guerra entre famílias. Quando há compreensão e cuidado, é possível construir pontes.
Exija políticas públicas. Inclusão sem estrutura não é inclusão, é abandono disfarçado de boa intenção.
Conclusão: não se escolhe por quem sentir
É possível, sim, sentir pela criança autista e pela criança que foi agredida.
É possível reconhecer a sobrecarga de uma e a dor real da outra.
É possível falar sobre isso com responsabilidade, sensibilidade e verdade.
Porque no fim das contas, não estamos diante de um culpado e de uma vítima, estamos diante de duas infâncias pedindo proteção.
E é por elas que a gente precisa continuar falando.
💬 Vamos conversar sobre isso?
Se você é mãe, educadora, tia, profissional da infância ou simplesmente alguém que se importa com o futuro das nossas crianças, compartilhe esse texto.
📣 Falar sobre inclusão é falar sobre estrutura, cuidado e escuta para todos.
🧩 Compartilhe para alguém que precisa ler isso.
💡 Porque nenhuma infância deve ser esquecida, nem a que sente diferente, nem a que sente dor.
Entre fraldas e vozes
Sou Julyana Marques Torres, formada em Direito, com especialidade em Direito publico. Conselheira Tutelar, fundadora de projetos sociais, mãe da Marina e do Miguel.
Já cursei Psicologia, empreendi, dei palestras e passei por muitas fases.
Hoje, entre fraldas e vozes, tenho encontrado meu propósito: acolher, escutar, orientar.
Quero compartilhar vivências com mães e mulheres reais. Reflexões sobre maternidade, fé, rotina e saúde mental. Orientações com base em Direito, Psicologia e minha vivência no Conselho Tutelar. Apoio com empatia, sem julgamentos.
Entre fraldas e vozes, você não está sozinha.
@entrefraldasevozes
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