Em meio às fortes chuvas que atingem Alagoas, uma nova realidade política ganhou destaque, quando o senador Renan Calheiros (MDB) e o prefeito de Rio Largo, Carlos Gonçalves (PP), anunciaram ações conjuntas para enfrentar os efeitos do temporal no município da Região Metropolitana de Maceió. O gesto, que parece inicialmente institucional, sinaliza também uma aproximação política entre os dois, que há alguns meses estavam em campos opostos.

Renan e Carlos gravaram vídeos juntos e reafirmaram o compromisso de atuação unificada para mitigar os impactos das chuvas em Rio Largo. Até quinta-feira, 22, o município contabilizava 75 desalojados, e unidades de saúde operam em regime de plantão nas áreas mais atingidas.

Nos bastidores, a união entre Renan e Carlos já é vista como o primeiro movimento concreto de uma reconfiguração política em Rio Largo. A mudança se dá, efetivamente, após o rompimento entre o prefeito e o ex-prefeito Gilberto Gonçalves, que segue aliado e alinhado com o deputado federal Arthur Lira (PP).

Há quinze dias, Lira esteve em evento público ao lado de Gilberto, reforçando o alinhamento entre os dois e sinalizando que o atual prefeito não terá espaço no grupo controlado pelo parlamentar. Isolado politicamente dentro do PP, Carlos agora busca no MDB de Renan e no governo de Paulo Dantas (MDB) uma nova base de sustentação.

O movimento também tem implicações para a próxima eleição. O MDB mira Rio Largo como um dos principais colégios eleitorais da Grande Maceió e tenta ocupar o espaço deixado pelo racha no PP. A sigla aposta na crise interna da família Gonçalves para ampliar sua presença local, mirando redutos eleitorais estratégicos e a manutenção de programas que servem como vitrine para 2026, ano em que Renan tentará a reeleição no Senado e Renan Filho poderá disputar novamente o governo estadual.

Embora Carlos ainda não tenha oficializado a filiação ao MDB, interlocutores afirmam que as negociações estão avançadas. O prefeito negocia emendas parlamentares e apoio político em troca de lealdade partidária.

Se confirmada a migração de Carlos para o MDB, o movimento será mais que um ato de sobrevivência política — será uma declaração de guerra ao grupo de Arthur Lira, que, por enquanto, segue ancorado em Gilberto Gonçalves, agora cada vez mais distante da Prefeitura que já comandou.