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A coletânea desnecessária de Cazuza, diz jornalista

OPINIÃO – Agenor de Miranda Araújo Neto (4 de abril de 1958 – 7 de julho de 1990), o Cazuza, deixou cancioneiro de caráter atemporal. Por si só, a obra do artista carioca já lhe garante a imortalidade artística.
Até por isso soam forçados movimentos para enfatizar a atemporalidade do repertório desse cantor e (grande) compositor que marcou os anos 1980, primeiramente como vocalista da banda carioca Barão Vermelho – na qual firmou com Roberto Frejat uma parceria fundamental do pop brasileiro – e depois em carreira solo vivida de 1985 a 1990, ano da morte precoce do artista.
Qual a necessidade de pôr no mercado uma coletânea como Cazuza – O poeta vive? Lançada nesta sexta-feira (18), pela gravadora Som Livre, com quatro gravações inéditas e 20 faixas extraídas da discografia do Barão Vermelho e do primeiro álbum solo do artista, intitulado Cazuza (1985), mas popularmente conhecido como Exagerado, a compilação nada acrescenta à obra fonográfica de Cazuza.
Do lote de registros inéditos, sobressai a abordagem delicada da canção Preciso dizer que te amo (Cazuza, Dé Palmeira e Bebel Gilberto, 1986) por Silva. A gravação foi produzida e arranjada pelo próprio Silva somente com a voz e o piano tocado pelo artista – e cabe lembrar que, há dez anos, quando ainda era artista da cena indie, Silva gravou Mais feliz (1986), outra parceria de Cazuza com Dé Palmeira e Bebel Gilberto, para o tributo Agenor – Canções de Cazuza (2013), idealizado pelo DJ Zé Pedro para a gravadora Joia Moderna.
As outras três faixas inéditas da coletânea Cazuza – O poeta vive – formatadas com produção musical de Felipe Vassão e Lucas Romero – oscilam.
Nome do movimento Queernejo, Reddy Allor pisa em território modernoso ao reviver O tempo não para (Arnaldo Brandão e Cazuza, 1988). Thiago Pantaleão e Marô diluem a pegada do pop rock Pro dia nascer feliz (Roberto Frejat e Cazuza, 1983) enquanto Luiza Martins deixa boa impressão ao dar voz grave e quente à canção Codinome beija-flor (Reinaldo Arias, Cazuza e Ezequiel Neves, 1985) em arranjo levado pelo violão de Fejuca.
Marcado pela poética nua e crua das letras, o cancioneiro de Cazuza transita pelo rock e pelo blues com incursões pelas baladas apaixonadas. Pela alta qualidade, as músicas do compositor serão sempre regravadas de forma espontânea por artistas de novas e antigas gerações.
Daí a ineficácia de projetos como a coletânea Cazuza – O poeta vive e como o recente EP Exagerados, lançado pela Universal Music em 30 de junho com irregulares gravações inéditas de músicas de Cazuza por Bryan Behr, Carol Biazin e Mahmundi.
Deixem o poeta viver em paz!
Por Mauro Ferreira
Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em 'O Globo' e 'Bizz'.

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