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Já chegou água? Apontamentos sobre o desabastecimento no Agreste

14/06/2022 11h11 - Atualizado em 14/06/2022 11h11
14/06/2022 11h11 Atualizado em 14/06/2022 11h11
Já chegou água? Apontamentos sobre o desabastecimento no Agreste
Água na torneira é o sonho de milhões - Foto: Clau Soares

Nas últimas semanas, quem mora em Arapiraca, pode ter presenciado algumas cenas um tanto incomuns para os mais jovens ou novatos por essas bandas. Vizinhos que mal se viam, passaram a trocar baldes. Também foi tempo de fazer aquela visitinha a amigos e parentes da parte baixa da cidade para descolar um banho com tranquilidade, no chuveiro. As roupas? Algumas mofaram, certamente, e outras foram parar na máquina de lavar daquela prima que mora do outro lado da cidade e que só é cumprimentada nos grupos de família no WhatsApp.

Brincadeiras à parte, o desabastecimento de água inflamou os ânimos de muita gente nas Terras de Manoel André. Claro, que não chegou nem perto do pesadelo vivido pela população na década de 1990 quando era necessário buscar água em poços, tomar banho de cuia quase diariamente e ainda passar a madrugada de plantão para encher baldes e bacias quando finalmente o líquido jorrava.

A Casal tem divulgado reiteradamente que que o problema foi causado pelas fortes chuvas que têm atingido todo o Estado. A população, com razão, questiona a demora para resolver. Mas, afinal, qual é o problema?

De acordo com um profissional da área, “as causas estão vinculadas à degradação ambiental da região da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Quando chove muito, e como temos muitas áreas de solo "nu", onde a vegetação nativa já foi desmatada para dar lugar a agricultura e pecuária, extração mineral, vegetal, etc, a água da chuva arrasta a camada superficial do solo, em forma de lama, para todos os cursos d'água. Então, o Rio São Francisco recebe muita lama, sedimentos, entulho, etc, que são levados pela chuva. Isso altera bastante, mesmo que temporariamente, a qualidade da água bruta”.

[É importante saber que mesmo com uma estrutura moderna e adequada, o tratamento da água precisa ser feito dentro dos limites estabelecidos para garantir a qualidade da mesma para o consumo humano].

Em suma, como sempre, o que falta é ação prévia para evitar os problemas. Neste caso, é urgente uma ampla atuação do poder público e da própria população para reverter o desmatamento e preservar as regiões cujas águas desbocam no Rio São Francisco. Sem a mata no entorno, a chuva leva a lama direto para o Rio São Francisco onde é feita a captação. Daí para tratar e tudo o mais, bote tempo. Quais são as chances de passarmos de novo por tudo isso, se nada continuar a ser feito pelo meio ambiente? TODAS.

A Casal enviou a seguinte nota a esta jornalista: “O Sistema Adutor do Agreste, que tem captação em Traipu e abastece os bairros da parte alta de Arapiraca, além de Craíbas e Igaci, é no momento o mais afetado. Todos os dias os técnicos da Agreste Saneamento e da Casal fazem o monitoramento do rio. Quando a água apresenta condições, as bombas são ligadas. Quando a condição piora, as bombas são desligadas. Essa alternância vem ocorrendo nos últimos dias.

Assim, para tentar abastecer esses locais, a Casal tem feito um remanejamento de água do Sistema Coletivo do Agreste, o que é usado para abastecer a parte baixa de Arapiraca. Essa água mais "dividida" acaba deixando os bairro da parte baixa com o abastecimento também deficiente”.

Aquela conta de não priorizar a natureza chegou com força esse ano para todos nós… e logo no mês que a gente celebra a preservação do meio ambiente. Uma ironia.

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Clau Soares

Arapiraquense; jornalista, graduada pela Universidade Federal de Alagoas. Pós-graduada em Comunicação Empresarial (Cesmac).É bacharel em Direito pela Uneal. Servidora efetiva da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), no cargo de jornalista, desde 2010. Hoje, mantém um instablog diário, o @clausoares.s, no qual destaca cenas, iniciativas e personalidades de Arapiraca.

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