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Rodrigo Cunha se revolta após tomar conhecimento da soltura de Talvane, condenado pela morte de seus pais

Por Paulo Marcello 26/10/2021 01h01
Por Paulo Marcello 26/10/2021 01h01
Rodrigo Cunha se revolta após tomar conhecimento da soltura de Talvane, condenado pela morte de seus pais
Rodrigo Cunha - Foto: TV Senado

Após tomar conhecimento da soltura do ex-deputado Talvane Albuquerque, condenado a mais de 90 anos pelo assassinato de seus pais em 1998, o senador Rodrigo Cunha manifestou seu repúdio e lamentou a decisão da Justiça de Alagoas. O médico e ex-parlamentar estava preso desde 2012, quando foi condenado pela morte da deputada Ceci Cunha, seu esposo e mais dois familiares no crime que ficou conhecido como a Chacina da Gruta, em Maceió.

De acordo com a Secretaria da Ressocialização e Inclusão Social (Seris), Talvane recebeu o alvará de soltura assinado pelo juiz Diego Araújo Dantas, que determinou que o ex-deputado seja monitorado por meio de tornozeleira eletrônica. Ocorre que, como Alagoas não possui unidade prisional para o condenado cumprir o regime semiaberto, Albuquerque dormirá em sua residência.

Como pode?


A indagação é feita pelo senador Rodrigo Cunha em sua publicação nas redes sociais na noite desta segunda-feira, após tomar conhecimento da soltura do ex-deputado federal, condenado pela morte de seus pais e mais dois parentes. O parlamentar afirmou que esse é mais um capítulo da história da impunidade no país.

“Libertar o assassino da minha mãe Ceci Cunha, do meu pai Juvenal e de mais dois parentes representa mais um capítulo na história da impunidade em nosso estado e em nosso país. O criminoso Talvane Albuquerque, condenado a mais de 103 anos de prisão, está solto. Como pode??? Eu e minha família repudiamos esta soltura e não temos palavras capazes de expressar nosso lamento e nossa agonia”,
escreveu.

Rodrigo Cunha afirmou ainda que, nesta segunda-feira, reviveu o luto ao lembrar-se da chacina e afirmou que seguirá lutando para que o autor intelectual (Talvane) e os outros condenados pela autoria material permaneçam presos cumprindo suas penas pelos crimes cometidos.

“Hoje, mais uma vez, revivemos dolorosamente o luto que nos fere há mais de duas décadas diante de um crime brutal e que parecia ter tido um desfecho, com a condenação de seus autores intelectuais e materiais. Seguiremos lutando e não vamos perder a fé na Justiça! A vida humana não pode ser tratada com tamanho menosprezo e quem causou tanto mal merece punição. Vamos novamente acionar o Judiciário buscando fazer com que Talvane Albuquerque pague pelo crime cometido”,
finalizou.

Em 2012, Talvane Albuquerque foi julgado e condenado a cumprir 103 anos e quatro meses de prisão. No entanto, em maio deste ano, ele conseguiu a redução da pena para 92 anos, nove meses e 27 dias, após decisão da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na decisão, os ministros entenderam que o fato de o comportamento da vítima não ter contribuído para o crime, não pode ser utilizado para agravar a pena.

Chacina da Gruta


No dia 16 de novembro de 1998, a deputada federal Ceci Cunha, o marido Juvenal Cunha da Silva, o cunhado Iran Carlos Maranhão Pureza e a mãe de Iran, Ítala Neyde Maranhão, foram assassinados a tiros, enquanto preparavam uma comemoração na casa de Iran, no bairro Gruta de Lourdes, em Maceió. O crime ocorreu horas após a médica ter sido diplomada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL).

Em 1999, Talvane Albuquerque chegou a tomar posse na Câmara dos Deputados, mas teve o mandato cassado no dia 8 de abril daquele ano por quebra de decoro parlamentar. Uma gravação do parlamentar tramando o assassinato do deputado Augusto Farias, com o pistoleiro conhecido por Chapéu de Couro, veio à tona e foi usada como prova para a cassação de seu mandato.

De acordo com a Justiça, o crime foi encomendado pelo então deputado Talvane Albuquerque, suplente de Ceci Cunha na Câmara dos Deputados. O Ministério Público Federal (MPF) afirmou que ele queria o cargo e a imunidade parlamentar que dele adviria.

Os assessores e seguranças de Albuquerque, Jadielson Barbosa da Silva, Alécio César Alves Vasco, José Alexandre dos Santos e Mendonça Medeiros da Silva, foram apontados pelo MPF como autores materiais deste crime. Os réus José Alexandre e Jadielson Barbosa foram condenados a 105 anos de reclusão. Mendonça Medeiros foi condenado a 75 anos e 7 meses e Alécio César foi condenado a 86 anos e 5 meses, mas faleceu em 2013, após sofrer um infarto fulminante, enquanto cumpria a pena no sistema prisional de Alagoas.